Novena reúne trespontanos para o 12º Aniversário de Morte de “Nossa Mãe”, fundadora do Carmelo São José
Arlene Brito
“Uma vida de santidade sob o olhar de Maria”. É este o tema da Novena pela Beatificação da Serva de Deus Madre Tereza Margarida – Nossa Mãe, que começa neste domingo, 5 de novembro. Em comemoração ao 12º Aniversário de Morte da fundadora do Carmelo São José, de Três Pontas, os devotos vão se encontrar na Igreja do Mosteiro em dois horários. A Novena vai até o dia 13 com Terço às 18h30min e Missas às 7 e 19 horas. Todos os dias, as celebrações matinais serão presididas pelo Bispo Emérito da Diocese da Campanha, Dom Diamantino Prata de Carvalho.
O lema escolhido para a Novena que antecede a grande festa que acontecerá na terça-feira (14), data do falecimento da Madre é “Ó Mãe, que o vosso coração seja o lugar de união entre Jesus e Tereza Margarida”.
No primeiro dia do período preparatório, às 19 horas, celebrará Padre Sérgio Monteiro –Reitor do Seminário de Teologia e Administrador em Itanhandu (MG). O tema para as reflexões será “O coração de Maria, lugar de encontro com Jesus”.
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Quem é “Nossa Mãe”?
(Texto e fotos: Carmelo São José de Três Pontas)
Maria Luíza nasceu em 24 de dezembro de 1915 na cidade de Borda da Mata, no estado de Minas Gerais. Era a quinta filha de Francisco Marques da Costa Júnior e Mariana Resende Costa. Foi batizada na Igreja de Nossa Senhora do Carmo em 10 de fevereiro de 1916.
Os pais desejavam que os filhos pudessem estudar. Impôs-se a urgência de procurar uma residência em cidade maior. Assim a família transferiu-se para Cruzeiro no Estado de São Paulo, com escolas maiores e com mais recursos.
Durante um retiro espiritual, realizado no Colégio, sentiu um primeiro toque do Senhor no seu coração para a vida de clausura do Carmelo. Depois em uma visita a Aparecida, estando na Capela do Santíssimo da Basílica velha, sentiu novamente no seu coração o chamado do Senhor. Lendo as Memórias da Beata Elisabeth da Trindade veio a confirmação.
Vence a resistência paterna e aos 29 de maio de 1937, como postulante, entra no Carmelo de Mogi das Cruzes. Em 20 de junho, apenas 20 dias após a entrada no Carmelo, é atingida por uma grande dor por causa da morte de seu pai. Foi um período de grande sofrimento para Maria Luíza, por não poder ficar perto de sua mãe e seus irmãos.
Seu irmão João logo manifestou vocação ao sacerdócio e entrou nos Salesianos. Foi ordenado Sacerdote em 1935 e em 1967 foi eleito Arcebispo de Belo Horizonte, capital do Estado de Minas.
Ao receber o hábito de Noviça recebeu o nome de Tereza Margarida do Coração de Maria. Sua constante oração: “Mãe, que o vosso Coração seja o lugar da união de Jesus com Tereza Margarida”.
O período de noviciado transcorreu sereno. Irmã Tereza Margarida era desejosa de prosseguir o caminho. Assumia tudo o que lhe era pedido dentro do processo de preparação para a vida carmelitana. Em 2 de fevereiro de 1942 emitiu os votos solenes.
A vida no Carmelo de Mogi das Cruzes era caracterizada de grande rigor, penitência, silêncio e trabalho. A casa era improvisada, adaptou-se para isso uma antiga Igreja do lugar, porém as celas das Irmãs ficaram mal instaladas, de sorte que não recebiam muita luz solar, estando sempre a casa úmida. De modo que prejudicava a saúde das Irmãs.
Em 1952, pela intervenção do Cardeal Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta, a comunidade transferiu-se para o novo Carmelo especialmente construído em Aparecida, Carmelo Santa Teresinha. Depois de algum tempo, diversos Bispos pediram ao Carmelo de Aparecida a fundação de um novo Carmelo em suas Dioceses. Entre estes estava o pedido insistente do Monsenhor João Rabelo de Mesquita, Vigário Geral da Diocese de Campanha. Irmã Tereza é indicada e proposta para tal missão. O Bispo de Campanha Dom Inocêncio Engelke concedeu a licença, sendo indicada primeiramente a cidade de Campanha (sede da Diocese) e depois Três Pontas para abrigar o novo Carmelo. Dão-se início, na obediência ao desígnio de Deus, os preparativos para a nova fundação, pois como afirmou, nunca pensou em empreender uma fundação. Uma vez decidida, e ao saber que o novo Carmelo seria de São José, ela disse: “Para São José eu nada posso recusar porque Ele nunca me recusou nada”. Juntamente com sete Irmãs, aos 16 de julho de 1962 – solenidade de Nossa Senhora do Carmo e 400 anos da fundação do 1º Carmelo São José, em Ávila, por Santa Teresa – as Irmãs chegaram a Três Pontas para começar a vida monástica no mosteiro novo. No início, a comunidade habitou em casas provisórias, especialmente adaptadas à vida de clausura. Finalmente no dia 22 de janeiro de 1969, a comunidade mudou-se para a residência definitiva, construída nos moldes de um convento, adequado ao estilo de vida claustral. Por várias vezes foi Priora, sub-Priora e Mestra de Noviças.
O mosteiro tornou-se cada vez mais um ponto de referência para os fiéis da região. Muitos procuravam a Nossa Mãe para pedir conselhos, orientação espiritual e ajuda. Logo as pessoas, como sinal de veneração e afeto, começaram a chamá-la de Nossa Mãe. Possuía uma grande visão do futuro e desejo de viver a espiritualidade do Carmelo de modo vivo e atual. Empenhou-se em acompanhar com a comunidade o Concílio Vaticano II.
Com idade avançada, acostumada com a fragilidade e a pouca saúde, mas não ouvindo muito a natureza, lutou sempre para realizar todos os seus compromissos de Carmelita. Um número cada vez maior de pessoas a procurava para pedir um conselho e direção espiritual. Sua fraqueza ia aumentando, manifestando-se os primeiros sintomas da doença que a levou a um lento calvário de sofrimento até à morte.
Escrevera em suas memórias: “Como é bom estar nas mãos, no coração de nosso Deus! Como saboreio o seu amor, a sua ternura!” Se assim foi sua vida, assim foi também nos últimos dias de sua existência terrena. Estes foram de um longo e profundo silêncio… silêncio adorador…silêncio reparador…silêncio de ação de graças…
No momento solene do abraço do Pai, estavam presentes sacerdotes amigos e a comunidade, aguardando a consumação do sacrifício.
Assistida por toda a comunidade, ao redor daquele leito que se transformou num Santuário sagrado, finalmente adormeceu no Senhor, no dia 14 de novembro de 2005.
O corpo de Nossa Mãe foi exposto junto à grade do coro e às primeiras horas do dia, o povo veio prestar a última homenagem. Devido à grande multidão e numerosos sacerdotes presentes foi decidido celebrar o funeral na Igreja Matriz. O cortejo fúnebre assemelhava-se à procissão do enterro do Senhor Morto na Sexta-Feira Santa.
Entrando o cortejo na Matriz de Nossa Senhora d’Ajuda, a urna carregada pelo clero foi aplaudida pela multidão de fiéis que lotavam a Igreja.
Na verdade cada um que participou do cortejo sentia-se diante de uma pessoa amiga que partira para grande e aprazível viagem, mas deixando muito viva a sua lembrança. E cada um carregava a certeza de ser levado também no coração, por esta que tanto amava.
Viver é iluminar durante a vida e depois dela! O tempo foi passando e sua memória não foi esquecida.
Devido à fama de santidade e de graças alcançadas por sua intercessão, o Bispo Dom Diamantino, de acordo com a Comunidade do Carmelo São José, introduziu em Roma o pedido para abertura do Processo de Beatificação. O pedido foi aceito.
Para abrigar os restos mortais de Nossa Mãe foi construída uma Capelinha para que, à sombra do Carmelo, junto às suas filhas, ela continue intercedendo por todos aqueles que, nesse lugar de paz e oração, a invocam com confiança.
No dia 4 de março de 2012 realizou-se a abertura do Processo de Beatificação, cujo Postulador é o Dr. Paolo Vilotta. O Processo encontra-se em pleno andamento.