Batucada Tambanauê participa de treinamento sobre combate à violência sexual no carnaval
Coordenador do Bloco, Gabriel “Bibi” comenta sobre a importância da capacitação e o compromisso dos integrantes em ajudar a propagar informações do Protocolo Fale Agora
“A participação da Batucada Tambanauê foi muito bacana. A violência sexual é um tema muito importante para ser abrangido em qualquer época do ano, inclusive durante o carnaval. No treinamento, nós conhecemos uma cartilha e vamos receber material didático para podermos divulgar as informações de como agir para prevenir e acolher mulheres vítimas de assédio sexual dentro e fora do ambiente carnavalesco”.
Quem fala da disposição dos integrantes da Tambanauê em apoiar o combate à violência sexual em Três Pontas e região é o coordenador do Bloco, Gabriel de Brito – o “Bibi do Gueto”. Foi ele quem participou da capacitação do Protocolo “Fale Agora” e se tornou o responsável por compartilhar as informações com os 30 integrantes do grupo, uma das atrações musicais do Carnaval 2024 em Cambuquira (domingo), Guaxupé (segunda-feira), Três Pontas (terça-feira). No Sul de Minas, o bloco trespontano foi o único a aderir ao Protocolo e receber a capacitação.
“Outra coisa legal é que o pessoal da Sedese elaborou uma marchinha sobre o empoderamento feminino chamada ‘Sou dona de mim’, e já estamos ensaiando para levarmos o respeito à mulher em nosso repertório e, claro, em nossas ações pessoais como já fazemos, porém agora, após o treinamento, com muito mais clareza sobre este grave problema, sobre como ajudar a evitar, como orientar a mulher a procurar uma rede de apoio e sobre como devemos amparar uma vítima”, completa Bibi.
Fale Agora
Lançado pelo Governo de Minas em agosto de 2023, o Protocolo Fale Agora de enfrentamento à violência sexual nos espaços de lazer e turismo do estado será uma das principais ações da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social de Minas Gerais (Sedese-MG) no Carnaval 2024.
Desenvolvido para ser aplicado em bares, restaurantes, casas noturnas, shows e outras opções de entretenimento, o Protocolo Fale Agora foi adaptado para ser utilizado por blocos de carnaval de Belo Horizonte e do interior do estado, com objetivo de acolher adequadamente possíveis vítimas e encaminhá-las para a rede pública de atendimento nas áreas da saúde e da segurança.
O primeiro bloco a receber a capacitação do Fale Agora foi o das Charangueiras, durante ensaio realizado no dia 16 de janeiro, em Belo Horizonte. Formado há 10 anos por mulheres, a maioria mães, o bloco passou pelo treinamento e recebeu materiais informativos. De acordo com a fundadora do grupo, Ana Andrade, a preparação foi fundamental.
“O Protocolo Fale Agora é de extrema importância para um bloco formado somente por mulheres, mães. Com este protocolo ficou mais fácil identificar e prevenir o assédio, saber o que fazer e onde buscar ajuda. Além de nos ajudar, também podemos repassar essas informações para nossos filhos e filhas, mães de filhas adolescentes que poderão ensinar a elas como se proteger e como procurar redes de apoio. E as mães de meninos poderão ensiná-los que o não é não”, enumerou Ana.
Ela também ressaltou que o conhecimento absorvido não ficará restrito ao bloco. “Esse conhecimento será compartilhado por meio de nossas redes sociais, grupos de WhatsApp, de amigas e amigos e entre nossos familiares. Hoje, a comunicação é uma ferramenta de extrema importância para combater a violência, seja ela psicológica ou física”, completou.
Adesão no Carnaval
De acordo com Soraya Romina, subsecretária de Política dos Direitos das Mulheres (Subpdm), a intenção é capacitar pelo menos 500 pessoas diretamente sobre o Protocolo Fale Agora, a partir de ações presenciais em ensaios de Belo Horizonte, mas também de forma virtual, para blocos do interior do estado, por meio de parceria com a Cemig.
Em BH, as capacitações foram presenciais junto aos blocos Funk You e Baianas Ozadas e Baianinhas. Já o treinamento on-line junto aos blocos que passaram por edital, patrocinados pela Cemig, chamou à missão de propagar as informações do Protocolo Fale Agora, blocos de Belo Horizonte e dos municípios de Itapecerica, Sabará, Tiradentes, Juiz de Fora, Uberlândia, Teixeiras, Itaúna, Três Pontas, Contagem, Oratórios, Rio Doce, Ponte Nova, Paracatu, Divinópolis, Tiros e Diamantina.
Para Soraya, a expansão do Fale Agora é de suma importância. “Quando uma mulher sofre violência, nesse caso, estamos falando de violência sexual, a sociedade não deve julgar, mas sim acompanhar e defender. O protocolo inovou ao envolver o setor privado de lazer no enfrentamento da violência sexual. Ele dá um papel de destaque aos funcionários dos estabelecimentos, que são capacitados para saber como prevenir, identificar a violência sexual e como agir nesses casos. No contexto do carnaval, inovou mais ainda, ao buscar a adesão dos blocos carnavalescos”, continuou.
Outras ações da Sedese
Além do Fale Agora e da distribuição de materiais didáticos, informativos e campanha publicitária, a Sedese ainda vai realizar outras ações. Uma delas é difundir a marchinha de empoderamento feminino Sou Dona de Mim, que estará impressa em leques distribuídos por todo estado.
Já a Subsecretaria de Direitos Humanos (Subdh) vai distribuir pulseiras de identificação para crianças em meio aos blocos infantis, além de oferecer o minicurso “Pelo atendimento humanizado: começando no Carnaval, para se fazer habitual”.
Outro minicurso com duas horas de duração, será realizado de forma on-line, destinado ao público em geral, em especial a agentes das prefeituras, policiais e promotores de eventos e demais profissionais que vão trabalhar com o público no carnaval. O conteúdo expõe temas como violência, racismo, LGBTfobia e capacitismo. Além disso, abordará o atendimento humanizado como ferramenta fundamental durante o evento. As inscrições estão abertas e podem ser feitas clicando aqui. O curso será na próxima segunda-feira, dia 05 de fevereiro.
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