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Expocafé – A Outra Face: Diretor de uma das 80 maiores empresas do Brasil afirma: “parece que o evento não tem dono. Falta estrutura e isso impacta mal”

Expocafé

Estrutura precisa melhorar, segundo empresário

A Expocafé é sempre divulgada como a maior feira do agronegócio café do Brasil. A 19ª edição começa hoje (7) na Fazenda Experimental da Epamig, em Três Pontas. Mais de 150 empresas participam motivadas pela expectativa de R$ 200 milhões em negócios fechados e prospectados. Organizadores estimam ainda que 20 mil pessoas vão passar pelo local, conhecendo e adquirindo tecnologia, máquinas e equipamentos especialmente desenvolvidos para o setor.

Mas existe outro lado. O evento que se firmou como orgulho para a chamada Capital Mundial do Café começa a sinalizar sérios problemas e insatisfação. O diretor de uma das 80 maiores empresas do País observa falhas que, segundo ele, já comprometem a participação, consequentemente, a permanência e o crescimento da feira. Há, de acordo com o empresário, carências estruturais na área de realização e na cidade. 

Ele comenta que a confusão que tem se formado em vários aspectos leva à impressão de que o evento não tem dono. 

Na Fazenda

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Lama ainda permanecia após rápida estiagem, em 2012

Em 2012, uma sequência de dias chuvosos causou grande transtorno para expositores e visitantes. Carros ficaram atolados no estacionamento e a lama que se espalhou por grande parte onde estavam os estandes dificultou a circulação das pessoas. 

Chove em Três Pontas e a previsão de continuidade das águas no decorrer do evento, até sexta-feira (10), começa a tirar o sossego de muitos que, afirmam, pagaram caro para estar na edição 2016.

Se a sujeira molhada desanimou há quatro anos, a ausência de um piso compactado, mesmo que à base de brita, incomoda também em tempo firme, conforme observa o empresário. Para ele, a poeira atrapalha e pode até comprometer a saúde dos participantes.

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Expositores e visitantes protegidos de sol e chuva. Estrutura é um dos pontos fortes da feira de máquinas, implementos e insumos agrícolas da Cooxupé (Foto: femagri.cooxupé)

“A feira de Guaxupé teve início depois e ultrapassou a Expocafé. A estrutura é toda coberta com tendas, todo mundo anda em tudo, sem tomar sol ou se molhar, além disso, o espaço é asfaltado. Como em Três Pontas o evento acontece em uma propriedade de pesquisa acredito que o asfaltamento seja inviável, talvez até proibido, mas no mínimo os organizadores deveriam calçar tudo, e não apenas algumas partes, com brita. A cobertura semelhante à de Guaxupé resolveria grande parte dos problemas”.

Em março, a Femagri, promovida pela Cooxupé superou expectativas. A feira recebeu, na 15ª edição, mais de 35 mil visitantes compradores e cresceu, conforme divulgação parcial, 25% em negócios, comparando-se aos R$ 120 milhões gerados em 2015. Para esse ano, a previsão de crescimento era de 16%.

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Chuvas podem repetir situação de desconforto e insegurança nos expositores e também afastar visitantes (Foto: arquivo 2012)

Na Expocafé, o estacionamento é outro ponto falho, ainda na avaliação do empresário. Está pequeno para um público estimado em 20 mil pessoas. O número de banheiros também. E, embora existam lanchonete e dois restaurantes no espaço – um particular e outro montado especificamente para o evento – a formação de fila é inevitável.

Mais uma observação vinda do diretor executivo é que os expositores encontram dificuldades no manuseio de certos produtos. Descarregar mercadorias e colocar cargas em caminhões de transporte se tornam tarefas difíceis sem empilhadeira. “Todas as grandes feiras do Brasil”, diz, “oferecem esse suporte, com exceção da Expocafé”.

O investimento é alto demais, avalia, para três dias de possíveis negociações. A Expocafé será aberta ao público de quarta a sexta-feira (8 a 10). Assim, sugere o entrevistado, deveriam ser ao menos quatro dias de contatos com clientes, possibilitando maior compensação dos gastos elevados. 

Na Cidade

Há dez anos, o empresário (que prefere não ser identificado) vem à Expocafé. No ano passado, desistiu de almoçar na feira por causa da superlotação, e se deslocou com equipe e alguns amigos até Três Pontas, a cinco quilômetros da Fazenda Experimental. Na cidade achou restaurantes fechados e em reforma. Optou em fazer a refeição em Varginha.

O Sintonizeaqui entrou em contato com quatro restaurantes trespontanos. Um estenderá o período de almoço “enquanto houver movimento”. Outro não servirá almoço, abrindo como de costume no final da tarde. Outro mais seguirá o horário normal das 11 às 14 horas, depois atenderá à La carte. E outro funcionará o dia todo, começando a servir às 11 horas a La carte. 

O empresário aponta ainda que faltam leitos nos hotéis. “As acomodações são insuficientes para o período da Expocafé. Imagine, são mais de 100 empresas instaladas aqui que se deslocam de suas cidades de origem com suas respectivas equipes de técnicos, vendedores. Vêm ainda recepcionistas, estudantes, pesquisadores, políticos”.

Em contato com a rede hoteleira, a informação foi confirmada. Não há vagas e a procura continua.

Bairro Santana sentido Avenida Ipiranga

Aeródromo fechado é mais um ponto negativo, segundo empresário de uma das mais fortes companhias do Brasil

O expositor destaca também o fechamento do Aeródromo Leda Mello de Rezende que forçará os grandes empresários a pousos e decolagens em Varginha. Depois, eles percorrerão  mais de 25 quilômetros pela MG-167 até a Fazenda Experimental, tempo que poderá comprometer o cumprimento de agendas.

Em relação à estrutura, o empresário conclui. “São 19 anos de Expocafé. A feira é excelente para Três Pontas e para a região, movimenta a economia, mostra o município para todo o Brasil e para o exterior. Mas, infelizmente, Três Pontas ainda não acordou para a importância do evento e parou no tempo”.

A Expocafé é realizada pela Epamig/Governo de Minas. Conta com o apoio institucional da Universidade Federal de Lavras (Ufla), Emater-MG, Prefeitura de Três Pontas, Cocatrel e Consórcio Pesquisa Café. Também apoiam Unimed e Associação Comercial de Três Pontas e Fuzil Ferramentas. Neste ano, o patrocínio é assinado pelo Sistema Fiemg, TOTVS, CEF e Governo Federal. 

Saiba mais 

Alguns empresários de Três Pontas que participarão da Expocafé 2016 decidiram também falar sobre o assunto. Uma entrevista coletiva está agendada para às 16h30min, na sede da Acai-TP. Representantes da mídia local confirmaram presença.  

 

 

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