FECHADO! Anac exclui ‘aeroporto’ de Três Pontas do Cadastro Nacional
A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) emitiu na última quinta-feira (11), uma portaria fechando o Aeródromo Leda Mello de Rezende, em Três Pontas. O documento, assinado dia 4, pelo Superintendente de Infraestrutura Aeroportuária, Fábio Rabbani, determina o encerramento do tráfego aéreo a partir do dia 28 de abril.
A dúvida de manter ou não o Aeródromo em funcionamento se arrasta desde 2010, quando o Ministério Público Federal (MPF) solicitou que fosse desativado o Centro Municipal de Educação Infantil Dona Anita ou o ‘aeroporto’, alegando que o funcionamento de um atrapalha o funcionamento do outro.
A creche, construída em 2011, fica a 50 metros da cabeceira da pista de pouso e decolagem, o que – segundo algumas autoridades – deixa as crianças e funcionários em situação de risco. Diante do argumento, a Anac tomou a decisão de excluir o Leda Mello do seu cadastro de aeródromos.
De acordo com a Prefeitura, o Centro Municipal de Educação Infantil Dona Anita abriga cerca de 100 crianças, assistidas pela Secretaria de Educação. É o único local do Bairro Santana onde as mães podem deixar seus filhos durante o horário de trabalho em ambiente de aprendizado.
O Prefeito, Paulo Luis Rabello, afirma que está estudando uma área mais adequada para a instalação de um novo aeródromo, que esteja de acordo com as normas da Agência Nacional de Aviação Civil.
Espaço poderá ser destinado a eventos culturais e religiosos
Na visão do Prefeito, o espaço poderá ser aproveitado para a criação de uma estrutura para eventos culturais e religiosos. Paulo Luis solicitou ao Conselho Municipal de Turismo, a elaboração de um projeto que transforme o local em uma área capaz de receber turistas. A ideia tem por base a experiência vivenciada na Beatificação de Padre Victor, em novembro de 2015, cerimônia realizada no Aeródromo. O Prefeito avalia que a utilização na referida data foi positiva tanto para os visitantes, quando para os moradores das proximidades.
Satisfação
Feliz com a decisão da Anac está o Vereador Francisco de Paula Vitor Cougo. Morador do Bairro Santana, ele diz que o CMEI Dona Anita deveria ter sido erguido há, no mínimo, 400 metros de distância da cabeceira da pista. Além disso, afirma, existem em torno do Aeródromo, residências e empresas – o que aumenta o número de pessoas sujeitas a acidentes com o tráfego aéreo no local.
Outro problema, observado durante anos, é a confiança dos cidadãos. Para encurtar caminhos, muito deles cruzam a pista. Crianças são vistas com frequência brincando no espaço e moradores de diferentes partes da Cidade usam a pista – de 1.200 metros de extensão por 30 metros de largura – para praticar esporte. Assim, essas pessoas desafiam um possível perigo vindo das alturas.
Ano passado, o Vereador protocolou no Fórum da Comarca de Três Pontas uma Ação Popular, pedindo a imediata interdição e a desativação em caráter permanente do Aeródromo Leda Mello de Rezende.
“Chico do Bairro Santana” até concorda que a Cidade tenha um aeródromo, porém, afastado da área urbana. Diz ainda que existem várias outras formas de ocupar, melhor e com maior segurança, o espaço que durante décadas ficou à disposição de pouso e decolagem de aeronaves, movimento pequeno que não justifica, na opinião do Vereador, a manutenção.
Revitalização
A pista de pouso e decolagem de Três Pontas foi construída há mais de 70 anos. Na Administração Adriene Barbosa de Faria Andrade (2001/2004) o espaço foi revitalizado, ganhando o nome de Leda Mello de Rezende. A inauguração contou com a presença de inúmeras autoridades, em especial, de lideranças da Aeronáutica brasileira.
À época, a Administração argumentou que o Aeródromo seria fundamental dentro do processo de industrialização do Município, uma das bandeiras daquele governo. Ainda hoje, integrantes da equipe, defendem que a desativação é um retrocesso.
Há quem questione, para defender a permissão do tráfego aéreo em Três Pontas, como ficam os aeroportos de grandes cidades, tais como, São Paulo e Rio de Janeiro – localizados em áreas residenciais e industriais e que possuem movimento de aeronaves para 200 passageiros, decolando e aterrissando, em média, 100 vezes/dia.
Há informações, no entanto, que o maior movimento de aeronaves no Aeródromo Leda Mello de Rezende foi registrado em 2004. Naquele ano, teriam sido sete pousos e decolagens, três deles durante a Expocafé. O evento é considerado o maior do País, relacionado ao agronegócio café. Mais recentemente, o movimento era de aeronave realizando vôos panorâmicos.