Quem é o assassino de Sophia?
A morte de Sophia foi a gota d’água para as duas mães que já andavam chateadas com os assassinatos que acontecem com muita frequência em Três Pontas. Sim, sensíveis à dor alheia elas sofriam sem imaginar que também sentiriam no fundo da alma a angústia provocada por uma morte prematura, imposta com crueldade.
Aproximava-se das 11 horas da noite de domingo (26) quando as jovens empreendedoras Renata e Andrea começaram a chamar pelas crianças. Era momento de recolhê-las no aconchegante quarto, de protegê-las da escuridão e até mesmo da temperatura em queda. Foram Clarinha, Duda, Valentina e Mel. Sophia demorou um pouquinho mais, mas atendeu. Sim, a pequena, de pouco mais de um ano de idade, respondeu.
Foi em direção aos braços acolhedores das mesmas moças que certo dia abriram as portas da casa e seus corações para tirar Sophia e a irmã Valentina ainda bebezinhas das ruas da Cidade, que deram a elas a oportunidade de crescer em um lar, cercadas de amor, de respeito, de mimos; que ofertaram a elas a chance de serem saudáveis, cuidadas e felizes.
O encontro das empresárias com Sophia naquela noite seria marcante, porém, de um jeito jamais desejado. Renata e Andrea perceberam, tomando imenso susto, que ela estava diferente. Não tinha vivacidade nos grandes olhos caramelados, mas pavor. Não tinha a agilidade da infância, mas limitações no andar cambaleante. No lugar do som que anunciava a cada chamado: “estou aqui”, saia uma baba espumante.
Foram segundos de horror diante da cena. O tombo, o barulho das telhas… E Sophia caiu desfalecida. Atendeu, sim, porém ao último chamado. Foi em direção àquelas que, teve certeza, a livraria de tamanho sofrimento… não houve recurso. O estrago interno estava feito.
Revolta. “Quem assassinou Sophia?”. “Como pode o homem ser capaz de tamanha maldade?” “Onde está essa pessoa corajosa na calada da noite e tão covarde perante a sociedade e a Justiça que não dá a cara, que não assume ser um matador?”
São perguntas feitas diuturnamente por Renata, por Andrea, por Joões e Marias trespontanos que tiveram arrancados de si vidas que ajudaram a salvar, seres que se tornaram o compromisso diário e, na maioria dos casos, razão de viver?!
Exagero? Sim, exagero! Mas exagero de ocorrências. Os assassinatos em Três Pontas estão fora do limite. Há suspeitos, faltam provas. Há pedido de socorro por parte de quem perde e há quem vire as costas, ignorando a triste realidade da matança que ocorre na Terra de homem e mulher santos. Pior ainda, há quem desafie Leis, quem – julgando-se superior – segue como se inatingível, acima do bem e do mau. Há quem enfrente milhões de dificuldades para cuidar e há quem empurre a responsabilidade e ainda dá risada, humilha aqueles que erguem a bandeira da proteção. Há poucos agindo em defesa da vida e que pedem apenas respeito, mas há muitos, muitos para criticar, de braços cruzados ou não… agindo também, mas em favor dos maus-tratos, em favor da morte. Há povo, há cidadão clamando por Justiça… e há, sim, gente poderosa se ausentando sob justificativas que mais indicam má vontade.
Até quando? Até quando pessoas como Renata, Andrea, Joões e Marias trespontanos terão que lutar sozinhas, clamando por Justiça, por providências? Até quando pessoas como Renata, Andrea, Joões e Marias trespontanos terão que simplesmente aceitar a morte imposta a seus animais de estimação – tantas vezes acatados como filhos, como membros da família?
A resposta é simples: até que seja desmascarado e punido o primeiro assassino. E há gente simples, do povo, mas honrada, batalhadora disposta a encarar esse desafio para que outras Sophias não tenham o direito de VIVER violentado.
Que esse seja o grito de Sophia! Está lançada a proposta.
(Foto Página Principal: Ilustrativa Net)