Teste da Orelhinha: ouvir é fundamental para falar, aprender e se socializar
A partir da primeira semana de vida até os três meses de idade, todo bebê deve passar pelo Teste da Orelhinha. O exame é fundamental para detectar precocemente possíveis deficiências auditivas. Assim, quanto mais cedo ele acontece, existe mais chance de prevenir as consequências da ausência parcial ou total da captação dos sons pelos ouvidos.
Marília da Silva Souza Afonso sabe da importância do Teste e, visando o crescimento saudável da pequena Manuella, levou a filha com 64 dias, até a Apae de Três Pontas. A instituição é a única credenciada junto ao Sistema Único de Saúde (SUS) para realizar o exame em crianças nascidas no Município. A dona de casa saiu aliviada diante do resultado: a menina tem audição perfeita, conforme notificou a Fonoaudióloga, Elisiane Ferreira Eliazar Pereira.
Atento aos cuidados que vão assegurar qualidade de vida ao filho está também o casal Débora Figueiredo Dixini de Paula e Leandro Carvalho de Paula. Eles conferiram de perto a rapidez, comodidade e a eficiência do Teste. Embalado por um sono natural, João Lucas nem percebeu a introdução de uma pequena sonda em suas orelhinhas, acoplado a um equipamento digital, que emitiu sons de fraca intensidade, recolhendo e registrando as respostas que suas orelhas internas produzem. Com a mesma tranquilidade, o casal deixou a Apae. Está tudo bem com a audição do primogênito.
Ao lado da colega de trabalho, Luciana Fatarelli, Elisiane Ferreira explica que a audição é um dos sentidos mais importantes para a evolução completa da criança. Segundo as profissionais, se existe a perda na capacidade auditiva, mesmo que pequena, a criança deixa de receber adequadamente as informações sonoras que são fundamentais para o desenvolvimento da linguagem e da aprendizagem.
“Se o bebê for diagnosticado com algum problema de audição e começar a receber o tratamento especializado até os seis meses de idade, ele poderá desenvolver a audição e a fala chegando bem perto do normal, no entanto, se a perda auditiva for detectada tardiamente, o desenvolvimento da linguagem e também emocional e até social da criança poderá estar bastante comprometido”, alertam.
Quando o Teste da Orelhinha aponta ausência de audição, é refeito por mais duas vezes. Isso porque resfriados e a presença de vérnix na orelha podem alterar o resultado. Se constatada a perda auditiva, a criança é encaminhada à avaliação de um otorrinolaringologista. É o médico quem determina o implante coclear, ou seja, a implantação cirúrgica de um aparelho na orelha para estimular diretamente o nervo auditivo e causar as sensações sonoras.
Elisiane e Luciana reforçam que quanto mais nova a criança receber o implante, maiores serão as oportunidades de desenvolvimento da fala, consequentemente, da capacidade de se expressar, de aprender e de se socializar. “Esse é o objetivo do Teste da Orelhinha: detectar a ausência de audição para poder intervir o quanto antes e oportunizar precocemente para essa criança o tratamento das alterações auditivas”.
Bebês de risco
Desde agosto de 2010, o Teste da Orelhinha é obrigatório no Brasil. Todas as crianças devem ser submetidas ao exame, gratuitamente. As fonoaudiólogas Elisiane e Luciana destacam que o procedimento é muito importante tanto para as crianças normais quanto para os chamados bebês de risco para a surdez. Pertencem a esse grupo, crianças nascidas de pais consanguíneos (parentes); nascidas em famílias com histórico de perda auditiva; nascidas de mães que tiveram infecção congênita (toxoplasmose, sífilis, rubéola, herpes) nos três primeiros meses de gestação; mães que fizeram uso de antibióticos ototóxicos; crianças com anormalidades craniofaciais (má formação de pavilhão auricular, conduta auditiva externa, ausência de filtro, fissura lábio palatina e outras); quando houve intercorrência durante o parto e crianças prematuras ou que precisaram de intervenção em UTI por mais de 48 horas (ventilação mecânica, por exemplo).
Nova tecnologia
Há aproximadamente 15 dias, as fonoaudiólogas da Apae de Três Pontas trabalham com o Otoport DP+TE, um aparelho moderno usado no Teste da Orelhinha. O investimento segue uma das linhas de trabalho da instituição: oferecer aos alunos e demais usuários o que há de melhor em recursos humanos e tecnologia.
O Teste da Orelhinha é feito com a criança dormindo, não machuca, não dói e dura cerca de 10 minutos.