Educação e Cultura – modernizada, Biblioteca José de Alencar é inaugurada na Escola Coração de Jesus em Três Pontas
Arlene Brito
A fita vermelha que selava a porta de blindex foi desfeita pela diretora Maria Laura Campos de Mendonça. O primeiro a entrar foi o convidado especial da manhã, o padre André Rodrigues Vilas-Boas, pároco da Paróquia Nossa Senhora Aparecida. Depois, a “matriarca” da instituição de ensino, professores e alunos representantes de todas as turmas do matutino se posicionaram para a bênção.
“…Senhor, nosso Deus, atendei às preces e concedei aos que frequentam e que vão frequentar esta Biblioteca, aqui vindo para o estudo das ciências e da arte, que possam estar sempre a serviço da sabedoria de Vossa palavra e adquirir formação da Doutrina e construção de um pensamento mais humano”, rezou o padre.
Assim foi inaugurada a nova Biblioteca da Escola Coração de Jesus-Objetivo, em Três Pontas, nesta Quarta-Feira Santa, 28 de março. Projetado por Rosângela Campos Mendonça Mesquita (a Dani, da Traços Arquitetura), o espaço traduz a proposta de modernização de serviços e partes do prédio que abriga a mais tradicional Escola da cidade, fundada há 113 anos. Bom gosto, conforto e praticidade estão mixados em móveis, decoração e disposição dos livros. O setor é arejado, muito bem iluminado, enfim, o ambiente está propício para ler, pesquisar, estudar.
Entusiasmados, alunos conheceram a Biblioteca “José de Alencar” e souberam que ela funcionará manhã e tarde, coordenada por “Tia” Bruna Cristina Martins. Para reforçar o incentivo à apreciação aos livros, professores de variadas disciplinas implantaram projetos de Literatura e essas aulas acontecerão, de agora em diante, no espaço físico contemporâneo e aconchegante.
O acervo atende a todas as disciplinas, aos diversos níveis de escolaridade e está em fase de crescimento. O hábito de consultar, de recorrer às obras literárias, artísticas, científicas está tão presente no cotidiano dos alunos que os próprios professores costumam presentear a Escola com exemplares e coleções. Esta é uma atitude muito bem recebida, assim como é admirável o prazer que os estudantes demonstraram em ter – em plena era digital – uma Biblioteca física linda e de alta qualidade, quesito fundamental em todas as ações da Escola Coração de Jesus-Objetivo.
Momentos antes de desfazer a fita inaugural, dona Laura agradeceu a todos que tornaram o projeto realidade. Explicou que o romancista José de Alencar foi o autor escolhido por antigos diretores para nomear a Biblioteca e que a denominação é, inclusive, registrada oficialmente. “Hoje inauguramos este novo espaço sob bênçãos e ele está pronto para funcionar e funcionar muito bem”, acrescentou – visivelmente emocionada, afinal é mais um investimento em nome da educação diferenciada de crianças e adolescentes.
Na oportunidade, a Escola menciona de maneira especial o apoio recebido da bibliotecária Luciene de Oliveira, que deu importantes dicas para a organização do novo espaço. Uma das orientações foi encontrar na equipe Coração de Jesus um profissional organizado, disciplinado, focado – e o caminho levou até “Tia” Bruna, que está animada com o novo desafio.
Um pouco de José de Alencar
José de Alencar (Fortaleza, 1829 – Rio de Janeiro, 1877) foi um romancista, dramaturgo, jornalista, advogado e político brasileiro, um dos maiores representantes da corrente literária indianista. Destacou-se na carreira literária com a publicação do romance “O Guarani”, em forma de folhetim, no Diário do Rio de Janeiro, onde alcançou enorme sucesso. Seu romance “O Guarani” serviu de inspiração ao músico Carlos Gomes que compôs a ópera O Guarani. Foi escolhido por Machado de Assis para patrono da Cadeira nº23 da Academia Brasileira de Letras.
José de Alencar consolidou o romance brasileiro ao escrever movido por sentimento de missão patriótica. O regionalismo presente em suas obras abriu caminho para outros sertanistas preocupados em mostrar o Brasil rural. Criou uma literatura nacionalista onde se evidencia uma maneira de sentir e pensar tipicamente brasileiras. Suas obras são especialmente bem sucedidas quando o autor transporta a tradição indígena para a ficção. Tão grande foi a preocupação de José de Alencar em retratar sua terra e seu povo que muitas das páginas de seus romances relatam mitos, lendas, tradições, festas religiosas, usos e costumes observados pessoalmente por ele com o intuito de cada vez mais abrasileirar seus textos.
Obras
Cinco Minutos (romance, 1856)
Cartas Sobre a Confederação dos Tamoios (crítica, 1856)
O Guarani (romance, 1857)
Verso e Reverso (teatro, 1857)
A Viuvinha (romance, 1860)
Lucíola (romance, 1862)
As Minas de Prata (romance, 1862-1864-1865)
Diva (romance, 1864)
Iracema (romance, 1865);
Cartas de Erasmo (crítica, 1865)
O Juízo de Deus (crítica, 1867)
O Gaúcho (romance, 1870)
A Pata da Gazela (romance, 1870)
O Tronco do Ipê (romance, 1871)
Sonhos d’Ouro (romance, 1872)
Til (romance, 1872)
Alfarrábios (romance, 1873)
A Guerra dos Mascates (romance, 1873-1874)
Ao Correr da Pena (crônica, 1874)
Senhora (romance, 1875)
O Sertanejo (romance, 1875)
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