Pesquisa sugere que quanto mais severa é a dor crônica, maior é a interferência nas atividades diárias das pessoas

Estudo da Unifal-MG avaliou os efeitos negativos da dor à qualidade de vida e à saúde dos pacientes

Um estudo conduzido por uma pesquisadora da Unifal-MG demonstra uma possível correlação entre a intensidade da dor crônica e o impacto gerado nas atividades diárias e na saúde mental dos pacientes. A pesquisa é parte da dissertação de mestrado da médica Lays Fernandes Mesquita, professora de Reumatologia da Faculdade de Medicina (Famed), desenvolvida junto ao Programa de Pós-Graduação em Biociências Aplicadas à Saúde (PPGB).

Para realizar o estudo, a pesquisadora avaliou 57 pacientes com diagnóstico de dor crônica atendidos no ambulatório de Reumatologia da Clínica de Especialidades Médicas (CEM) da Unifal-MG, dos quais 35% apresentavam fibromialgia, 21% osteoartrite e 14% artrite reumatoide. Por meio da aplicação de questionários validados, a pesquisa avaliou a qualidade de vida, a intensidade da dor e a qualidade do sono dos participantes, além dos níveis sanguíneos de serotonina e cortisol disponíveis nos prontuários médicos de 52 mulheres e cinco homens, com idade superior a 18 anos.

A pesquisa evidenciou moderada intensidade da dor e interferência nas atividades diárias, regular estado geral de saúde e má qualidade do sono nos participantes do estudo. Conforme os dados obtidos, quanto mais intensa é a dor, maior tende a ser a interferência dela nas atividades cotidianas, ou seja, maior é o impacto gerado na rotina do paciente. Em acréscimo, quanto mais severa é a dor, pior tende a ser a saúde mental dos indivíduos, indicando associação com o desenvolvimento de distúrbios psicológicos ou psiquiátricos.

Pesquisa sugere que quanto mais severa é a dor crônica, maior é a interferência nas atividades diárias das pessoas
Imagem ilustrativa. (Foto: Reprodução/Canva Education)

Os achados mostraram que a má qualidade do sono também influenciou negativamente a saúde mental e o estado geral de saúde dos pacientes, além de impactar nas atividades rotineiras. No entanto, não foi identificada uma relação significativa entre dor crônica e alterações nos níveis sanguíneos de serotonina e cortisol.

“Considerando que a dor crônica desencadeia alterações importantes no funcionamento do cérebro e do organismo em geral, torna-se essencial compreender como essas alterações se associam, para que sejam desenvolvidas abordagens preventivas e terapêuticas mais efetivas, que possam atender de forma integral as necessidades desses pacientes”, argumenta a pesquisadora sobre a importância do estudo.

Segundo Lays Mesquita, a partir destes resultados, os médicos poderão propor às pessoas afetadas pela dor crônica estratégias mais assertivas, visando não somente a saúde do corpo, como também a da mente. A pesquisadora enfatiza também que, levando em consideração a complexidade do tratamento de pacientes com dor crônica, futuros estudos devem utilizar essas evidências para aprimorar o nível do atendimento prestado à população, utilizando uma abordagem integral à saúde dos indivíduos.

O estudo contou com a orientação da docente Silvia Graciela Ruginsk Leitão, do Departamento de Ciências Fisiológicas do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB), e com a participação da docente Denismar Alves Nogueira, do Departamento de  Estatística do  Instituto de Ciências Exatas (ICEx), além das estudantes do curso de Medicina, Gabriela Silva Bochi e Géssica Luisa Silva de Souza.

Os resultados podem ser consultados na dissertação intitulada Avaliação da qualidade do sono e níveis séricos de serotonina e cortisol em pacientes com dor crônica, disponível na Biblioteca de Teses e Dissertações da UnifalL-MG, neste link, ou no artigo publicado no periódico científico Arquivos de Ciências da Saúde da UNIPAR (Universidade Paranaense) em 2023. Acesse na íntegra aqui


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