Casos de Raiva Bovina são confirmados em Três Pontas

Notificações acendem alerta para a importância da vacinação antirrábica do rebanho

Dois casos comprovados de Raiva Bovina acenderam o alerta em Três Pontas. Eles foram registrados em março nas regiões dos Pinheiros e da Charneca, na zona rural do município. Nas duas ocorrências, após a morte dos bovinos que apresentaram sinais da doença, os proprietários comunicaram a Cocatrel que, imediatamente, deslocou seus veterinários até as propriedades para colher amostra do cérebro dos animais mortos. O material foi encaminhado para laboratório da Universidade Federal de Lavras (Ufla). A confirmação para Raiva Animal foi notificada junto à Secretaria Municipal de Saúde de Três Pontas (SMS) e também ao escritório do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) na cidade.

Após receber a notificação, em menos de 24 horas, o IMA compareceu às propriedades, orientando para a vacinação imediata dos rebanhos. Também repassou a informação da necessidade de imunização em sítios e fazendas nas imediações de onde aconteceram os casos.

A Raiva Animal não tem cura e pode ser transmitida ao homem. A vacinação de bovinos, bubalinos, caprinos, ovinos e equídeos é prevista em Minas Gerais, porém, não é regulamentada. Por isso, a  aplicação da única forma que o criador tem de evitar a doença, a vacina, é até o momento “opcional” em todo o estado, não cabendo multa ao produtor.

“Cuidar do rebanho preventivamente é a melhor opção sempre”, diz o fiscal Assistente Agropecuário do IMA, Marcos Eugênio Botelho. Além de evitar prejuízos gerados pela perda de animais, a imunização afasta o risco de contaminação humana, que pode ocorrer quando há contato com a saliva do animal doente. Aliás, destaca Marcos Eugênio, a recomendação é ligar para o veterinário assim que perceber os primeiros sinais de que algo está errado com a saúde do animal, evitando ao máximo a manipulação, o contato com a baba. “A Raiva apresenta sintomas parecidos aos de algumas doenças neurológicas e isso geralmente confunde as pessoas que lidam com o rebanho nas propriedades, oferecendo gravíssimos riscos também a elas”, acrescenta. Outra recomendação é não sacrificar o animal doente porque isso afetará o resultado dos testes laboratoriais, consequentemente, subnotificando os casos da doença no município e ampliando riscos.

Em Três Pontas, houve o contato, assim, os proprietários e colaboradores foram orientados a procurar o médico. “Quando há suspeita de Raiva Animal tudo deve ser resolvido bem rápido porque o óbito é inevitável. O animal morre em no máximo sete dias. Para o ser humano existem tratamentos que podem impedir o desenvolvimento da doença desde que sejam administrados em tempo muito hábil”.

Para o IMA, a dose de reforço da vacina antirrábica nos animais de produção deve ser ministrada após 30 dias da primeira dose. Depois a imunização passa a ser anual. O esquema muda quando há foco de Raiva: a imunização deve ser imediata com doses de reforço aplicadas em 30 dias e seis meses. Após isso, anualmente. “A vacina contra a Raiva Animal tem baixo custo, é um dos imunizantes mais baratos do mercado. Por outro lado, a eficácia é alta, de até 85% de proteção. Mas, para alcançar este índice, é preciso seguir todas as recomendações de transporte, refrigeração. São importantes ainda os cuidados com o manuseio de agulhas, esterilização de seringas, enfim, seguir as instruções do fabricante e até mesmo buscar orientação de profissional capacitado”, enfatiza Marcos Eugênio.

Integrante da equipe IMA em Três Pontas, o assistente de Gestão de Defesa Agropecuária, João Maciente de Castro Junior, reforça: “ainda que a vacinação do rebanho não esteja regulamentada em nosso estado para a Raiva Animal, vamos nos lembrar que ela salva vidas, que a prevenção é sempre o melhor remédio”, convoca.

Casos de Raiva Bovina são confirmados em Três Pontas
Marcos Eugênio, Laryssa e João Castro integram equipe do IMA em Três Pontas e falam sobre os casos de Raiva Bovina ocorridos no município (Crédito: SintonizeAqui)

Transmissores: IMA realiza controle populacional de morcegos hematófagos

Os morcegos hematófagos são um dos principais transmissores da Raiva Animal. O IMA realiza o controle populacional desses silvestres com o objetivo de preservar a saúde dos animais de produção e das pessoas. De acordo com a fiscal Agropecuária do IMA, Laryssa Ferreira Viana, na operação de rotina alguns morcegos são capturados, recebem no dorso uma pasta vampiricida e são soltos no habitat natural. “O morcego tem o hábito de lamber um ao outro, então, uma grande quantidade será afetada por esta pasta. Trinta dias depois, a gente repete a ação e assim vai até eliminarmos a colônia”, complementa Marcos Eugênio.

Segundo os fiscais do escritório do IMA em Três Pontas o trabalho não se aplica às espécies que são protegidas por Lei (insetívoros, frugívoros e nectarívoros), já que elas realizam o controle da população de insetos, dispersão de sementes, polinização entre outros benefícios ao meio ambiente.

“As fezes do morcego hematófago formam borras pretas, já que ele se alimenta somente de sangue, e o local tem forte cheiro de amônia que, inclusive, contém vírus prejudiciais à saúde humana. Esta é uma maneira de identificação da espécie transmissora da Raiva Animal”, explica Marcos Eugênio. Outra curiosidade, comenta o fiscal Assistente do IMA, é o raio de ação do morcego: “ele pode percorrer de 15 a 20 quilômetros de distância do abrigo em busca de alimento”. 

Cocatrel promove palestra sobre a Raiva Bovina

Na próxima terça-feira (13), a Cocatrel realizará um evento para esclarecer os cooperados a respeito da Raiva Bovina. Entre os presentes estará o consultor técnico da MSD Saúde Animal, Henrique Cardoso.

O evento começará às 18h30min, no Auditório da Cocatrel (Rua Bento de Brito, 110 – Centro, Três Pontas).

Casos de Raiva Bovina são confirmados em Três Pontas

Sintomas da Raiva Animal

  • Isolamento
  • Perda de apetite
  • Salivação intensa
  • Tremores musculares
  • Andar cambaleante
  • Decúbito e movimentos de pedalagem
  • Opistótono (a cabeça, pescoço e coluna vertebral formam uma posição em arco côncavo )
  • Rápida evolução dos sintomas, seguida de morte
  • Em casos raríssimos, o animal pode ficar agressivo. Na maioria dos casos, ele prostra-se.
Morte inevitável do animal infectado acontece entre 3 e 7 dias após o surgimento dos primeiros sintomas da doença (Crédito: Divulgação)

(Fotos Morcego Hematófago: 01-Uwe Schmidt / 02-Divulgação) – (Fonte complementar: IMA)


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