Maria Dolores lança “A lua no terreiro”, tendo como pano de fundo a pandemia e seus dilemas bem atuais
Recém-divorciada, Beatriz é uma “workaholic” que abandona a carreira bem-sucedida de executiva em uma grande empresa e se muda com os dois filhos para um sítio no interior, para fugir da pandemia da Covid-19. Na vida real, muitos também modificaram suas vidas nesse período, o que torna a história vigorosa e atual, como conta Maria Dolores: “A ficção ficou por conta dos personagens e da narrativa de cada um deles. São todos – personagem e respectivas histórias – ficção, mas poderiam ser realidade. São pessoas e acontecimentos que estão por aí, ao nosso lado e em nós mesmos”.
Tudo começa com a pandemia inesperada. Embalada pela culpa de não conseguir dar atenção aos filhos trabalhando em casa e pelo medo do vírus, Beatriz toma a decisão de ir para um lugar remoto e tentar ser mãe e mulher em tempo integral, como nunca fizera. Mesmo sabendo que pedir demissão era a única perspectiva, a executiva treinada para avaliar cenários e tomar decisões estratégicas assertivas salta no escuro, mas, ao menos, deixa o medo do outro lado da porteira.
A personagem Beatriz no dia a dia da vida no campo empreende uma jornada de descobertas e repensa toda sua trajetória. O que, afinal, é mais importante? Valores como cumplicidade e amizade, por exemplo, ganham espaço quando ela e os filhos conhecem dois homens octogenários e ela desvenda um segredo guardado por 72 anos.
Atos simples como abrir a porta e sair, varrendo o ar da noite e dos sonhos para trazer novos ares para um novo começo determinam um significado especial no livro, como nesse trecho: “Devagar, pé ante pé, com a pompa e circunstância exigidas pela ocasião, saí. O primeiro degrau, o segundo, a soleira. Ali eu estava, no almejado lado de fora. Abri meus braços, assim como a porta atrás de mim. Cada parte do meu corpo abraçando a sensação inigualável de poder sair. Como eu nunca havia pensado nisso? Menosprezado esse gesto tão corriqueiro – ou a mera possibilidade – de poder sair de casa?”
A pandemia também transformou a vida da autora. Há mais de dez anos realizando festivais de música em todo o Brasil, com o isolamento social retomou aquilo que mais gosta de fazer: escrever. E foi um reencontro importante tecer essa trama sobre escolhas, perdas, impotência, aceitação e, sobretudo, amor.
Então o livro saiu…
Maria Dolores revela que, no começo da pandemia, ela, o marido e os três filhos ficaram 40 dias dentro do apartamento pequeno, em São Paulo. Foram dias complicados de medo e insegurança e resolveram ficar em um sítio em Três Pontas, no sul de Minas Gerais, onde cresceram. “O plano era passar quinze dias, mas acabamos ficando seis meses. Foi uma experiência marcante. Com mais tempo em casa, embora trabalhando online, retomei a escrita. Um dia, sentada sob o sol descascando uma laranja, achei que aquilo tudo dava uma história e comecei a escrever o livro.” Além da Beatriz, os outros personagens da obra foram surgindo com o avanço da narrativa, nenhum foi planejado. Só um foi inspirado em um tio tataravô querido, que morreu há poucos anos.
Outro destaque no livro é a identificação que a autora acredita que muitas mulheres terão com Beatriz: “Nós, mulheres, tentamos dar conta de tudo. E, na correria do dia a dia, das muitas demandas, não paramos para pensar no que realmente importa na nossa vida. Isso exige coragem, porque podemos descobrir também que temos que abrir mão do que não importa e dizer não. Espero que a jornada de Beatriz possa ajudar as mulheres a repensarem seus caminhos para descobrir o que realmente vale a pena em uma existência plena e feliz”.
Na obra, a volta do ex-marido de forma mais intensa para a vida de Beatriz, também reflete relações cotidianas que foram reviradas durante a pandemia: “Soube que muitos casais se separaram. Uma coisa é certa, ninguém sai ileso a um acontecimento dramático. E a pandemia foi – e tem sido – um acontecimento dramático, que fez todo mundo mudar a vida, uns mais outros menos, mas ninguém escapou”, reflete Maria Dolores.
Assim como a protagonista do livro, ela repensou suas prioridades e percebeu, durante essa fase, o quanto era importante retomar a escrita: “Eu achava que só poderia escrever quando tivesse um tempo e um local apropriados. Mas senti que esse tempo e local nunca chegariam. Escrevi como deu. E foi maravilhoso. Estou muito feliz, já escrevi outro livro depois disso, que estou corrigindo agora, e espero não parar mais”, conclui.
Ficha técnica
Editora Penalux
Edição: França & Gorj
Arte da capa: Milton Lima
Diagramação: Talita Almeida
Gênero: romance
Páginas: 238
Formato: 14X21
Preço: R$ 44,00
E-book: R$ 9,90
https://www.editorapenalux.com.br/loja/a-lua-no-terreiro