Três Pontas perde um dos mais atuantes empreendedores do segmento gráfico e jornalístico, ‘seu’ Haroldo
Será sepultado no Cemitério Municipal de Três Pontas, às 17 horas desta segunda-feira (17), o corpo de Haroldo de Souza Figueiredo. “Seu Haroldo da Gráfica”, como era conhecido, faleceu ontem, aos 92 anos, deixando entristecida a imprensa local e regional.
Nascido em Campos Gerais, seu Haroldo se tornou um dos pioneiros da Comunicação Social sul-mineira. Entre outros, é um dos fundadores do Jornal Correio Trespontano, semanário que circula há 39 anos, e co-fundador do Jornal A Vanguarda, de Boa Esperança. Era proprietário da Gráfica Santo Antônio e desbravou com exatidão o campo da Tipografia.
Foi casado com Darci Figueiredo, com quem teve cinco filhos: Carlos, Cleuza, Ana Teresa, Daysi e Haroldo Júnior. Tinha sete netos.
Abaixo, o Sintonize Aqui – Notícias de Três Pontas transcreve uma reportagem que retrata a vida marcada pelo empreendedorismo deste Cidadão Honorário Trespontano. Assim, agradece pelos ensinamentos transmitidos com paciência, educação e carinho a uma das jornalistas deste portal. Arlene Brito trabalhou nos jornais Tribuna e Correio Trespontano, mantendo até hoje imenso respeito por seu Haroldo e toda a família à qual presta sinceras condolências.
A matéria foi redigida por Cleusa Figueiredo, e publicada pelo Jornal Correio Trespontano em 9 de agosto de 2014. Naquele mês, seu Haroldo havia sido escolhido pelo Lions Club Três Pontas, o Pai do Ano.
Lions Escolhe Pai do Ano 2014
Haroldo de Souza Figueiredo diz ter ficado emocionado e feliz com a indicação
Haroldo de Souza Figueiredo nasceu em 1925 na Fazenda Paraíso, município de Campos Gerais. Filho do agricultor João Urbano de Souza e América Alves de Figueiredo, tinha 11 irmãos, com os quais se mudou para a cidade de Boa Esperança assim que o pai resolveu vender a propriedade agrícola. Contava, então, 8 anos de idade. Em Boa Esperança iniciou seus estudos no Grupo Escolar Dr. Sá Brito, onde fez o curso primário. “Naquela época todos tinham a responsabilidade de aprender uma profissão, e com 10, 12 anos já estávamos trabalhando. Empreguei-me numa venda e, de lá, numa tinturaria. Meu irmão mais velho, José (Juca), trabalhava em uma tipografia, onde publicavam um pequeno jornal semanal. Nas horas livres ia com meu irmão para a tipografia e acabei gostando do ofício. Tinha completos meus 14 anos de idade e comecei, então, a distribuir os jornais aos domingos, andando pela cidade das 5 da manhã até a hora do almoço”.
Aos 15 anos o proprietário da gráfica o convidou para trabalhar em outro estabelecimento seu, uma papelaria. Ali ficou como caixeiro durante 5 anos, até constituir família com Darci Fagundes de Souza e comprar, do patrão, a tipografia, em sociedade com João Corrêa de Figueiredo e o irmão, José (Juca). A nova profissão passaria a filhos e netos. “Viajava por toda a região em busca de serviços e fiquei conhecido em Campo do Meio, Campos Gerais, Guapé, Coqueiral, Varginha, Ilicínea. Essas viagens não eram fáceis, pois não havia possibilidade de ir e voltar no mesmo dia. Era preciso pernoitar e voltar no dia seguinte, pois não havia ônibus para tal. Numa dessas viagens, comprei uma tipografia em Campos Gerais – vendi minha parte na de Boa Esperança – e para lá me mudei, com Darci, Carlos, Cleusa e Ana Teresa. Corria o ano de 1951 e dei à tipografia o nome de Santo Antônio. Durante os seis anos que ficamos em Campos Gerais, fiz serviços para toda a região, inclusive para Três Pontas, onde existiam duas gráficas à época. Um deles era o jornal Correio Trespontano, editado pelo promotor Sílvio Pelico Piló e pelo projetista de cinema, Rojão. Os originais das matérias eram enviados pelo ônibus e eu trazia o jornal pronto de jardineira, viagem que demandava mais de duas horas”.
Haroldo acabou se transferindo com a família para Três Pontas em 1957, já com mais uma filha, Daysi, e onde havia duas gráficas: a do Veloso e outra de propriedade de Airton Rocha, a qual estava à venda. “Vendi a de Campos Gerais e comprei a do Airton”. Aqui nasceu o outro filho, Haroldo Jr. “Sempre digo que sou de três cidades, as quais trago no coração: Boa Esperança, Campos Gerais e Três Pontas. Desta tenho até o título de cidadão honorário”.
Haroldo de Souza Figueiredo participou de quatro etapas do desenvolvimento da imprensa: em Boa Esperança, a impressora era a pedal. A montagem das páginas de um jornal era feita letra a letra, com tipos móveis, de chumbo, tamanhos e estilos diferentes; após veio a máquina de linotipo, onde se digitava como numa máquina de escrever; em seguida veio o nylonprint, já utilizando o computador e, finalmente, o sistema offset, hoje utilizado tanto por gráficas locais como grandes gráficas de cidades maiores. “Atualmente temos capacidade para fazer serviços com a mesma qualidade gráfica dos grandes centros. Estou aposentado mas não abandonei meu ofício, que é a minha paixão. Edito hoje, no computador, o Jornal A Vanguarda, de Boa Esperança, do qual sou co-fundador”.
Jornais por ele criados e editados ao longo dos anos: A Vanguarda, desde 1945 até hoje; A Época, quando morou em Campos Gerais; Pombo Correio, já em Três Pontas, nos anos 60, em parceria com o advogado Alberto Vitor Ximenes; A Gazeta do Sul, com o amigo Jayme Corrêa Veiga; Correio Trespontano, em 1979, resultado de parceria com o genro, João Corrêa Veiga Filho. Entre muitos informativos editados, cita o Apae em Sociedade, elaborado por senhoras da comunidade, e O Vagalume, do qual era um dos diretores o jornalista Marden da Veiga e Souza.
Sobre a indicação a Pai do Ano, pelo Lions, Haroldo diz ter ficado emocionado e feliz. “É uma honra para mim e para toda a minha família. Não nascemos aqui – só o Haroldinho – mas amamos Três Pontas, a terra que escolhemos para viver. É nossa terra de coração. Amamos esse povo hospitaleiro, amigo em todas as horas, e agradecemos ao Lions por essa indicação, para todos nós inesquecível”.