“Saímos do Facebook e estamos na rua” – estudantes protestam em favor da valorização da Educação e contra manobras políticas
“Que País é esse?” questionava uma das músicas que davam fundo a outros gritos vindos de uma juventude que demonstra ter acordado para as decisões políticas que têm sufocado o Brasil. O protesto, na manhã desta sexta-feira (31) foi organizado por estudantes da Escola Estadual “Deputado Teodósio Bandeira”, tendo à frente Júlia Tempesta Miranda, Vanessa Mylena e Henrique Andrade Mendonça – colegas no 3º Ano do Ensino Médio.
Na quarta-feira (29), a instituição decidiu voltar às atividades depois de uma greve que começou dia 15. Mas, diretoria e professores foram surpreendidos por uma reação inédita do corpo discente. Os alunos optaram em não comparecer às aulas. A “Greve dos Alunos” aconteceu na quinta (30) e, segundo Júlia, rapidamente foi preparado o material usado em vias públicas para mostrar indignação e exigir direitos.
“Essa iniciativa mostra respeito aos nossos professores porque muitos deles dependem apenas do salário que ganham lecionando. E é também o nosso apoio a toda população brasileira. Nós estamos estudando e não temos oportunidade de emprego, mas, desde já, temos que pensar no futuro e exigir uma aposentadoria digna”, defendeu Henrique.
Vanessa Milena vislumbra que os estudantes de agora serão os trabalhadores do amanhã e também sofrerão as consequências negativas da Reforma da Previdência, caso seja aprovada. Revelou que a intenção dela e dos amigos é aumentar o volume de trespontanos participantes de novos protestos que pressionem o Governo a aprovar leis – mas que sejam favoráveis e NÃO prejudiciais à classe trabalhadora, ao já sacrificado povo brasileiro.
Vestidos de preto em sinal de luto, porque para essa juventude o Brasil morre a cada ação imoral e ilegal dos políticos nas três esferas de governo; trajados de azul e de branco simbolizando o pedido de paz social; usando o uniforme escolar numa demonstração de amor e solidariedade ao professor, enfim, as cores eram diversas, mas a finalidade única: exigir um País de lideranças éticas e de oportunidades democráticas que assegurem qualidade de vida.
Os estudantes fizeram barulho. Tocaram instrumentos musicais, gritaram, pularam e saíram em caminhada passando pelas praças Dr. Tristão Nogueira e Prefeito Francisco José de Brito. A região é comercial e concentra importantes repartições públicas.
“Os políticos lá em Brasília se esqueceram de uma coisa fundamental: são nossos empregados e estão se rebelando contra os patrões, que são o povo”
Na marcha estavam também profissionais da Educação e alunos de outras escolas, além de outros cidadãos revoltados com a classe política que conduz o País ao caos. “Os políticos lá em Brasília se esqueceram de uma coisa fundamental: são nossos empregados e estão se rebelando contra os patrões, que são o povo”, destacou Wilson Salles, empunhando a Bandeira Nacional e usando um cartaz que pedia cadeia para Jucá, Sarney, Calheiros, Padilha que, analisa, se esqueceram o que é moral, dignidade, hombridade, honestidade. “Sem esses princípios fundamentais”, continuou Salles, “não merecem respeito e reconhecimento. Temos uma quadrilha assaltando o cofre brasileiro”, concluiu.
Vários manifestantes tiraram fotos ao lado do Autônomo. Entre uma pose e outra, Salles registrou ainda que a conduta de certos (ou da grande maioria) dos ocupantes da cúpula Federal consiste em grave crime: o de acabar com o ideal do eleitor que os elegeu. “Eles merecem o meu repúdio e me permitem chamá-los de ladrões, de desonestos, cínicos, caras de pau”.
O cidadão trespontano elogiou os jovens estudantes que se posicionaram frente à triste realidade política nacional, mas criticou o pequeno número de professores presentes no protesto. “Isso é um fracasso. Os profissionais da Educação não estão conscientizados do dever que têm para com o povo”, enfatizou.
Em Três Pontas seguem em greve as escolas Deputado Teodósio Bandeira, Jacy Junqueira Gazola e Presidente Tancredo Neves.