Autora de “Travessia – a vida de Milton Nascimento”, a mineira Maria Dolores lança livro com crônicas que vão de Minas a São Paulo, dos sapatos ao silêncio, da mesa posta à solidão

Uma galinha na calçada de uma movimentada rua de São Paulo. Josefa, a que passa pedindo. O cheiro de café torrado. O banho de chuva. O aniversário pela janela do apartamento. A cor da pele. Os filhos. Os relacionamentos. O peso da ausência. A alegria do encontro. As batalhas de cada um. O frio som do silêncio. Em “Na Soleira, os Sapatos” (ed. Penalux), Maria Dolores faz do singular universal e traz à cena grandes temas da existência pelos detalhes do cotidiano e dos diversos e incríveis personagens que fazem do comum o extraordinário.

São crônicas escritas e publicadas entre fevereiro de 2021 e setembro de 2023. Histórias que se passam em São Paulo, capital, e em Três Pontas, no sul de Minas Gerais. Textos carregados de cor, sentido e fascínio pelas pessoas e pela vida. Além de “Na Soleira, os Sapatos” e “Travessia – a vida de Milton Nascimento”, Maria Dolores é autora também, entre outros, de “Mãe de Dois”, transformado em peça de teatro, e “A Lua no Terreiro”, romance que tem como pano de fundo a pandemia da Covid-19.

Abaixo, trechos de duas crônicas e a ficha técnica.

Trecho de “Como se espanta uma ausência?”

“Como é que se espanta uma ausência? Pede para chegar de lado para colocar uma presença no lugar? Como? Se a ausência é presença que insiste em não sair, que ocupa os espaços quando já foram todos reocupados, que se esparrama pelos caminhos e nos acompanha no caminhar?

(…)

Como é que se espanta o inespantável? O beijo na testa antes de dormir, o cafuné, a risada acompanhada de uma xícara de café, as conversas trocadas, o silêncio, o choro compartilhado, as palavras ditas e as não ditas, o último abraço, que já faz tanto tempo e ainda sinto a me abraçar. Como é que se espanta?”

Trecho de “Uai, sou mineira sim, por quê?”

Acontece sempre da mesma forma. Eu abro a boca, falo duas palavras e as pessoas perguntam, entre empolgadas, fascinadas e curiosas: “Você é mineira!?”. Posso dizer com convicção: ser mineiro em São Paulo é tipo ser um filhote de poodle. Sabe quando estamos num lugar e chega uma pessoa com um lindo e fofinho cachorrinho poodle e todo mundo diz “olha, que bonitinho”?! Ser mineiro na terra da garoa é exatamente a mesma coisa. A gente chega num lugar, abre a boca, solta umas palavras e as pessoas logo identificam “olha, é um mineiro, que bonitinho!”. 

(…)

Conversar com um mineiro é quase como uma viagem pelo interior do mapa e do coração. “Você lembra a minha tia! Minha vó falava igualzinho! Eu gosto tanto desse sotaque! Adoro cachoeira! Um dia vou conhecer Ouro Preto! Ai que vontade de comer doce de leite e pão de queijo!”. Sim, nós mineiros suscitamos os mais nostálgicos e suaves sentimentos.”

Ficha técnica:

Editora Penalux
Edição: França & Gorj
Editoração eletrônica e capa: Karina Tenório
Gênero: crônicas
Páginas: 206
Formato: 14X21
Livro impresso: R$ 47,00
E-book: R$ 7,36

Site da editora: https://www.editorapenalux.com.br/catalogo-titulo/na-soleira-os-sapatos

Amazon: https://www.amazon.com.br/s?k=na+soleira%2C+os+sapatos&crid=2EHQQNRRNRL8H&sprefix=%2Caps%2C318&ref=nb_sb_ss_recent_2_0_recent

www.mariadoloreslivros.com

Sarau marcará lançamento de “Na Soleira, os Sapatos”, em Três Pontas

Literatura, música e bons encontros. É o que se espera para o Sarau de Lançamento de “Na Soleira, os Sapatos”, em Três Pontas. O evento será realizado na quarta-feira, 13 de dezembro, às 19 horas, na Casa da Cultura “Alfredo Benassi”, no Centro da cidade.

Com entrada gratuita, o Sarau contará com apoio da Prefeitura, através da Secretaria Municipal de Cultura, Lazer e Turismo (Secult-TP).

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