Três Pontas está preparada para captar córneas
Ensina o velho e sábio ditado que desta vida a gente não leva nada. Mas o que muitas pessoas precisam aprender é que desta vida a gente pode deixar, deixar tecidos oculares, por exemplo.
A importância da Doação de Córneas foi tema de uma ação desenvolvida por profissionais da Saúde de Três Pontas. Na sexta-feira (26) a equipe distribuiu panfletos e explicou a quem passou pela Praça Cônego Victor que cada doador pode beneficiar vários pacientes inscritos em filas de espera, isto porque além das córneas, a esclera (parte branca do olho) e as células-tronco das córneas podem ser utilizadas nos transplantes.
Durante o movimento também foi enfatizado que Três Pontas está capacitada e devidamente autorizada pelos órgãos competentes a captar os tecidos oculares. Nos últimos dois anos, a Santa Casa de Misericórdia Hospital São Francisco de Assis e duas equipes multidisciplinares – médicos, enfermeiros, psicólogo, assistente social – se prepararam para o trabalho que envolve a conscientização, a busca por possíveis doadores, suporte à família, retirada dos tecidos e encaminhamento dos mesmos ao Banco de Olhos – Banco de Tecidos Oculares Humanos credenciado do Hospital Alzira Velano, em Alfenas.
“Está tudo muito bem planejado. Agora precisamos que as pessoas saibam da nossa capacidade de captação e que colaborem. Todos nós temos que nos conscientizar, conversar com nossas famílias porque a morte é inevitável. Todos nós sabemos que estamos aqui de passagem e quando acontecer, melhor que as nossas famílias estejam cientes do nosso desejo de doação”, diz a enfermeira que atua no CTI da Santa Casa, Cleide da Silveira Pinto. Ela e uma outra enfermeira passaram por treinamento em Belo Horizonte para realizar a retirada.
Cleide explica que a captação deve ser feita em no máximo seis horas após o falecimento. E se o tempo é um fator determinante, as equipes precisam entrar rápido em ação. Assim, estão sempre de plantão e todos os dias é feita a busca ativa no CTI, no Pronto Atendimento, em clínicas.
Ela esclarece ainda que a retirada do globo ocular não modifica a aparência do doador, a fisionomia do falecido. Isto porque existe todo um procedimento técnico que não deixa vestígios.
Quem pode e quem não pode doar tecidos oculares?
Segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) pessoas dos 5 aos 80 anos podem ser doadoras de tecidos oculares até mesmo as que possuem distúrbios visuais, por exemplo, catarata e glaucona; que tenham distúrbios de refração, tais como, miopia ou que façam uso de óculos ou lentes de contato.
Estão no grupo de não doadores aqueles que têm HIV, hepatite B ou C, leucemia ou linfoma, infecção generalizada ou cuja morte seja de causa desconhecida.
Captação só é feita mediante autorização da família
Por Lei o desejo do doador só é cumprido se a família autorizar, mesmo que o falecido possua o cartão de doação ou que tenha incluído em sua Carteira Nacional de Habilitação (carteira de motorista), a frase “Doador de Órgãos e Tecidos”.
A assistente social, Tatiane de Brito Figueiredo, observa que a captação acontece em um momento em que a família está passando por dificuldades, com o emocional ainda abalado. “Então, precisamos dar a ela todo o suporte psicológico e social”, comenta. Para Tatiane é essencial que todos entendam que a captação é uma necessidade que visa ajudar outras pessoas.
Dados do CBO mostram que no Brasil aproximadamente 25 mil pessoas aguardam por um transplante de tecido ocular. A distribuição é feita respeitando a ordem de inscrição dos pacientes na lista de espera. O controle dessas listas (regionais e estaduais) é feito pelas Centrais Estaduais de Transplantes (Centrais de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos – CNCDO), Secretarias Estaduais de Saúde e Sistema Nacional de Transplantes (SNT) do Ministério da Saúde.
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