Qual o preço do Afeto?
... Escutar o sofrimento de quem está do seu lado pode ser a chave da porta que temos tentado abrir. Isso custa quanto para você? (Por Keila da Silva Belarmino Campos)
Existe nos bastidores daqueles que se preocupam com a qualidade da saúde mental no Brasil, algo não dito, de como lidar ou de como dizer do setembro amarelo. Falar ou não em suicídio? Ou melhor usar o termo autoextermínio? Mês de incentivo à saúde mental talvez? Como dizer de algo tão impactante que leva o sujeito a tirar a própria vida? Acredito que não exista uma palavra correta ou uma expressão menos dolorosa para dizer desse desencontro, que muitas das vezes preferimos nem saber dele. O fato é que isso acontece. Não somente hoje, talvez com mais frequência hoje, porém, quando o sofrimento humano chega a esse tipo de passagem ao ato, falta palavra para dizer dele. Na psicanálise lemos as “entrelinhas” dos discursos, o que esses sujeitos estão nos dizendo da nossa contemporaneidade? Estamos de fato trabalhando a prevenção? Como é possível prever este ato? Ou então, queremos realmente prever este ato? Como estamos lidando com o sofrimento mental daqueles à nossa volta? Estamos validando estes sofrimentos? Aquilo que não conseguimos ver não conseguimos mudar. A prevenção não é da conta somente dos órgãos governamentais instituídos para cuidar da saúde da comunidade. A prevenção é da ordem do social, e quando digo social é de uma sociedade inteira, é da conta de cada indivíduo que habita um ambiente, seja ele escolar, profissional, familiar, etc. onde há pessoas há social, e social de sociedade e não de governança. Estamos habituados a endereçar certas responsabilidades humanas para nossos governos, não que eles sejam isentos das responsabilidades a eles determinadas, mas muitas das vezes “lavamos nossas mãos” porque pagamos impostos. Mas, e nossa humanidade? Qual o preço dela? Já está inclusa nos impostos pagos então? Escutar o sofrimento de quem está do seu lado pode ser a chave da porta que temos tentado abrir. Isso custa quanto para você?
Keila da Silva Belarmino Campos
Estudante de Psicologia
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