Hospital de Três Pontas (II): Médicos certificam gravidade; há temor de demissão em massa
A classe médica também tem sido afetada pela superioridade das despesas sobre a arrecadação mensal da Santa Casa de Três Pontas. A instituição deve a esses profissionais os salários de novembro, dezembro, março e abril somando R$ 1,2 milhão. O administrador hospitalar, Sílvio Denis Grenfell explica que os salários de janeiro e fevereiro foram pagos com recursos carimbados, oriundos da subvenção municipal.
Diante do desânimo implantado pelos atrasos, o diretor técnico, Eduardo de Vasconcelos Camargo, teme uma demissão em massa. “A situação é muito delicada. Os médicos de Três Pontas são qualificados, então, eles têm onde trabalhar, têm portas abertas. E nós temos dificuldade em aumentar a equipe, em arrumar plantonistas porque ninguém quer vir para não receber. As outras cidades da região têm, sim, responsabilidade até porque o atendimento aos moradores dá prejuízo”, citou o cirurgião geral. Ele não quis denigrir a prestação de serviço aos vizinhos, mas apenas reforçar que o Hospital São Francisco de Assis é quem paga o que o SUS deveria arcar.
O pneumologista, diretor clínico do Hospital, Marcus Vinicius Souza Couto Moreira, entregou ao vice-presidente da Câmara, Benício Baldansi, que presidia a reunião realizada nesta quinta-feira (1º) no Plenário Presidente Tancredo Neves, uma lista de materiais e equipamentos que precisam ser providenciados em caráter emergencial. Depois de explanar sobre o desdobramento dos médicos ao cobrir vagas, ao assumir plantões em várias especialidades em único turno – ele pediu que a ajuda seja pensada com carinho, justificando que o Hospital de Três Pontas está em estágio terminal.
Na opinião do chefe do Pronto Atendimento Municipal (PAM), Dr. Lucas Eduardo Erbst Marques, a luta da Santa Casa é ingrata, mas nobre porque apesar de “déficit atrás de déficit” a instituição ainda oferece suporte aos doentes. Dr. Lucas acredita que a reversão do quadro depende da ajuda de todos – municípios e cidadãos. E alerta: “é preciso repensar senão o Hospital não vai suprir a demanda de Três Pontas e região”.
Na oportunidade, o provedor da Santa Casa Michel Renan Simão Castro completou. “Se a Santa Casa fechar, haverá um caos também no Pronto Atendimento. Não tardem a nos dar uma resposta. Sabemos que todas as cidades estão sendo sacrificadas pelo Estado, mas Três Pontas ainda pode dar algo para os moradores daqui e de outros municípios”.
A solicitação foi direcionada aos prefeitos, vereadores e secretários de Saúde de 27 municípios atendidos pelo Hospital São Francisco de Assis, através da Programação Pactuada e Integrada (PPI).