Secretaria Municipal de Meio Ambiente está à frente do trabalho que valoriza os espaços públicos, a cultura e a história da cidade

O olhar atento, a observação de detalhes levaram a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA) a uma iniciativa que já resgatou e valorizou a beleza, a segurança e até mesmo traços históricos e culturais de seis praças de Três Pontas. Durante as costumeiras podas de árvores, o secretário Marcelo de Figueiredo Gomes percebeu que esses espaços precisavam de algo mais: manutenção nos pisos, troca de iluminação, um toque na jardinagem e a restauração dos monumentos – entre outros reparos. Sentiu a necessidade de dar um passo além do que a Secretaria normalmente faz, investindo na recuperação das praças para que elas passem a ser mais frequentadas pelos trespontanos e se tornem mais agradáveis também para os visitantes.

Praça das Lavadeiras

Além de pedreiros, foi contratada a artista plástica Bia Silva e o trabalho de recuperação começou pela Praça das Lavadeiras, no Santa Edwiges, revitalizada pela última vez no final de 2017. A aplicação das tintas foi devidamente estudada para que as cores enaltecessem o espaço, criando uma harmonia com a natureza presente nos canteiros. Rodeada pelos moradores e por muitas crianças do bairro, Bia Silva revela que se encantou pelas histórias contadas pela comunidade e aplicou suas habilidades criando atrativos para a garotada: a “amarelinha” no piso renovado é um exemplo. A artista plástica foi da simplicidade à complexidade, já que o monumento desgastado, quebrado exigiu empenho em sua restauração. A figura da mulher “Lavadeira” ganhou destaque no ambiente que possui fonte de água nas proximidades e estrutura que possibilitam para as donas de casa cumprirem com este afazer doméstico – e que tem entre os atrativos aparelhos da Academia ao Ar Livre.

“A Praça ficou um sucesso, a comunidade elogiou bastante, então vimos que foi um trabalho que gerou satisfação na população. Isto nos inspirou a dar sequência”, comenta o secretário.

Praça dos Municípios

Do bairro Santa Edwiges, a equipe se deslocou para o Ouro Verde com o objetivo de dar vida nova à Praça dos Municípios. No planejamento estava a recuperação do piso, dos bancos, brinquedos, poda de árvores, jardinagem, pintura em geral. “Levamos a ideia da amarelinha para lá e as crianças adoraram”, recorda Bia Silva.

Praça Dr. Tristão Nogueira: uma nova Fonte resulta da parceria público-privada

A Praça “da Fonte”, uma das mais belas e movimentadas de Três Pontas, também pedia reparos – materializados graças à união dos setores público e privado. O Sicoob-Copersul se tornou parceiro da Prefeitura Municipal, contratando a empresa trespontana Compre Plantas para revitalizar e dar manutenção nos jardins. Além disso, recuperou e substituiu 15 bancos. A instalação de um relógio digital, incluída no projeto, é vista como serviço de utilidade pública ao divulgar hora e temperatura à quem passa pelo centro da cidade.

Realçando o espaço, um letreiro turístico foi providenciado pela Administração. A Secretaria de Meio Ambiente também participa ativamente do projeto. “Realizamos o plantio de algumas árvores, lavamos e pintamos várias pedras que até então estavam ocultas no ambiente. Estas pedras receberam o trabalho da Bia, seguindo as três vertentes do município, os três eixos que vêm sendo trabalhados para o fortalecimento do turismo na cidade: fé, música e café”, destaca Marcelo Figueiredo.

A artista plástica, Bia Silva, revela que ainda faltam algumas pinturas em pedras e que estuda retratar nelas histórias que ouviu enquanto atuava por lá e que vão ao encontro da temática escolhida para esta ação. “Soube que as pessoas vinham para a Praça da Fonte ouvir música, fiquei apaixonada por este relato e pensei: um disco de vinil…”

O piso passou por melhorias. O mesmo acontece com a iluminação e a limpeza nos monumentos conclui a revitalização da Praça Dr. Tristão Nogueira.

Pedras que estavam praticamente ocultas na Praça “da Fonte” se tornam atrativas ao ganharem pintura retratando os três eixos do município de Três Pontas, Sul de Minas Gerais: Fé, Música e Café

Praça da Aparecida

Cores originais, detalhes no manto, um rosário nas mãos, uma coroa e um anjo aos pés da Padroeira. Assinado por Bia Silva, com apoio da SMMA, a imagem de Nossa Senhora Aparecida ao lado da Matriz de mesmo nome foi realçada com restauração.

“Tem sido muito legal porque somos apaixonados por história, pela cultura do nosso povo, então, eu pesquiso e discuto com o secretário Marcelo e sua equipe. Sempre chegamos a um acordo muito bacana que respeita a originalidade, a comunicação com o povo através da arte”, diz a artista plástica trespontana.

Praça Cônego Victor também conta com parceria

Quem transita a pé pela Praça Cônego Victor, cartão postal de Três Pontas, se sente bem mais seguro e não é somente pela presença de uma base da Polícia Militar. É também pelos reparos feitos no piso. Pedras portuguesas deslocadas e raízes superficiais de árvores promoveram estragos que colocavam as pessoas em risco de queda.

A pintura da serra e do trenzinho no piso em frente ao Santuário tornou o símbolo de Três Pontas nítido para trespontanos e visitantes; reforma no Coreto que abriga a loja da Associação dos Artesãos e Artistas Plásticos da cidade (Arplast) e que recepciona autoridades em eventos cívicos, limpeza das placas que identificam os patrimônios e suas datas de inauguração e ainda a restauração da Herma resgataram o encanto do espaço público.

Restauração Inédita

No monumento em homenagem ao Padre Victor foram alinhados à história do Beato a cor de pele, o olhar e a veste de Cônego da época de 1929, ano em que a Herma foi erguida bem no coração da cidade, em frente à Matriz popularmente chamada de a “Igreja do Padre Victor”, hoje Santuário Diocesano.

Acima do busto do Beato, com a restauração, percebe-se a presença do Sagrado Coração de Maria – antes confundida com Nossa Senhora d’Ajuda e outras denominações da Santa Mãe da Igreja Católica. A Herma é um bem material tombado pelo Patrimônio Cultural de Três Pontas, portanto, a restauração precisou passar pela aprovação do Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural do município.

“A Herma foi erguida em 1929, então, há 94 anos. Padre Victor morreu há 118 anos e estas imagens nunca haviam sido restauradas. Sinto uma satisfação indescritível em ser a primeira artista plástica a realizar este trabalho e florescer nele uma pintura realista. Este restauro é muito importante para os devotos, para os turistas e entra de uma forma muito especial para a minha história de vida e profissional. Tenho certeza que também ficará gravada como um dos grandes feitos da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e da Administração do prefeito Marcelo Chaves Garcia”, revela Bia Silva.

Concluída, a obra de restauração e os envolvidos neste trabalho histórico receberam as bênçãos – em 16 de setembro de 2023 – através do pároco da Paróquia Santuário Nossa Senhora d’Ajuda e reitor do Santuário Diocesano Nossa Senhora d’Ajuda, Cônego José Douglas Baroni.

Contratada pelo Sicoob-Copersul, a empresa Compre Plantas segue cuidando da jardinagem.

1929 – Ano em que a Herma foi erguida no centro de Três Pontas / 2023 – Após a restauração feita pela artista plástica Bia Silva

Praça Getúlio Vargas

Mais conhecida como “Praça da Escola Cônego Vitor” ou ainda “Praça da Adega”, a Praça Getúlio Vargas é mais um ponto de encontro no Centro da cidade onde a história e a contemporaneidade se entrelaçam. Nela, curiosamente, o monumento homenageia o jurista, político, intelectual Rui Barbosa, uma das figuras mais influentes da história do Brasil.

Neste local, a SMMA encerra a primeira parte do projeto de revitalização de praças trespontanas. Marcelo Figueiredo explica que as árvores de grande porte têm raízes superficiais que danificam o piso. No entanto, como elas estão ali há anos serão preservadas, com podas periódicas visando a segurança contra possíveis quedas de galhos e com entrada de maior iluminação natural.

Além de refazer o piso, inclusive com recolocação de pedras, a SMMA providenciou conserto e pintura das muretas e construção de bancos convidativos. O jardim central e canteiros laterais formam outro ponto de cuidados para que o espaço tenha mais harmonia e ofereça um ambiente tranquilo para os moradores e visitantes, proporcionando um refúgio sereno em meio à agitação cotidiana.

A área teria sido doada ao Município nos anos 1928/29 para a implantação do busto de Rui Barbosa de Oliveira, um reconhecimento público após a morte (1923) daquele homem que detinha grandes conhecimentos em diversos assuntos. No decorrer dos tempos, o monumento ganhou camadas e mais camadas de tintas aleatoriamente. Desta vez, a ação foi diferente. Bia Silva pesquisou a fundo a história de Rui Barbosa, suas características e, na restauração da imagem, nota-se o olhar distante, a pele parda, o terno preto trazendo à tona a figura séria do ilustre brasileiro.

“Para mim é uma honra desenvolver este trabalho junto com a Secretaria de Meio Ambiente. Pesquisar, ouvir, conhecer a história, conhecer cada patrimônio é muito importante para mim e para a cidade.  E o secretário Marcelo está também muito atento a tudo isso. Então, conversamos bastante, consigo sugerir e realizar minhas restaurações, trazendo cores e formas originais, trazendo o realismo. Tudo tem sido feito com muito carinho e uma alegria imensa”, reforçou a artista plástica trespontana, Bia Silva, enquanto deslizava o pincel em uma pedra-sabão valorizando uma das delícias desta terra chamada de “Capital Mundial do Café”: as cafeterias.

Conhecer, gostar, usufruir, divulgar, cuidar

Para o secretário de Meio Ambiente, as praças são espaços de convivência social importantes, inclusive, para a saúde mental da população. “Nossa intenção é proporcionar um ambiente mais agradável, com arborização, sombreamento, com jardinagem bem feita, iluminação, atrativos visuais, com o maior conforto possível. Estamos conseguindo, no entanto, é importante que a comunidade usufrua, mas também conserve”.

Marcelo Figueiredo conclui que quem passa constantemente por estes locais não enxerga os elementos que ali estão, porém, a revitalização, ativa o sentido da visão, levando a pessoa à curiosidade em relação à história: “quando foi feita aquela obra, quem construiu aquele monumento”. O secretário defende que recuperar as praças de Três Pontas gera enorme satisfação nos mais velhos que recordam seus tempos ali vividos e coloca as pessoas mais novas dentro do contexto para que isso não se perca. “Acima de tudo desejamos construir cidadania. Quem conhece bem a história sabe para onde ir e se desejamos uma cidade turística temos que conhecer para passar adiante”.

A SMMA afirma que está olhando com muito carinho para outros patrimônios que estão danificados, mas que caminha devagar respeitando os trâmites legais e o orçamento da pasta.