Ação Socioambiental na Serra do Capão Alto é opção de integração à natureza e lazer neste domingo
Plantio de árvores nativas, palestra para a garotada e outros atrativos farão parte do evento idealizado pelo trespontano Sávio Martins
Uma ação socioambiental será realizada neste domingo (19), a partir das 8 horas, em um local que é bastante frequentado por pessoas que buscam sintonia com a fé e com a natureza, dentre elas, moradores de Campos Gerais e do distrito de Córrego do Ouro, Alfenas, Fama e muitos trespontanos. Será mais um importante passo no processo de Revitalização da Serra do Capão Alto, lugar que proporciona aos visitantes uma vista privilegiada. De lá é possível enxergar várias cidades sul-mineiras, além de um belo trecho da Represa de Furnas. Vistos da Serra do Capão Alto, o nascer e o pôr do sol ganham ainda mais fascínio e a Capela dedicada a São João Batista é um charme naquele espaço por onde também passeiam várias espécies de aves e mamíferos.
Preservar os recursos naturais e recuperar áreas degradadas do local é uma missão que o trespontano Sávio Martins abraçou há mais de 20 anos. Em 1º de abril de 2018, ele promoveu o primeiro plantio: foram 200 árvores nativas. Ao longo do tempo tem concretizado outras melhorias, tais como capina e instalação de cerca para proteção das mudas e nascentes, pintura, instalação de lixeira, além de um trabalho de integração homem-natureza buscando a conscientização dos frequentadores. “Em meio ao terreno árido, inóspito e rochoso todas as árvores sobreviveram e prosperaram com nossos cuidados semanais”, comenta com satisfação.
Sávio Martins tem um amor diferenciado pela Serra do Capão Alto. O respeito e admiração pelo lugar “lindo e sagrado” se tornam contagiantes. Tanto é que familiares, amigos, gente de diversos municípios do entorno se juntam a cada movimento anunciado, aderindo voluntariamente à causa socioambiental. Empresários e produtores rurais também viabilizam o projeto.
Programação
Para este domingo (19), está planejado o plantio de 1.000 árvores. Ipê, Jatobá, Jacarandá, Jequitibá, Guapuruvu, Embaúba, Palmeira Jerivá são algumas espécies que vão agregar valor ecológico e, claro, ornamentar o espaço exatamente como deve ser: da forma mais natural possível.
“Estas árvores trarão inúmeros benefícios para os seres vivos – outras plantas e animais – que vivem aqui na Serra e também para a sociedade. Elas vão abrigar a biodiversidade, controlar a erosão, proteger as águas, promover conforto térmico, ou seja, tornarão o clima mais agradável e, entre muitas outras contribuições relevantes, vão ajudar a prevenir doenças”, destaca o ambientalista e empresário Sávio Martins.
Revitalização Serra do Capão Alto começou em 2018. Para esta etapa, está programado o plantio de 1.000 mudas (Crédito: Sávio Martins)
Ainda na programação, está prevista uma palestra sobre meio ambiente para as crianças. No dia da Ação Socioambiental “Revitalização Serra do Capão Alto” haverá venda de alimentos e bebidas e tendas de empresas apoiadoras. Detalhe: nas proximidades existem estabelecimentos comerciais (bar/restaurante) com cardápios variados e que são uma ótima opção para quem quiser aproveitar ainda mais o “domingão”.
“Quer curtir uma vista privilegiada? Preservar é preciso. Então, venha participar deste momento em prol do nosso meio ambiente e traga a sua família, convide seus amigos. Será uma manhã muito especial, de ajuda à natureza e de integração, de confraternização”, convida Sávio. O idealizador da revitalização conta com a ajuda de Robson Lopes, Celso Pereira e José Lopes Marcelino na organização do evento. Contato: (35) 9.8802-4874.
Serra do Capão Alto: encanto do interior
Capão Alto, região de Córrego do Ouro, que é um distrito de Campos Gerais em pleno desenvolvimento. A estrada de terra, de poeira vermelha, às vezes esbranquiçada leva ao cume de uma das serras que torneiam lindamente o Sul de Minas. Veículo estacionado, cavalo amarrado caminha-se a pé por alguns poucos metros rumo à escadinha de cimento que conduz o visitante até a singela Capela. Trincos erguidos, abre-se o portão rente às grades que tentam preservar o espaço sacro. Quem tem fé ajoelha-se, rendendo graças a São João Batista, filho de Zacarias e Santa Isabel – aquele que pregou a conversão e o arrependimento dos pecados manifestos através do batismo.
Abílio Teodoro, morador das proximidades, devia favor… recebeu graça divina. Grato, resolveu pagar a promessa. João Teodoro foi quem doou o terreno. Do amigo, Antônio Silvério de Souza, ganhou a planta. Antônio e o filho José Silvério, mais conhecido como “Zé Braizinho” à época com 16 anos, deram aquela força na obra como ajudantes do pedreiro Agenor Teodoro Alves, lá de Paraguaçu.
Entusiasmados e respeitosos, os homens colocaram mãos à massa… era fevereiro de 1953. Em abril, a Capela estava pronta. Monsenhor Teófilo Saez veio dar a benção e foi ele quem escolheu aquele que anunciava a vinda do Salvador como Santo Padroeiro. Foi uma festa só! E tem festa até hoje. Em junho, o Capão Alto fica pequeno para tanta gente animada. Tem missa, tem barraca, têm comes e bebes e não há vento ou frio que espante de lá os visitantes que vão comemorar São João (*). Em outros tempos, a euforia acontecia em torno de sacramentos, tais como o do batismo. Muitas criancinhas tornaram-se filhas de Deus recebendo a remissão dos pecados na Igreja do último profeta, aquele que nasceu de mãe estéril e que batizou o povo e seu primo Jesus.
No local onde foi construída a Capela havia um cruzeiro e a população da redondeza rezava o Terço todo dia 3, era um compromisso sagrado. A grande Cruz agora fica à frente e inspira não só erguer olhos para os Céus, mas abrir os braços e agradecer por tamanha benção… lá em cima, diante de João Batista a fé se fortalece, o vento canta aos ouvidos – por vezes forte, os olhos feito crianças saltitam… há muito o que apreciar: o verde do entorno, a água azul que se torna dourada e prata das Furnas, o sol encobrindo-se atrás de nuvens ou ressurgindo entre montanhas, as luzinhas das cidades: Campos Gerais, Alfenas, Fama, Paraguaçu, Elói Mendes, Varginha, o Distrito do Pontalete, Três Pontas…
Impossível não se sentir grande perante o privilégio de ali estar, não se sentir pequeninho diante do Onipotente a manifestar-se por tão bela mãe natureza, não copiar o vento e também soltar a voz… assim é para grupos de amigos, para famílias inteiras que vão à Capelinha também em alguns finais de semana chamados comuns. Ciclistas aproveitam a topografia para passeios turísticos cujo maior prêmio é exatamente o quadro que encontram à frente: um mundo exterior de muitos seres vivos – de plantas e animais que são cuidados por quem mora ao redor. A preservação é uma das preocupações também de quem vai para deliciar-se das paisagens estáticas e que acaba surpreendido por inesperados panoramas que se formam a cada nascer ou pôr do astro rei.
Enfim, é gente que chega, é gente que sai de alma limpa, renovada e o pequeno templo fica, firme a tutelar na simplicidade do interior lá do alto do capão.
(Arlene Brito, 2017 – Revista Encantos do Sul de Minas / Clube da Casa Nova Era – 19 anos)
(*) Atualmente as festas não são realizadas.