Horário de Verão: Ainda não se adaptou? Siga as dicas…
Já se passaram dez dias, mas muita gente ainda reclama de um certo cansaço atribuído ao horário de verão. Desde o domingo (18), milhões de brasileiros adiantaram os relógios em uma hora nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e no Distrito Federal. Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) o objetivo da medida é a redução da demanda no período de ponta, entre 18 e 21 horas. A estratégia é aproveitar a intensificação da luz natural ao longo do dia durante o verão para reduzir o gasto de energia.
A determinação poupa o País de sofrer consequências da sobrecarga na rede no decorrer da estação mais quente do ano quando o uso de eletricidade para refrigeração, condicionamento de ar e ventilação atinge o pico. No entanto, contribuir para que haja ganhos com a redução do consumo de energia global para certas pessoas se torna um sacrifício enorme. São aquelas que demoram a se acostumar à mudança e sentem na pele, ou melhor, no físico alguns efeitos, sendo o sono fora de hora, o principal.
E isso é normal. O organismo humano é, digamos, programado para adormecer e despertar conforme a luminosidade natural, ou seja, dormir quando escurece e acordar com o nascer do sol. Esse ritmo é muito mais complexo do que se imagina e inclui até produção de hormônio. É claro que, com a energia elétrica, cada um ganha a possibilidade de adequar esse compasso às suas necessidades diárias, de trabalho e estudo, por exemplo, determinando os horários de repouso e vigília.
O horário de verão chega impondo uma alteração a esta rotina. “Geralmente, nesta época, as pessoas dormem mais tarde e acordam mais cedo – quando ainda está escuro. O sono é que repõe as energias para a pessoa enfrentar o dia. Se a noite não for bem dormida e se as horas de sono – que variam de pessoa para pessoa – não forem cumpridas, com certeza, a sonolência virá naturalmente durante o expediente, durante a aula”.
A explicação é da Psicóloga e Membro do Grupo de Pesquisa Avançada em Medicina do Sono do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), Joseane Lima. Ela conta que em seu ambiente de trabalho registra muitas queixas relacionadas ao adiantar dos ponteiros. “A mudança é regulamentada por Decreto, então, temos que seguir a determinação, mas existem alguns truques que nos ajudam a adaptar a ele com um pouco menos de sofrimento”, estimula.
O primeiro passo, ensina Joseane Lima, é aceitar o Horário Brasileiro de Verão como uma realidade e acertar os relógios da casa, do celular, do computador, de pulso, enfim, todos aos quais a pessoa tem acesso. Depois disso, o jeito é seguir as horas, sem adiar as atividades diárias.
Outra dica que tem obtido bons resultados por parte de pacientes e colegas de trabalho, segundo a Psicóloga, é nas primeiras semanas do novo horário ir para a cama 15 minutos mais cedo para habituar o organismo – ao contrário do que a maioria faz que é estender as horas acordado.
“É bom preparar o quarto para o adormecer. Não ligue a TV porque a programação pode interessar e despertar a pessoa ainda mais. Quem gosta pode e deve colocar uma música suave, bem baixinho. Evite luzes acesas ou a entrada de claridade intensa”, diz. Tomar um banho morno antes de dormir também pode ser favorável.
“Tudo que gera mal-estar, incômodo gera sofrimento e ninguém quer viver mal, então, nesta fase de adaptação do corpo cada um precisa achar o seu meio de melhorar a sua qualidade de vida. Ao despertar, tome um banho um pouco mais frio para espantar a sonolência e um bom café”, completa a Psicóloga.
Mais um detalhe é se hidratar, praticar exercícios físicos regularmente, mas sem exageros sobretudo no primeiro mês do novo horário e cuidar da alimentação optando por pratos leves que combinam muito bem com os dias e noites quentes da primavera-verão. Tudo isso interfere na qualidade do sono.
Ah! Organização também é importante. Programe o dia seguinte e deixe algumas coisas já preparadas antes de dormir, a roupa a ser usada e a mesa do café, por exemplo. De acordo com Joseane Lima, isso evita o estresse, caso a pessoa saia da cama com aquela vontade de ficar mais um pouquinho. “O mau humor, a irritabilidade podem gerar perda de produtividade e dificuldade nos relacionamentos. Estamos em um período de mudança, vamos aceitar isso e buscar a adaptação. Depois o organismo entra no ritmo e tudo flui bem”, finaliza.
Estimativas
O horário de verão representa uma redução da demanda, em média de 4% a 5%. Ainda conforme o Ministério das Minas e Energia (MME) quando a demanda diminui, as empresas que operam o sistema conseguem prestar um serviço melhor ao consumidor porque as linhas de transmissão ficam menos sobrecarregadas. Para as hidrelétricas, a água conservada nos reservatórios pode ser importante no caso de uma estiagem futura. Para os consumidores em geral, o combustível ou o carvão mineral que não precisou ser usado nas termelétricas evita ajustes tarifários.
O horário de verão 2015/2016 vai durar até 21 de fevereiro e a estimativa é que a redução média seja de 4,5% na demanda de energia no País no horário de maior consumo, com economia de 0,5% durante todo o período. O Governo Federal calcula que irá economizar cerca de R$ 7 bilhões.