Dia de Finados: “O que eu tenho dele, agora, é a dor”
Reflexões sobre o LUTO – Por Catarina Corrêa, Psicóloga
“O que eu tenho dele, agora, é a dor”.
Ouvi, essa semana, em um atendimento, uma mãe falando sobre sua vivência do luto pela morte do filho.
Entre choro e expressões de saudade, a presença de cobrança por sentimento de culpa: se eu tivesse feito isso, se eu não tivesse feito/falado aquilo e de imposições de regras para o luto: de que forma deve ser expresso (recolhimento, impossibilidade de vivências positivas e alegres), presença do choro (a noite, na solidão do quarto), quando é que a possibilidade do riso é ou não validado.
Na sequência, fala sobre a proximidade do Dia de Finados, para ela o primeiro sem o filho.
FINADOS: verbo Finar, do latim Finus. Acabar, finalizar, encerrar. Algo ou alguém que finou, findou, acabou, morreu!
E assim se inicia o processo de luto, seja pela morte de alguém ou por diversos outros tipos de perdas, inclusive, constituindo-se muitos, em lutos não reconhecidos, o que poderá potencializar o mesmo.
O luto se apresenta também pelas perdas subjacentes a perda inicial, seja através da mudança na rotina ou de planos e projetos, sendo portanto, um processo de reação que irá exigir novos posicionamentos diante da vida, com desafios intensos e diários sem data para acabar.
No processo de psicoterapia, portanto, retornando ao início deste artigo, conclui-se que este processo complexo, profundo e singular, traz questões desafiadoras ao paciente enlutado assim como ao profissional de psicologia a quem cabe acolher, reconhecer, validar e propor intervenções para a continuidade da vida a partir deste fato imutável, no caso, a morte, que impõe a permanente pergunta: como seguir com esta dor?
Uma possibilidade nos é proposta através da canção “Travessia”, de Milton Nascimento: “forte eu sou, mas não tem jeito, hoje tenho que chorar”.
Outras possibilidades possíveis, a quem fizer sentido: escrever cartas para quem partiu, reviver rituais/práticas que compartilhavam, aproveitar a saudade como inspiração (praticar e ensinar o que se aprendeu com aquela pessoa), compartilhar histórias e memórias, entre outras ideias e orientações.
E diante do luto por morte, no Dia de Finados, talvez, visitar no cemitério, a sua saudade.
Por fim, permita-se sentir e se precisar, busque ajuda.
Catarina Corrêa – Psicóloga
CRP-MG/10256
(Página principal: Ivan Samkov)
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