Desperta tu que dormes – trespontanos buscam na oração conjunta forças para superar o medo e outras dores trazidas pela pandemia Covid-19
A Covid-19 está causando uma pandemia paralela: a do medo. No primeiro momento, este estado afetivo é bem-vindo porque leva a pessoa a tomar atitudes para enfrentar o perigo. Mas, se o medo é intenso, persistente como tem acontecido agora, ele pode desencadear ou piorar uma série de problemas físicos e emocionais.
Observadora, Leide Daiane sentiu a necessidade de se fortalecer e também ajudar todos aqueles que se encontram desesperados, desanimados, acuados diante desta situação de ameaças onde se sobressai o temor do contágio, da internação hospitalar, da morte, da perda repentina de familiares, desemprego, isolamento social sem data determinada para findar. Mulher de fé, foi este o instrumento que Leide escolheu para ganhar e propagar imunidade, reações positivas, coragem para encarar este tempo estranho: a oração.
Moradora de Três Pontas, terra de Padre Victor e “Nossa Mãe”, que são dois candidatos a santos da Igreja Católica, Leide convidou parentes e amigos para cinco noites de reza do Terço da Misericórdia. Cerca de 20 pessoas se reuniram virtualmente para orar, focadas em pedir a Deus o fim da pandemia. Naquela semana de abril, foram muitas vidas ceifadas pela Covid-19 e famílias inteiras estavam destruídas, necessitando de uma palavra amiga e até mesmo de reaproximação com o Ser Superior.
“No final dos cinco dias, eu senti um pedido muito forte no meu coração e fiz a intenção de estender o tempo de batalha e oração para 21 dias. Só que neste período, cresceu bastante o número de participantes. Então, procurei pelo Cônego Douglas, pároco na Paróquia Nossa Senhora d’Ajuda, em Três Pontas, conversei muito e ele me orientou, me incentivou a prosseguir. Recebemos uma bênção do Padre Mário e daí surgiu o nome do nosso Grupo: Desperta tu que dormes”, relembra Leide Daiane, acrescentando que recebeu outros apoios fundamentais para a jornada, dentre eles, do marido Marciran Lemos.
Cumpridos os 21 dias, mais um chamado acatado com humildade, disposição, obediência e que demandou ajustes na agenda.
- As quartas-feiras ficaram reservadas para a Live Oracional e Terço da Misericórdia, com início às 21 horas.
- A reza do Santo Terço migrou para todas as manhãs, às 7 horas.
- Dona de salão de beleza, Leide assumiu ainda o compromisso do Terço da Misericórdia rezado sempre às 15 horas. “Quando não consigo parar o trabalho da tarde, aviso o grupo e, tenho certeza, quem pode vai rezando – cada um em seu cantinho”, destaca.
Nos momentos de oração, sempre pelo Instagram (leide.daiane_salaodebeleza), os participantes interagem, apresentando suas intenções, agradecimentos e relatos de angústias e vitórias. Contam que se aproximaram de Deus de uma maneira diferenciada. Muitos revelam que despertaram verdadeiramente para a fé que os ajudou a vencer a Covid-19. Pessoas em isolamento domiciliar ou obrigadas a se separar de entes queridos internados nas enfermarias, nas UTIs, intubados dizem que renovam suas esperanças a cada Terço contemplado. Curas, o reencontro da paz, mudanças de vida e até a melhor compreensão e aceitação da morte, do luto estão entre os reflexos da iniciativa transformadora.
“Quando tomamos consciência de que necessitamos de Jesus, a gente toma a decisão de nos aproximar Dele e rezar por nós e por nossos irmãos. Os participantes dizem que as Lives estão restaurando muitas feridas, encorajando, mas confesso que a fidelidade de cada um deles é que me sustenta nesta missão que me foi enviada. Vejo que nesta pandemia, Deus encontrou a nossa humanidade. Em nosso ordinário Ele tem feito o extraordinário. Temos que entregar e verdadeiramente confiar, deixando que Ele nos conduza. Assim seguimos: tomando todos os cuidados que o momento exige, mas também confiantes de que tudo vamos superar”, ensina Leide.
Acima: Lives Oracionais contam com a participação de uma equipe
que torna os encontros on-line ainda mais reflexivos e emocionantes
Abaixo: Leide Daiane e participantes do Grupo “Desperta tu que dormes”
rezando em frente à UTI do Hospital São Francisco de Assis
pela recuperação de todos os doentes, pelo fim da pandemia Covid-19
Atualmente, os momentos de oração agrupam on-line mais de 100, outras vezes mais de 200 pessoas. Além de trespontanos das zonas urbana e rural, há moradores de várias cidades da região, tais como Campos Gerais e Boa Esperança, além de localidades mais distantes como Rio de Janeiro.
Testemunhos
“Sinto que o Espírito Santo vem transformando a minha e a vida de todos que estão ao meu lado”
Aos 38 anos, Melri Rose de Oliveira Vitor, acompanha o Terço que, analisa, é um canal que conduz amor às pessoas. “Sinto que o Espírito Santo vem transformando a minha e a vida de todos que estão ao meu lado”, começa. Em seguida, Melri completa: “eu já estava rezando firmemente quando um amigo muito próximo e também alguns familiares pegaram Covid. Foi aí que o Espírito me tocou e senti que eu teria que agir por eles que estavam impedidos, limitados pela doença. Comecei a enviar os links das Lives para todos que eu conheço e fiquei sendo também um canal de oração para muita gente”.
Melri defende ainda que o Grupo “Desperta tu que dormes” tem à frente uma “mulher de coração gigante, de muita luz, uma enviada por Deus” munida de palavras que acalmam, que motivam cada participante a depositar confiança no Criador e, desta força, ganhar energia para vencer o medo, superar todos os desafios que chegam a cada novo dia, acreditar na cura, na vida, na felicidade e lutar pelos objetivos traçados, além de aceitar com serenidade as vontades do Pai.
“Por meio destas orações tenho vencido a dor da perda de minha mãe e principalmente vendo o quanto Deus é maravilhoso e, mesmo em tempos tão difíceis, nos cobre de bênçãos e alegrias”
“Comecei a acompanhar as Lives Oracionais no dia 27 de abril, por intermédio de duas primas que me enviaram o link. Na ocasião, a Leide estava rezando o Terço da Misericórdia à noite e minha mãe estava internada na UTI com complicações da Covid. Dois dias depois, Deus a levou.
Sentimos e passamos por todas as dores que quem perde um ente tão querido pode passar, mas não perdemos a fé. Pelo contrário, Deus nos sustentou a todo momento e por intermédio das Lives, que eu carinhosamente apelidei de ‘Live da Leide’, pude experimentar o quanto Ele me ama e me sustenta nos momentos mais difíceis.
Desde então, não deixo de acompanhar as orações, seja do Terço de manhã ou do Grupo na quarta-feira.
E por meio destas orações tenho vencido a dor da perda de minha mãe e principalmente vendo o quanto Deus é maravilhoso e, mesmo em tempos tão difíceis, nos cobre de bênçãos e alegrias.
As palavras da Leide vêm como o bálsamo enviado pelo Espírito Santo que cura as feridas e faz com que nossas forças se renovem. E mesmo quando não estou com ‘vontade’ de rezar eu me conecto na Live e o Espírito Santo me toca ao ponto de restabelecer minha vontade e encorajar-me a viver a fé verdadeira.
A primeira graça que alcançamos foi a morte em paz da minha mãe, pois apesar de muita tristeza, não nos desesperamos em nenhum momento.
Depois meu esposo, meu sogro e eu pegamos Covid e recuperamos. Meu sogro ficou 37 dias internado, sendo 23 deles por causa da Covid.
E nesse tempo, a oração e a fé foram nosso alimento diário, através das Lives.
Só tenho a agradecer pelas bênçãos recebidas e pedir que Deus abençoe a cada um que idealizou a Live Oracional.” (Miriani e Silvani)
Mais bênçãos… mais… mais…