Emoção aflora durante Missa e Sepultamento de Padre Felipe de Assis, em Três Pontas

O pedido dos padres da Paróquia Nossa Senhora d’Ajuda foi acatado pelo Bispo da Diocese da Campanha, Dom Pedro Cunha Cruz, e o comunicado de autorização feito à mãe, dona Sueli, que consentiu que o corpo de Felipe Alves de Assis repousasse na Cripta da Matriz Nossa Senhora d’Ajuda, a majestosa Igreja no centro de Três Pontas. Sob aplausos, os restos mortais do jovem padre, de apenas 32 anos, foi conduzido do altar até o túmulo na manhã desta sexta-feira (30). No cortejo composto de padres da cidade, de vários munícipios da região (Coqueiral, Nepomuceno, Elói Mendes, Candeias, Careaçu, Cordislândia, Itabira, Coronel Fabriciano, Pouso Alegre), de Belo Horizonte, São Paulo e Paraná e ainda por Irmãs Carmelitas havia um misto de serenidade, de gratidão pelo tempo de convívio e de tristeza. Sim, Felipe, “tu és sacerdote pra sempre”, cantaram o coral, família, amigos, companheiros da caminhada pastoral, uma comunidade inteira representada por quem esteve lá, na despedida.

Padre Felipe faleceu na madrugada de ontem (29) na Santa Casa de Misericórdia de Itajubá para onde foi transferido na quarta-feira (28). O coração do pastor trespontano de olhos vibrantes, de sorriso generoso não aguentou a pressão trazida pela Histoplasmose Pulmonar. Padre Felipe estava em Três Pontas, sua terra natal, em período de férias. Teve a oportunidade de rever a mãe, o irmão Otávio, dona Lurdes – a avó, o padrasto, parentes, vários amigos, as Irmãs do Carmelo São José, de rezar na Matriz d’Ajuda onde começou como coroinha e até de programar pequenas viagens aqui por perto. No entanto, os sintomas que apresentava há cerca de 30 dias se agravaram e ele precisou da rápida internação para, em seguida, pegar uma estrada mais longa, com certeza conduzido pela Ave Maria à quem o seu povo e o clero visitante confiou a direção.  

O corpo foi velado na Matriz d’Ajuda e as celebrações na noite passada emocionaram. Hoje, a Missa Exequial foi ainda mais marcante, presidida pelo Monsenhor Emerson Zella, pároco da Catedral de Paranaguá e vigário geral da Diocese de Paranaguá (PR). Na Homilia, Monsenhor Emerson consolou e encorajou, sobretudo, dona Sueli. Lembrou da luta de padre Felipe que paroquiava a Paróquia São Francisco de Assis, de Tunas do Paraná, pertencente à Diocese parnanguara. “Ele falava: eu sei em Quem acreditei”, reproduziu o lema do padre que, com sua jovialidade, deixou as Minas Gerais para enfrentar “com muita consciência de fé, o Vale da Ribeira”. “Seu filho, dona Sueli, orgulhe-se disto, cuidou de um povo que precisava ser cuidado. Ele foi presença de Deus para aquele povo”, registrou o Monsenhor com voz embargada.

Do Paraná, seis outros padres rumaram a Três Pontas para prestar a “última homenagem”. Um deles, padre Flávio, leu a mensagem de despedida do Bispo da Diocese de Paranaguá, Dom Edmar Peron. Foi nesta Diocese que padre Felipe exerceu a missão por pouco mais de três anos e meio. Na carta, Dom Edmar contou que na noite da quinta-feira (29), a comunidade de Tunas do Paraná se reuniu em oração e, no silêncio, expressou tristeza pelo ocorrido com o jovem presbítero trespontano, mas também gratidão pelo ministério lá excercido. Padre Flávio, agradeceu em nome de todo o clero da Diocese de Paranaguá.  

Cônego José Douglas Baroni, pároco da Paróquia Nossa Senhora d’Ajuda, direcionou o “muito obrigado”, em nome da Diocese da Campanha, ao povo e religiosos de Paranaguá por terem acolhido o trespontano, o sonho do jovem rapaz de ser sacerdote e por terem acreditado na vocação de padre Felipe. “Muitas portas se fecharam a ele no trânsito de sua vocação (…), mas ele se realizou junto aos senhores, isto nos consola verdadeiramente. Ele conquistou o que tanto quis, viveu eternamente este sacerdócio”.

Entre outras menções, Cônego Douglas se solidarizou ao professor de Filosofia, Pedro Henrique Mendonça Fernandes e ao sacristão André Luis – amigos “inseparáveis” de padre Felipe desde os tempos de criança.

“Padre Felipe estará aqui conosco, nesta Igreja que tanto amou”, lembrou o pároco sobre o sepultamento do corpo de padre Felipe na Cripta da Matriz d’Ajuda que aconteceria logo em seguida. Anfitrião, colocou Três Pontas e a Diocese da Campanha como extensão da casa dos sacerdotes de Paranaguá considerando-os membros de única família: a da Santa Igreja de Cristo à qual padre Felipe também “serviu com tanto amor”.

(Fotos: Hecio Rafael/Arlene Brito)