Exclusivo: Moradores do Bairro Santana desejam ruas bem iluminadas, rodoviária e Santuário de Padre Victor no lugar do Aeródromo
Moradores do Bairro Santana, em Três Pontas, estão satisfeitos com a notícia do fechamento do Aeródromo Leda Mello de Rezende. Com a decisão da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), publicada no Diário Oficial da União no dia 5 de fevereiro, muitos cidadãos que residem nas proximidades já visualizam o espaço, que é destinado a pouso e decolagem de aeronaves, ganhando outra utilidade.
Dona Maria Francisca da Silva reside no Bairro há 22 anos. Ela conta que “se encolhe toda” quando um avião se aproxima da cabeceira da pista. O medo é de uma aeronave cair sobre as casas, inclusive a dela, que fica há poucos metros ou ainda atingir o vizinho Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Dona Anita, onde estudam aproximadamente 80 crianças assistidas por cerca de 20 funcionários da Prefeitura.
Acesso
“Acho muito perigoso, então, achei a notícia do fechamento maravilhosa. Para mim, a primeira coisa a ser feita é abrir uma rua e colocar os postes de luz para a gente passar”.
A sugestão de dona Maria lidera a lista de desejos da comunidade. Em conversa com várias outras pessoas, elas apontaram que o Santana é isolado e, para encurtar caminho, muita gente se arrisca atravessando a pista a pé.
O perigo não vem somente das alturas. Segundo os moradores, marginais conhecem a rotina dos transeuntes e fazem campana. Atacam, furtando celulares, carteiras e apavorando quem passa por lá. Sem iluminação, o Aeródromo também atrai usuários de drogas e tem sido ponto de prostituição, conforme os relatos colhidos na manhã desta segunda-feira (22). “Até luau o povo tem feito aqui. É uma bagunça de som e bebida que tira o sossego”, comenta uma dona de casa.
Transporte Coletivo
Em segundo lugar, na opinião dos residentes, a atual e a próxima Administração devem priorizar a construção de uma rodoviária, justamente na extremidade de pouso. Muitos entendem que, com a proximidade da Rodovia MG-167, a edificação facilitará para os usuários das linhas coletivas. A justificativa mais forte é que o terminal rodoviário existente na Cidade já não atende à demanda, o que vai piorar – analisam os entrevistados – com o crescimento do turismo religioso em torno de Padre Victor.
Outra sugestão é que a nova rodoviária se torne o ponto final da “circular” e de veículos que transportam trabalhadores rurais. O Bairro é atendido pela linha de transporte coletivo urbano, mas o horário é restrito. Os ônibus começam a passar por lá às 11 horas e circulam até às 19 horas, conforme informou a empresa responsável. Nos outros bairros, o serviço é prestado das 6 às 23 horas.
“O acesso é muito difícil. A população daqui, na maioria, é carente. São poucas as famílias que têm carro. Todo dia a gente vê idosos cruzando esse caminho perigoso em busca de consultas médicas, de remédios. Todo dia a gente vê adolescentes cruzando esse caminho perigoso para ir à escola. Então, precisamos dar mais conforto, segurança e qualidade de vida aos nossos moradores, abrindo e iluminando ruas. Talvez assim, até a ‘circular’ fique por aqui mais tempo”. A defesa vem do Vereador, Francisco de Paula Vitor Cougo – conhecido como “Chico do Bairro Santana”.
O Parlamentar afirma que há anos luta para integrar o Santana. Uma das ideias dele é que as ruas Olavo Diniz e Ângelo da Silva Rios – hoje separadas pela pista do Aeródromo – sejam unificadas. Com a exclusão do Aeródromo do cadastro nacional pela Anac, Francisco acredita que o desejo antigo será concretizado e, assegura, não medirá esforços para que esta e outras melhorias aportem no Bairro onde também ele reside.
Devoção
O Beato Padre Victor surge no topo das sugestões. Para o Vereador, a área do Aeródromo Leda Mello de Rezende pode ser melhor utilizada, beneficiando toda a população, inclusive, a parcela mais carente que não faz uso de transporte aéreo.
Com a Beatificação, realizada em novembro de 2015, cresceu no conceito do Parlamentar a necessidade de investimento na construção de um Santuário para o “Anjo Tutelar dos Trespontanos”. Agora, ele visualiza a grande Igreja e o amplo estacionamento sendo erguidos e dando vivacidade ao Bairro, movimentado pelos turistas e devotos. “O nosso querido Padre Victor não tem uma igreja específica para ele. A Matriz é de Nossa Senhora d’Ajuda, a Padroeira do Município. Quando ele se tornar Santo, será intenso o movimento de devotos e, na minha opinião, não tem outro local na Cidade mais apropriado para o Santuário”, registra Francisco.
Comércio e Indústria
Luiz Fernando Ribeiro é mais um morador que defende a abertura de ruas e a instalação da iluminação pública como prioridades, caso o Aeródromo permaneça fechado. “O Bairro fica muito isolado e quem anda a pé precisa dar uma volta grande. À noite, a ‘circular’ não passa, então, estudantes e trabalhadores de certas empresas atravessam a pista na maior escuridão. É perigoso e é preciso aproveitar melhor esse grande terreno”, opina.
Há cerca de 20 anos, Luiz Fernando mora no Santana. Sem sair do Bairro, ele e demais moradores encontram apenas uma mini mercearia, uma fábrica de produtos da linha Pet, além de centros religiosos: um católico, um evangélico e um espírita. Ter por perto estabelecimentos comerciais e até mesmo pequenas indústrias está entre as necessidades que Luiz Fernando diz sentir como integrante daquela comunidade.
Ver o espaço do Aeródromo sendo ocupado por supermercado, padaria e açougue está nas predileções de moradores. A saúde e a educação mais próximas de casa também. Mães sugerem que a Administração pense seriamente em construir no Bairro um posto de saúde e uma escola de Ensino Fundamental Anos Iniciais para crianças de 6 a 10 anos.
Ainda segundo os cidadãos, a maioria dos moradores é atendida nos postos de saúde Policlínica e do Bairro Santa Edwirges. As duas unidades ficam longe do Bairro Santana, assim como as escolas – com exceção do CMEI Dona Anita. Aliás, para não desativar a Creche – construída há aproximadamente 50 metros da cabeceira da pista, durante a Administração de Luciana Ferreira Mendonça – a Anac decretou o fechamento do Aeródromo.
Segundo o documento assinado no último dia 4 pelo Superintendente de Infraestrutura Aeroportuária, Fábio Rabbani, o encerramento do tráfego aéreo no Aeródromo de Três Pontas será em 28 de abril.
Pelo link abaixo, você acompanha a notícia da decisão da Anac divulgada com exclusividade pelo Sintonizeaqui, na quinta-feira (18).
https://www.sintonizeaqui.com.br/fechado-anac-exclui-aeroporto-de-tres-pontas-do-cadastro-nacional/