Entrevista: Ismael Tiso fala sobre seu primeiro álbum, ‘Ventos do Sul’
O cantor e compositor Ismael Tiso lançou no final de 2015 o seu primeiro álbum “Ventos do Sul”. As composições mesclam música instrumental muito bem trabalhada e música popular brasileira, desenvolvendo um som bastante subjetivo. Ismael, fala sobre o seu contato inicial com a música e como ela o influenciou na vida, deixando escapar sua adoração pelo “gênero musical Milton Nascimento”, assim definido por ele.
O contato inicial com a música
Ismael Tiso, filho de Maria Elvira Pieve Tiso (Lila) e Ismael Campos Tiso (Marreco), conhecido por Juninho entre os íntimos, revela que seu contato com a música começa quando ainda estava sendo gerado. Na barriga da mãe, ele já podia ouvir os discos do seu pai (que hoje acompanha o filho) e, mesmo de uma forma inconsciente, Juninho já conhecia muita música brasileira de qualidade. O ensino técnico de piano veio aos sete anos, por incentivo e desejo do pai, mas as coisas foram se perdendo, o menino foi crescendo e as teclas foram ficando de lado e, aos poucos, outras escolhas fluíram de forma natural.
Segundo Ismael, desde criança, existia nele uma grande curiosidade em torno da música, mas, além disso, a cobrança familiar estava presente, e esperavam vê-lo dominar logo cedo algum instrumento. Os Tiso são conhecidos por ser uma tradicional família de músicos, que tem grande importância histórica no Sul de Minas e, sendo Ismael integrante desta, pôde buscar seus caminhos de forma prazerosa e, assim, formou-se em música pela Universidade de Três Corações (Unincor-MG) estudando posteriormente mais um ano no Conservatório de Música de Tatuí (SP).
Ventos do Sul
O álbum começou a ser gravado no meio de 2013, mas algumas de suas composições foram feitas aos longos dos anos, com músicas de dez anos atrás.
O trabalho foi árduo até que o músico pudesse conseguir fechar o conceito esperado. A música que dá nome ao CD é uma composição musical de João Marcos Veiga – “Ventos do Sul”, e faz referência ao vento místico da Espanha, lá chamado de Ventos do Norte. E foi assim… desejando ganhar espaço com seu sopro, que o primeiro álbum de Ismael teve sua origem no Sul de Minas Gerais, mas seu destino ainda é desconhecido, porém, certamente grandioso. A escolha do nome da música para o CD, veio da percepção do próprio Ismael Tiso, que percebeu uma identificação imediata dos ouvintes e, se ligando a esses detalhes, fez sua escolha. Algumas composições, o músico afirma que são parcerias entre amigos, dentre eles, Miller Sol e João Marcos, além de uma curiosa parceria entre Clayton Prósperi e Tiso, que na música “A Primeira”, se dividem, deixando parte da música sendo obra de um e a outra metade do outro.
A Colaboração
Sem modéstia, ele foi claro, “99% de mim comigo mesmo”. As colaborações existiram, mas o trabalho e execução ficaram a encargo da persistência do músico. Tiso, fala da colaboração para a saída de arte do CD, executada pelo competente Milton Lima e cita novamente seus parceiros musicais.
O mestre Milton Nascimento
Quando o assunto é Milton Nascimento, a coisa fica séria. “Bituca é um gênero musical, ele é o grande rio que alimenta seus braços… (uma pausa) E ele é caudaloso” – diz Ismael.
O trespontano gravou pela primeira vez ao lado de Bituca em 2010 e diz ter sido fantástico. O fato é que desta parceria, surgiu a oportunidade de ter uma música gravada pelo grande mestre: a 4ª faixa: “Do Samba, Do Jazz, Do Menino E Do Bueiro” do álbum I. Mais uma vez, em um momento feliz, Milton Nascimento prestigia o amigo músico, o momento foi registrado e uma foto de Bituca com o “Ventos do Sul” nas mãos circula pelas redes sociais.
A mensagem
Quando indagado sobre qual a mensagem que deseja passar com seu trabalho, Ismael diz que “A mensagem parte do ouvinte, da sua própria interpretação, na sua maioria subjetiva”. Ele deixa o espaço para a interpretação individual e viajada.
Ismael poderia dizer que a mensagem que deseja passar é só de paz e de boas sensações, ligadas talvez à natureza, mas a sua real intenção é que a cada música, os “Ventos do Sul” possam despertar em cada um sensações distintas da última vez que esteve ouvindo a mesma canção. “Eu tive que enfrentar a dificuldade de fazer um trabalho conceitual, que gera uma sensação diferente. O interesse maior sempre foi querer que as pessoas passem a vida ouvindo aquele CD”.
Maior desafio
“Movimento, o desafio principal é o movimento”, explica.
Para ele, a mídia democrática é rápida e as coisas tendem a passar da mesma forma, porém, elas não vão ficar por muitos anos. A importância da comunicação passa por estímulos um pouco maiores, necessitando de movimentação, interação, alma. Para o músico, isso significa muito mais que apenas um trabalho disponível, significa ter consciência do que foi desenvolvido e seus desafios posteriores, e é assim que o movimento começa.
As criações de Ismael Tiso são conceituais, não são populares e de fácil interpretação. Ele teve a intenção de fazer com que os interesses das pessoas pela boa música permaneçam com o passar dos anos.
O Futuro
“Agora é fazer shows de lançamentos e trabalhar bastante. Coisas novas surgindo em 2016, novos trabalhos, iniciar outros e não parar mais.” – sucinto, explica.
Onde adquirir o álbum Ventos do Sul
No mercado livre e em algumas lojas em Três Pontas, já é possível adquirir o álbum “Ventos do Sul” de Ismael Tiso. Mas em breve, afirma nosso entrevistado, estará disponível em todo o Brasil. Uma página na rede social Facebook foi criada e intitulada “Ismael Tiso – Ventos do Sul”, e é um local onde as pessoas podem encontrar mais informações sobre shows, além de poder acompanhar a carreira e interagir diretamente com Ismael Tiso.
Entrevista concedida ao Canal Ultranativo em 06/01/2015 = http://canalultranativo.com.br/entrevista-ismael-tiso-fala-sobre-seu-primeiro-album-ventos-do-sul/