Eu o alcoólatra
Sarjetas, noites frias ao relento
Orgias das noites, pecado
Assim caminha o farrapo humano
O alcoólatra semilouco embriagado
Amante do espaço sem vida
Assim caminha maltrapilho
Mas, a mãe chora por dentro angustiada
A tragédia que sofre seu filho
Amante também das latas de lixo
Procurando nas latas pão para seu sustento
Mostra a decadência dos desesperados
Que outrora vivi nos meus cruéis momentos
Amante das noites, vulto que caminha
Menestrel maldito, nota sem canção
Amante das doses dos copos malditos
Amante também do sujo balcão
Sentimentos e lágrimas são para ele chorados
Bêbado da noite, mas que sempre cai
Bêbado decadente das noites sem Deus
Mas as lágrimas são sinceras que chora seu pai
Se torna vítima da sua própria tragédia
Mas vive os instantes da cruel ilusão
Bebendo nas doses a morte que mata
É um sombra que cai de novo no chão
É um desesperado que às vezes chora
Procura sorrir, mas embriagado
No palco da vida é um semilouco
Vida sem sentido, um trapo jogado
Fugindo da vida, fugindo de Deus
Mas, vive na bebida seus loucos momentos
Mostra a decadência dos desesperados
Que outrora vivi no íntimo, por dentro
É um grito da noite sem eco, sem resposta
É um grito que se perde na escuridão sem fim
É fim sem começo, ou começo sem vida
É grito que gritei para dentro de mim
Mas, juro pela vida, fui um bebedor barato
Mas sei que um alcoólatra nunca tem valor
Eu fui mensageiro do vício maldito
No placo tão triste da angústia e da dor
Mas rastejando no lodo do vício
Gritei e chorei os momentos meus
No vício que destrói o sentido da vida
Mas não destrói jamais as razões de Deus
Mas as preces que eu tento para Deus pedir
Você faz parte dela no momento agora
Apesar de bêbado você é nosso irmão
Um exemplar passado eu vivi outrora
(Fotos: Ilustrativa Net)