Presidente da Acai-TP, Bruno Carvalho, explica: “reabrir o comércio de Três Pontas exigiu trabalho árduo”, e pede comprometimento com as normas de segurança à Covid-19
Não foi uma decisão fácil, não foi um simples “vamos voltar” e pronto! Optar pelo retorno gradual do comércio de Três Pontas exigiu estudos, planejamento. Foi preciso analisar uma, duas, três e outras vezes mais. Se fez necessário pesquisar, discutir em conjunto porque o vírus é real e certeza até o momento é que ele tem o poder de matar e já provou essa capacidade vitimando no município uma senhora de 72 anos.
Apesar da ameaça foi inevitável olhar pelos comerciantes. Ganancioso setor? Não, e menos ainda para a maioria formada de pequenas e médias empresas, cujos donos também temem o invisível inimigo. Sim, centenas de comerciantes receiam que o novo Coronavírus afronte suas vidas, a segurança de suas famílias, a saúde de seus funcionários, a integridade da população da qual – reconhecem – dependem seus negócios.
Muita gente não compreende, mas o segmento comercial também ficou na berlinda: de um lado a pandemia; do outro as contas que precisavam (e precisam) ser quitadas encarando de frente o fato: o dinheiro deixou de entrar. “Ah, mas eles podem vender on-line, atender pelo delivery”. Foi (e ainda é) um incentivo da Associação Comercial e Agroindustrial (Acai-TP), mas nem todos conseguem e nem toda a comunidade aderiu (ou irá aderir) ao novo formato de compra e venda, simples apenas para quem tem contato com as tecnologias.
Suspender atividades comerciais, industriais, os serviços parece algo simples diante da preservação da vida e, claro, a vida é primordial. Mas é preciso entender também que a paralisação por tempo estendido pode ser fatal para certas empresas, sobretudo pequenas e médias. Nesses últimos 30 dias, foram elas – as de menor porte – que mais demitiram, anteciparam férias, renegociaram débitos. Esses foram alguns recursos aplicados pelos proprietários na tentativa de salvaguardar seus negócios da falência. Um levantamento rápido, feito por alto como se diz, mostra que 200 pessoas perderam seus empregos em Três Pontas nesse período de paralisação.
Apoiar a volta gradativa das atividades econômicas de Três Pontas não foi uma tarefa fácil, reafirma o presidente da Acai-TP, Bruno Dixini Carvalho. A realidade jamais sonhada:
- impôs análise de normas baixadas nas três esferas de governo: Federal, Estadual, Municipal. Como adequar tantas determinações superiores à realidade local?
- exigiu pesquisa sobre a atuação do novo Coronavírus no mundo, no Brasil, em Minas, na região, na cidade. Como prever o pico da doença, a transmissão, o número de pessoas infectadas, a ocupação hospitalar?
- determinou a observação de normas sanitárias, de condutas públicas sociais, de recomendações nacionais e internacionais – da Anvisa e da OMS, por exemplo. Como implantar regras, uma nova cultura na sociedade de forma imediata a fim de afastar o risco da contaminação?
- exigiu acompanhar decisões do comércio no estado e Sul de Minas. O que fazer? Seguir a reabertura ou ignorar o pedido de socorro da classe?
- e, entre outros aspectos, intimou: como segmentar o comércio, priorizando qual tem maior necessidade de reabertura? Considerar as normativas ou o apelo do empreendedor trespontano?
Meio a tantas dúvidas, uma coisa era certa, recorda o presidente da Acai-TP e diretor do Super Kiko-Giroforte: a Associação Comercial não poderia ignorar as dificuldades do comércio. Deveria defender mais do que interesses, portanto, as necessidades financeiras – sem colocar em risco a comunidade. “Nós, enquanto Associação, desenvolvemos uma série de ações permanentes: treinamentos, cursos, palestras, convênios e muito mais para fortalecermos o comércio, as empresas da cidade, mas também para que haja mais postos formais de trabalho, mais trabalhadores capacitados, consequentemente, mais renda e qualidade de vida para o nosso povo. Não seria agora, nesse momento de pandemia, que agiríamos de maneira diferente, com irresponsabilidade”, afirma Bruno Carvalho.
Ciente de seus compromissos econômicos e sociais, a Acai-TP relacionou as demandas de seus representados e buscou a discussão de possibilidades com o Poder Público, Associação Médica de Três Pontas e Provedoria do Hospital São Francisco de Assis. “Foi um trabalho árduo. Inúmeras reuniões, horas colocando demandas e empecilhos no papel, apresentando prováveis saídas e acatando decisões até que chegássemos a um consenso: a reabertura do comércio de Três Pontas deveria mesmo acontecer, porém de forma gradual e com a exigência de medidas protetivas”.
Assim que a decisão foi tomada e as normas sanitárias estabelecidas, comerciantes se reuniram com o presidente da Acai-TP, com os secretários municipais de Saúde e de Fazenda, Teresa Cristina Rabelo Corrêa e Agnaldo Gomes Corrêa e ainda com o chefe da Vigilância Sanitária Municipal, Fábio da Silva Fonseca. Na oportunidade, foram expostos os critérios aos quais esses comerciantes devem se adequar para garantir o atendimento presencial de seus clientes.
“Mudanças geralmente causam transtornos, mas o momento pede que nos esforcemos e sigamos as recomendações. O novo Coronavírus está aí na nossa cidade, ele é real, é perigoso, está adoecendo pessoas. Então, vamos trabalhar sim, mas com muita consciência e sabedoria. Vamos fazer a nossa parte, vamos trabalhar sem colocar a nossa e a saúde pública em risco”, convoca Bruno Carvalho.
Na segunda-feira (27), a Vigilância Sanitária começou a entregar oficialmente aos proprietários de restaurantes, bares, lanchonetes, cafeterias e afins as exigências sanitárias para o funcionamento. O setor de serviços de alimentação foi um dos que mais chamaram a atenção da Acai-TP nos últimos dias porque não eram considerados “essenciais”, portanto, não havia prazo definido para o retorno das atividades.
“A missão da Associação Comercial é representar e oferecer soluções inovadoras nos setores de comércio, agropecuário, industrial e serviços contribuindo para o desenvolvimento sustentável da atividade de nossos associados. Nós, diretoria, acreditamos que cumprimos com o nosso papel. Desta vez, lindando com algo totalmente desconhecido, o novo Coronavírus. Agora, esperamos que os comerciantes cumpram as orientações. A Associação Comercial está à disposição para esclarecer dúvidas, para direcionamentos”, completa o presidente.
Após explicar a complexidade do trabalho em torno da flexibilização do comércio e da importância da reabertura para que empresas sobrevivam e mantenham trespontanos empregados, Bruno Carvalho chama os cidadãos também à responsabilidade. “O comércio se comprometeu a aplicar as medidas preventivas: limitar o número de pessoas dentro dos estabelecimentos, demarcar a distância mínima, por exemplo, nas filas de caixas, disponibilizar álcool em gel. Agora, a população também tem que mudar a sua conduta: usar máscara, evitar se aglomerar, sair de casa apenas quando for realmente necessário, ir às compras com menor número de pessoas por família. Não somos nós, mas, sim, o novo Coronavírus que nos exige adotar novos hábitos”, encerra o presidente da Acai-TP.
De acordo com o documento da Vigilância Sanitária, o comércio que desrespeitar as normas ficará sujeito à penalizações. Veja a seguir, as exigências.