Clientes OI FIXO ficam sem linhas repentinamente e clamam por normalização do serviço em Três Pontas
Em alguns casos, problema já passa de 60 dias. Operadora diz ao Procon que falha se deve a furtos de cabos de telecomunicações da empresa na cidade
As contas continuam chegando pontualmente e algumas delas, inclusive, com excedentes. O problema é que as cobranças acontecem em cima de um serviço que não está sendo prestado: o de telefonia. De repente comerciantes – dentre eles, donos de mercearias, bares e restaurantes, farmácias, consultórios médicos, clínicas veterinárias, transportadoras – começaram a receber queixas de clientes que precisaram se deslocar até o estabelecimento para resolver suas demandas. Isto porque ao tentarem contato por telefone as chamadas nunca eram atendidas. Assim, aos poucos, os donos dessas linhas Oi Fixo foram descobrindo que seus telefones não recebiam, nem realizavam chamadas.
Vanessa Araújo, proprietária de farmácia e manipulação no bairro Catumbi, em Três Pontas, sofre as consequências do descaso da operadora. Há mais de 40 dias está sem o serviço de telefonia nas três linhas Oi em seu estabelecimento. Após descobrir a falha, através da reclamação da clientela, procurou o representante da operadora que a assessorou por anos. Dele recebeu a orientação de que ela deveria recorrer à Central de Ajuda. “Tentamos vários contatos sem sucesso”, afirma a farmacêutica e bioquímica.
Ainda na expectativa de colocar fim ao problema, Vanessa procurou o órgão de defesa do consumidor da cidade. “Recebi a informação que as cobranças indevidas do período em que as linhas não funcionaram seriam descontadas proporcionalmente nas próximas faturas. Foi estipulada uma data para a normalização do serviço, prazo que não foi cumprido”. Por isso, a comerciante decidiu migrar suas linhas para outra operadora. A instalação foi feita na terça-feira (12) com prazo de sete dias para começar a funcionar. “Eu trabalho com saúde e esta falta de contato com a farmácia é muito grave, vai além da questão financeira da atividade comercial, podendo colocar a vida de pessoas em risco”.
Para ilustrar, Vanessa conta que uma cliente insistiu nas chamadas telefônicas a fim de encomendar um remédio manipulado. Precisou sair da zona rural onde mora para fazer o pedido pessoalmente. “Mesmo se ela morasse na região urbana, como também aconteceu, vir obrigatoriamente aqui porque a farmácia estava sem telefone – e a gente nem sabe o porquê até agora, é inadmissível”, pontua.
Também no bairro Catumbi, Elcio Dias não conta com o serviço de telefonia fixa há mais de dois meses. Comerciante na área de brindes personalizados ele explica que nesta época acontece o aquecimento das vendas, especialmente de brindes corporativos. Também as festas de final de ano fazem crescer as vendas na microempresa. “Não tem lógica. A cada ida ao Procon, a operadora estipula uma data para normalizar o serviço e nada acontece”.
Além de atender aos clientes, o comerciante usa a telefonia fixa também para contato com as empresas fornecedoras, conforme a maioria delas prefere para agilidade das negociações que se solidificaram no decorrer de anos de parceria.
Elcio Dias recorreu três vezes ao Procon. Ainda assim, sem estar usufruindo da linha telefônica fixa, recebeu cobrança da operadora com excedentes. No último contato, a operadora estipulou para ele uma nova data para normalizar o serviço: 29 de dezembro, ou seja, depois que o período de vendas aquecidas já estiver encerrado.
Do outro lado, no bairro Cidade Jardim, duas contas já chegaram depois que o telefone fixo de um mercado parou de receber e fazer ligações. Antes do problema, muitos clientes ligavam para encomendar produtos, especialmente os alimentícios; os representantes de empresas para saber se o estabelecimento precisava repor alguma mercadoria e por aí vai. Pessoalmente, a vizinhança conta à proprietária Isabel e colaboradores do mercado que também estão passando “um aperto danado”, sem suas linhas residenciais. Nesta semana, dona Zélia, uma das moradoras do bairro registrou sua queixa no Procon.
Há casos ainda mais graves nas imediações. Segundo relato de uma cliente feito em estabelecimento comercial, na casa dela há criança com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e dois idosos com Alzheimer. No local não pega celular, sendo a linha fixa o único recurso de telefonia (ou deveria ser) para esta família.
Catumbi, Peret, Cidade Jardim, Botafogo e Centro são alguns bairros com relatos de interrupção repentina e até o momento sem solução dos serviços da Oi.
Para o Procon, empresa estipula 16 de dezembro para o serviço voltar a funcionar
Na tarde desta terça-feira (12), o coordenador do Procon de Três Pontas, Jorge Calili, disse ao SintonizeAqui que atende às reclamações dos consumidores procurando junto à operadora a retomada do serviço e formas de resolver a questão dos débitos indevidos.
Ele revela que, segundo a Oi, a falha – geral em algumas regiões da cidade – foi causada por furtos de cabos de telecomunicações da operadora. A empresa teria estipulado para o Procon o prazo até este próximo sábado, 16 de dezembro, para concluir o reparo na rede e o serviço voltar a funcionar.
Se o prazo não for cumprido, o Procon pode tomar novas providências conforme dita o Código de Proteção e Defesa do Consumidor, e a operadora ficar sujeita a multa e outras penalizações.
O SintonizeAqui tentou vários contatos com a Oi, inclusive pelo número da Ouvidoria. Não conseguiu completar as ligações. Em um atendimento via redes sociais da operadora, obteve a seguinte resposta de verificações automáticas relacionadas ao bairro Catumbi: “pelo que eu vi aqui, aconteceu uma falha geral no serviço da Oi na sua região. Nossa equipe já está trabalhando pra resolver essa situação. A previsão de conclusão do reparo na rede da Oi é um pouco mais longa que o normal: seu serviço vai voltar a funcionar até às 21h do dia 17/12. Em nome da Oi, quero pedir desculpas pelo transtorno. Estamos fazendo de tudo pra que isso não volte a acontecer.” – Ou seja, um dia a mais do que a data comunicada ao Procon.
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