Vândalos destroem monumento que identifica Três Pontas como integrante do Caminho de Aparecida
Arlene Brito
Vândalos destruíram um monumento na Praça Cônego Victor – Centro de Três Pontas. O crime de dano contra o patrimônio público aconteceu na noite de sábado (3), deixando muita gente bastante chateada. A depredação foi na escultura conhecida como “Sexta-Peixe” que identifica o município como integrante do Caminho de Aparecida.
“Vejo com muita tristeza a destruição deste marco. O monumento simboliza a seta, o sentido em que o peregrino vai caminhar, mas também o início do crescimento do turismo de Três Pontas”, começa Marcelino Salvador Pena.
Em 2016, ele cruzou de bicicleta o Caminho de Aparecida e se sensibilizou com a estrutura criada em 2002 por Rodrigo Costa e Maurício Batista, ligando Alfenas (MG) ao Santuário Nacional de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, no Vale do Paraíba (SP). A rota possibilita a viagem a pé ou de “bike” com mais segurança, evitando rodovias. O peregrino adquire uma credencial e com ela vai carimbando em várias localidades até o destino final. Chegando lá, ele recebe um Certificado de Conclusão emitido na Basílica. A credencial custa R$ 20, mas o pagamento é opcional. O dinheiro é aplicado na manutenção das sinalizações por todo o trajeto. Varginha, Elói Mendes, Careaçu e Itajubá estão entre os municípios sul-mineiros que aparecem no percurso de terra e trilhas.
Marcelino percebeu que Três Pontas merecia adentrar a rota, já que possui forte potencial para o turismo religioso devido a Padre Victor, líder religioso em Processo de Canonização e que ruma para se tornar o primeiro santo negro do Brasil. Com apoio dos criadores do projeto alfenense, de lideranças da Igreja e da então secretária municipal de Cultura, Lazer e Turismo Dilma Messina, trouxe e estruturou o Ramal.
“A intenção é atrair turistas de todo o Brasil para conhecer Três Pontas e iniciar aqui uma peregrinação até Aparecida ‘do Norte’ e isso já está acontecendo. Esse ato de vandalismo mostra que ainda falta conscientização e valorização do que é feito pela cidade”, lamenta.
O monumento – que inclui um portal em aço – é fruto de trabalho coletivo. Rodrigo Pereira, outro voluntário que se envolveu no projeto do Ramal trespontano do Caminho de Aparecida, conta, por exemplo, que a Prefeitura arcou com as placas que sinalizam o caminho, passando pelos distritos do Quilombo e Pontalete – até Paraguaçu e que elas foram instaladas por um grupo de amigos. A inauguração, recorda, aconteceu em maio de 2017, com as bênçãos do pároco da Paróquia Cristo Redentor – o ciclista padre Rogério Augusto da Silva. Em seguida, houve um passeio com a participação de 50 esportistas.
“A gente fica triste com o vandalismo. Foi feito com tanto carinho e ver o monumento quebrado é revoltante”, registra Rodrigo. Hoje (6) pela manhã, ele levou os pedaços da escultura até uma empresa na expectativa de colagem. Ouviu que a restauração não é possível. “Teremos que encomendar outra. O caixa do Caminho não cobre a despesa, então, teremos que realizar eventos para conseguir dinheiro”, anuncia.
Turismo que faz crescer
Marcelino e Rodrigo contabilizam que desde maio de 2017 já saíram do Ramal Três Pontas 30 peregrinos. Analisam que essa gente, vinda de Carmo da Cachoeira, Três Corações, Boa Esperança, Itaúna, Araxá, Alfenas, São Carlos (SP) e Serra (ES) deixou uma contribuição para o desenvolvimento da Terra de Padre Victor. “Os peregrinos acabam gastando no comércio local: hotéis, restaurantes, lanchonetes, farmácias, lojas, supermercados etc. Também prestigiam as vendas do Quilombo, as pousadas e restaurantes do Pontalete. São turistas que fortalecem o nosso turismo religioso e promovem melhorias para a nossa comunidade. Merecem ser recebidos com atenção e respeito”, concluem.