MEC Daisy x Braille e uma palestrante desinformada
Por Bruno Máximo/Colaborador
Na semana passada, comecei a contar sobre a queixa de uma amiga e essa conversa gerou reflexão sobre o Mecdaisy, um projeto do Governo Federal que, na teoria, disponibiliza materiais acessíveis (livros) para pessoas com deficiência visual. Pois bem, hoje, dou sequência ao assunto, alertando que o Braille está longe, muito longe de ser substituído e que em nada está ultrapassado – é atual, é útil, é linguagem. Vamos lá…
… A conversa com minha amiga rendeu… Essa pessoa me disse que há um tempo foi uma certa palestrante na cidade dela, e que a palestra aconteceu na câmara municipal de lá! Disse que a convidada soltou a pérola que os livros em Braille estão ultrapassados, e que agora a grande “modernidade” seriam os livros em formato MecDaisy. Dá para aguentar? Acontece que, depois dessa palestra, minha amiga está com dificuldades, inclusive no município dela, para conseguir material acessível para estudar.
Sabe o que nos deixa entristecidos quanto a isso? Esses “palestrantes” irresponsáveis que vão por aí com impropérios como esse, em cidades pequenas de interior, dizendo ou tentando dizer aquilo que acham ser realidade do país inteiro, quando não é bem assim.
Na cidade da minha amiga há muita falta de recursos de acessibilidade, é aquela típica cidade de interior, pacata, e eu entendo o que ela está passando. O que eu não entendo, é como uma pessoa que se diz palestrante sai com a baboseira de que o Braille está ultrapassado ou que o Braille é uma coisa antiga e que ninguém o usa mais.
Somente em dizer que ia escrever sobre o Braille já me apareceram cinco pessoas guerreiras, lutadoras que, assim como eu, têm a exata noção daquilo que falam, e que não saem espalhando besteiras por aí sem saber o que dizem.
Você pode ler meu texto publicado em minha página no Facebook no seguinte endereço: https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=2238844309675411&id=100006495917214&refid=17&_ft_=top_level_post_id.10214024672200365%3Atl_objid.10214024672200365%3Athid.100006495917214%3A306061129499414%3A10%3A0%3A1509519599%3A-3163782022285375480&__tn__=%2AsH-R
O que me admira, é saber que pela falta de conhecimento dos prefeitos sobre o assunto, apareçam pessoas oportunistas – como essa “palestrante” – que não medem as suas palavras, e ainda atrapalham a vida de quem ainda nem tem acesso à acessibilidade.
Eu prometi a essa minha amiga que não ia deixar isso passar em branco, pois eu sei o que é morar em uma cidade de interior onde o que menos se pratica de forma séria é a acessibilidade, o respeito para com as pessoas com deficiência. Penso que por mais que a gente ache o máximo os livros em formato áudio livro, ou Mecdaisy, ele não é a solução tão esperada pelo MEC, ou pelos deficientes visuais que levam a literatura, a arte de ler e escrever bem a sério.
Sobre a “palestrante”, eu bem que gostaria que ela viesse aqui em Três Pontas porque eu colocaria “ela” bem no lugar dela. Felizmente aqui em Três Pontas, as pessoas que estão na Educação, nunca chamariam uma aberração dessas para palestrar aqui, pois já sabem que o Braille é algo necessário na educação inclusiva. Felizmente aqui em Três Pontas ninguém compra gato por lebre, pois sabe que não se faz cassada de cão com um rato.
Bem, eu escrevi esse texto por pensar que algumas pessoas não têm o direito de falar por nós, quando de fato não nos representam. Você “palestrante” não nos representa com essas ideias equivocadas, e jamais nos representará… Nós, pessoas comprometidas com a verdadeira inclusão, jamais seríamos representadas por pessoas que deturpam a inclusão na prática.
É isso… Até semana que vem.