Atremar volta à sede própria e coleta seletiva solidária está normalizada
Naquele domingo, 6 de setembro de 2015, começou uma prova de fogo para os catadores de materiais recicláveis de Três Pontas. A sede da Associação à qual pertencem teve o telhado arrancado e paredes caíram. O imóvel, localizado no Distrito Industrial II, se tornou o maior alvo de um temporal que passou pela Cidade.
De imediato, seguranças correram para o local na tentativa de preservar os maquinários e produtos de possíveis furtos. Um barracão foi providenciado e para lá foram levadas as mercadorias comercializadas e que já estavam prontas para a entrega aos compradores.
Por 11 meses, o grupo de trabalhadores continuou sofrendo as consequências da chuva que veio acompanhada de ventos fortes. Todas as atividades foram transferidas para o imóvel que, cedido, foi recebido com gratidão. No entanto, a adequação exigiu malabarismos tanto pessoais quanto econômicos.
A sede provisória era menor. Por incontáveis vezes, a Coleta Seletiva Solidária precisou ser suspensa devido à falta de espaço para acoplar as doações da comunidade. A Atremar deixou de vender para a grande indústria por não mais conseguir atender a uma das exigências, a do enfardamento do produto. O que entrava era comercializado aqui mesmo no Município “picado” e por preços abaixo do mercado.
Caiu a arrecadação, diminuiu a venda. Inevitavelmente instalou-se a redução – algo em torno dos 30% – na remuneração dos chefes de tantas famílias. E a situação não se agravou devido à generosidade do povo, revela a associada que cuida das finanças da Atremar. “A população colaborou doando aos associados cestas básicas, roupas, calçados, produtos de limpeza. Até escolas e a Paróquia Nossa Senhora d’Ajuda se mobilizaram para auxiliar os catadores. O trespontano é acolhedor demais”, conta Evelini Castro.
Transtornos gerados para os vizinhos e até em relação ao trânsito na rua onde estava a sede provisória, no coração da Cidade, também foram dificuldades encaradas pela equipe.
Um novo tempo
Do período “fora de casa”, os catadores tiraram lições e agora trabalham com ainda mais afinco na sede própria que, aos poucos, vai se reestruturando. A infraestrutura oferece mais conforto e segurança, além de atender melhor às necessidades diárias da atividade. Há farto espaço para a separação dos recicláveis e armazenamento. O local permite ainda que as mercadorias sejam novamente enfardadas, processo que agrega valor a cada lote.
Também voltaram os ganhos de pertencer à uma rede, conquista paralisada enquanto a Atremar funcionou de maneira improvisada. Ao todo, nesse momento, 15 municípios participam da Rede Sul e Sudoeste MG, dentre eles, Três Pontas. Estar integrado é vantajoso, explica o Presidente Antônio Aparecido Almeida. A articulação política é um dos benefícios gerados pela união. A Rede está vinculada ao Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR) e ainda aos movimentos Cataunidos (Região Metropolitana de Belo Horizonte) e Catavales (São Paulo). “A gente discute os preços que estão sendo praticados em várias regiões do Brasil e analisa se não estamos sendo explorados na hora da comercialização”, acrescenta. A Rede, por meio de planilhas, orienta sobre custos de entrega (frete e embarque). Assim, mostra às bases se é melhor vender direto à indústria ou ao atravessador.
Além de valores de mercado, a situação dos catadores de cada cidade é sempre discutida e, quando necessário, há debate dentro de fóruns de cidadania – eventos que reúnem autoridades, empresas e outros segmentos.
Coleta Normalizada
“Estamos muito felizes com o nosso retorno ao Distrito Industrial. A Coleta Seletiva Solidária está normalizada. Queremos agradecer à população trespontana, às empresas do Município, enfim, a todos que nos ajudaram a superar aqueles meses de tantas dificuldades”, registra a associada Evelini.
Assim, com otimismo, Castro e os demais membros da equipe seguem com seus deveres, esperando contar – como sempre – com a boa vontade da comunidade. Eles reforçam que a Coleta Seletiva é fundamental para o desenvolvimento sustentável do planeta, à medida que diminui a poluição, principalmente dos solos e dos rios. Outro ganho gerado pela atividade é o aumento da vida útil dos aterros sanitários e controlados das cidades.
A Atremar conta atualmente com 15 catadores associados. Cerca de 60 pessoas dependem parcial ou totalmente da renda desses trabalhadores.
Confira os roteiros da Coleta Seletiva em Três Pontas
Terça-feira
Santa Edwiges
Santa Inês
Santa Margarida
Meia Pataca
Padre Vitor
Vila Romana
São José
Século
Santa Marta
Cidade Jardim
Peret
Eucaliptos
Bela Vista
Jardim Greenville
São Francisco
Vila Marília
Quarta-feira
Distrito Industrial
Vivendas do Bosque I
Vivendas do Bosque II
Vila Rica
Village das Palmeiras
Major Brás
Vicentini
Catumbi
São Francisco de Assis II
Vila Campos
São Vicente
Santa Teresa I
Santa Teresa II
Jardim Brasil
São Gabriel
Chácara Catumbi
Azarias Campos
Vila Rosa
Novo Horizonte
Ouro Verde
Quinta-feira
Esperança
Cohab Ouro Verde
João Piedade Campos
Vale do Sol I
Vale do Sol II
Vale do Sol III
Botafogo
Ponte Alta I
Jardim Paraíso
Jardim Bom Pastor
Jardim Philadelphia
Santana