De olho nas eleições de outubro, Erik Roberto deixa a Secretaria de Educação e segue ao lado de Paulo Luis exclusivamente como Vice-Prefeito
Um dos primeiros compromissos desta segunda-feira (4) para Erik dos Reis Roberto foi prestigiar a inauguração da Quadra Poliesportiva Rosana Aparecida Ferreira. Na Escola Estadual Professora Marieta Castro, ele se encontrou com várias autoridades, dentre elas, a Diretora Débora Ferreira, a Diretora da Superintendência Regional de Ensino de Varginha (SRE), Arlete Ribeiro e a Deputada Estadual Geisa Teixeira (PT). A melhoria foi concretizada graças aos esforços de outro líder, o Deputado Federal Dimas Fabiano (PP).
Erik foi ao evento exclusivamente como Vice-Prefeito de Três Pontas. É esta a função que terá até dezembro. Na sexta-feira (1º), Paulo Luis Rabello (PPS) assinou a exoneração e o próprio Prefeito passou a responder pela Secretaria de Educação, com apoio da Secretária de Fazenda, Giselle Oliveira Azevedo, como Ordenadora de Despesas.
Visando disputar as eleições de outubro, o então Secretário Municipal pediu para deixar o cargo de confiança. Erik Roberto afirma que permanecerá no PSDB e que a possível candidatura será definida nas convenções do Partido, em julho.
Enquanto aguardava o aval do Executivo, ele recebeu o Sintonize aqui e falou do período em que esteve à frente de um dos mais importantes setores da Administração. Confira a entrevista.
Entrevista
Erik dos Reis Roberto
Vice-Prefeito de Três Pontas
Erik, você sai da Secretaria Municipal de Educação de Três Pontas convencido de que fez um bom trabalho?
Saio e estou muito tranquilo quanto a esta questão porque a gente vê que o trabalho foi realizado. Das 19 metas traçadas em nosso plano de governo, 15 foram cumpridas, ou seja, quase 80% do que prometemos à comunidade.
As mudanças feitas na SME foram estruturais e elas se tornaram permanentes, não haverá retrocesso. Um exemplo: as crianças recebiam em alguns dias da semana, sopa na merenda escolar. Hoje, elas têm refeições completas de segunda à sexta-feira, com verduras e legumes diariamente; a carne servida passou de meia colher para duas colheres por criança e introduzimos o peixe no cardápio escolar.
Outra mudança significante é o material didático distribuído para Maternal II (305 crianças), para o Maternal III (336), 1º Período (557), 2º Período (591) e 1º Ano do Ensino Fundamental (489 alunos). Esse material é excelente e adotado por certas escolas particulares.
Destaco ainda a disponibilização de estagiárias que acompanham e dão apoio às crianças com necessidades especiais. Também construímos quadras esportivas e promovemos melhorias em prédios escolares.
Enfim, são mudanças que influenciam na qualidade do ensino-aprendizagem. Tanto que 85% das crianças que estudam na rede municipal leem fluentemente aos cinco anos de idade.
Qual é a menina dos olhos do ex-Secretário de Educação de Três Pontas?
Fico muito feliz com o Programa de Apoio Pedagógico. Para nós, a missão da escola é fazer a criança ler, escrever e realizar as operações fundamentais. E para atingir esse objetivo foi necessário criar o PAP. As crianças com dificuldades de aprendizagem, contam com um professor particular que busca a origem do problema e se depara, por exemplo, com dificuldades de fala e visão. A própria Secretaria encaminha o aluno para um especialista que pode ser fonoaudiólogo, oculista, psicólogo e outros, mediante comunicação dos pais. Os resultados do Programa de Apoio Pedagógico são sensacionais porque falhas – físicas, psicológicas e de aprendizagem – estão sendo corrigidas ainda na infância.
Você apresentou aos diretores, professores e educadores um balanço das principais realizações da Secretaria até o momento. Isso é sinal de respeito pela equipe? Qual foi a intenção da elaboração desse material?
O dinheiro é público e temos que ter transparência em nosso trabalho. As mudanças que promovemos, de uma forma ou de outra, atingiram pessoas. Assim, em respeito a essas pessoas, aos servidores, aos pais achei necessária essa prestação de contas.
A prestação de contas aponta uma economia de mais de R$ 9 milhões. Que peso tem essa poupança para a Administração?
De 1º de janeiro de 2013 até 1º de abril de 2016, eu estive à frente da Secretaria. Remodelamos e ampliamos a Escola em Tempo Integral e o Cesu. Capacitamos professores, estivemos presentes em diversos eventos da Cultura, Saúde, Assistência Social. Como eu disse, promovemos várias mudanças que geraram economia. Graças a essa economia pudemos investir em melhorias. Nós construímos uma escola, a Edna de Abreu, com recursos próprios, de quase R$ 1 milhão. Conseguimos pagar para as nossas educadoras, o piso nacional. Antes, elas recebiam um salário mínimo, um complemento judicial e as vantagens que elas tinham eram em cima do vencimento básico (que era o salário mínimo). Hoje, elas recebem todas as vantagens em cima de R$ 2.135,74. O ganho salarial, entre R$ 600 e R$ 1.000,00, foi possibilitado pela economia. Não adianta mudar o aspecto físico das escolas, não adianta investir na qualidade se não valorizarmos o profissional. Esse foi o nosso primeiro passo. Depois, melhoramos o material didático, a alimentação escolar. As adequações foram feitas, agora é manter e melhorar.
Todos os esforços foram válidos. Segundo o Programa de Avaliação da Rede Pública de Educação Básica (Proeb 5º ano), em 2012, as escolas municipais apresentaram nota 205 (em Língua Portuguesa) e 227,1 (em Matemática). Já na nossa gestão, em 2014, esses números passaram para 219,1 e 237,9.
Erik, mudanças muitas vezes também desagradam. Algumas geraram certo transtorno. Você sai da Secretaria carregando o peso do “isso eu não deveria ter feito”?
Não, não saio. Tudo serviu para o crescimento, tudo serviu para aprendizado. Todas as decisões foram muito pensadas, foram refletidas. Nada foi ato político e, sim, medindo pró e contra. Prova disso, foram as nucleações de escolas e adequações de programas de governo que tínhamos em nossas escolas. São coisas que para alguns não geraram alegria. Peço desculpas a essas pessoas, mas reafirmo que todas as medidas tiveram como meta melhorar a qualidade do ensino municipal de Três Pontas e no nosso compromisso com o servidor que quer e tem o direito de receber a cada final de mês.
Ficou algo sem fazer que você almejou de maneira diferenciada?
Gostaria de ter concluído as construções das creches nos bairros Padre Vitor e Eldorado. As crianças do Amor Perfeito e da Sempre Viva terão um prédio unificado e novinho. A creche atenderá alunos dos bairros Padre Vitor, Santa Inês, Santa Margarida, Santa Edwiges. Já as crianças do Bairro Vila Marilena ganharão uma creche nova no Bairro Eldorado. Queria ter iniciado os trabalhos nesses novos prédios este ano, mas os entraves financeiros do Governo Federal atrasaram as obras.
Quais são as suas expectativas em relação à sequência do trabalho nessa Administração, agora exclusivamente como Vice-Prefeito?
Vou auxiliar o Prefeito no que ele me determinar.
Uma mensagem para seus colegas da Secretaria.
Só tenho a agradecer a cada um deles, de todos os setores – diretores, especialistas, serviços gerais, motoristas, enfim, a todos sem exceção. Dizer obrigado por estarem comigo, por terem confiado em mim e me apoiado, principalmente pelo companheirismo nas horas mais difíceis.
Gostaria de agradecer de maneira especial ao Prefeito Paulo Luis, que me delegou a função de Secretário, primeiro de Esportes e Cultura, depois de Educação. Na Educação são 750 funcionários, aproximadamente 5.000 alunos, são 20 escolas, 40 ônibus, um orçamento de aproximadamente R$ 25 milhões, ou seja, é uma grande estrutura. Ganhei a eleição para ser Vice e ele me chamou para o secretariado, então, agradeço a confiança no meu trabalho.
E qual mensagem você deixa para os pais e alunos?
Aos pais, gratidão por confiarem seus filhos à Secretaria. Quando assumimos a Secretaria eram 747 crianças, de zero a três anos, nas creches. Hoje são 1.200 crianças nas creches, em tempo integral. Houve um avanço grande. Todos são melhor atendidos e, detalhe, por um número menor de funcionários. Isso é gestão. A qualidade melhorou e ainda houve economia. Os pais confiam no trabalho da Secretaria de Educação e matriculam seus filhos na escola pública.
Aos alunos, saúde e que aproveitem as escolas que possuem.
Estamos em um momento muito delicado na política e na economia do País. A Secretaria Municipal de Educação conseguirá cumprir as metas desse último ano do mandato?
Nós procuramos exatamente enxugar ao máximo tudo o que podíamos, justamente para podermos chegar até o final da Administração, assegurando escola de qualidade para as nossas crianças. Eu acredito que a gente consegue terminar o ano bem, apesar das dificuldades que enfrentamos devido a descumprimentos de algumas resoluções por parte do Governo Federal, como é o caso do Brasil Carinhoso, da Escola Integral. Os recursos não vieram. O Governo Federal falhou. Dizem que é Pátria Educadora, mas cortam recursos da Educação. Nós praticamente dobramos o número de alunos nas creches e não recebemos do Governo Federal algum centavo a mais e era para ter recebido. Então, a gente precisou fazer os ajustes para atender bem às crianças. Nós que temos o poder da decisão é quem temos o dever de preparar as crianças para elas serem o futuro do Brasil.