Cultura, um destaque na comemoração dos 110 anos de Morte de Padre Victor
Segundo a biografia de Francisco de Paula Victor, aprovada pelo Vaticano, o Padre foi um grande incentivador da educação e da cultura durante os 53 anos que viveu em Três Pontas. Além de diferenciado líder espiritual, o Sacerdote procurou catequizar e instruir o povo, chegando a criar a escola “Sagrada Família” por onde passaram brasileiros de grande projeção social, dentre eles, Dom João de Almeida Ferrão (primeiro bispo da Campanha) e Cônego José Maria Rabello (que foi seu coadjutor em Três Pontas).
Durante as comemorações do Aniversário de Morte de Padre Victor, em 23 de setembro, vários grupos folclóricos comparecem, prestando homenagens ao Anjo protetor dos trespontanos e de outros devotos, moradores das mais diversas regiões do Estado e do País. Desta vez não foi diferente, aliás, eles fizeram a diferença.
Fundado há mais de 15, porém há oito anos longe da programação, o Grupo de Teatro Caminhos da Juventude voltou e foi uma das atrações desta quarta-feira festiva. Dirigidos por Francisco de Paula Vitor Gomes, popularmente conhecido por Chiquinho da Borginha, atrizes e atores contaram um pouco da história de Padre Victor – o pobre alfaiate que entrou para o Seminário, que mesmo formado sofreu humilhações, que viveu de receber e dar esmolas, que por sua dedicação e virtudes se tornou admirado por todos. No palco, o elenco interpretou a trajetória do Padre que, morto em 23 de setembro de 1905, ficou insepulto três dias, exalando perfume de seu corpo. Esforço por ambas as partes. Muita gente parou debaixo de sol forte, a uma temperatura de 32º para ver, se sensibilizar e aplaudir o Grupo que também foi firme em seu propósito.
“Com a aceitação da Igreja e Padre Victor se tornando Beato, a nossa responsabilidade só aumenta. Quando subo ao palco, o Elias vai para que venha a personagem. Espero jamais decepcionar as pessoas que nos assistem”, comentou Elias Brísida que interpreta Padre Victor desde a fundação do “Caminhos da Juventude”.
Segundo o Representante Comercial e Ator, o Grupo se desdobrou, contando com grande apoio do diretor e autor da peça “A História da Vida de Padre Victor” e de vários patrocinadores. “Lutamos muito para elevar ainda mais o nome de Padre Victor e vamos continuar com essa bandeira”, disse Brísida.
Participaram da peça teatral, o Coral da Matriz Nossa Senhora D’Ajuda e a Pastoral Afro de Três Pontas. Integrantes do Movimento também abrilhantaram a Missa celebrada pela manhã, no Parque Multiuso da Mina. A alegria e o orgulho de ser Afro cresceram nitidamente já que as honras do dia eram todas para o Venerável – também negro, filho da escrava Lourença Maria de Jesus, que precisou vencer preconceitos e que está prestes a se tornar o primeiro Beato “de cor” do Brasil. No altar, os padres Elberson de Andrade (Alagoa), Rogério Augusto da Silva (Pároco da Paróquia Cristo Redentor de Três Pontas) e Ilídio Coelho (hoje em São Lourenço) celebraram para uma multidão devota e agradecida.
Além da Congada Nossa Senhora do Rosário, de Três Pontas, várias Companhias de Reis alegraram e enfeitaram a Praça central da Cidade. No entorno da Matriz D’Ajuda – Igreja construída por Padre Victor e onde estão os restos mortais do Venerável – a manifestação cultural trouxe também a fé e traduziu em cânticos e danças o “obrigado” ao Intercessor de Graças. Bandeireiros, coros, embaixadores e bastiões (palhaços ou marungos) louvaram e por mais um ano mantiveram vivo o folclore que logo, logo será novamente visto nas ruas trespontanas para brindar o nascimento do Menino Jesus.
“Há cinco anos a gente vem pelo Padre Victor e Nossa Senhora D’Ajuda. Sou muito devoto deles. Também acompanhamos romarias da nossa cidade que aqui vêm”, contou Antônio da Costa Barbosa que é Presidente da Companhia de Reis Mata dos Barbosa, de Boa Esperança. Ainda de acordo com o visitante, a Companhia possui 25 membros, mas 18 puderam se deslocar até a Terra de Padre Victor. Os demais não conseguiram dispensa de seus “ sagrados trabalhos que garantem o pão de cada dia”, justificou Antônio.
Três Corações, Varginha, Lavras, Carmo da Cachoeira – dentre outras cidades do Sul de Minas – também agraciaram Padre Victor, turistas e trespontanos com seus folclores. A eles se juntaram Companhias de Reis anfitriãs.
Culturalmente, a quarta-feira (23) começou às 4 da manhã. Dispostos, musicistas da Corporação Musical Luis Antônio Ribeiro, regidos por Wander Scalioni, deram as boas-vindas aos devotos e romeiros. O Povo de Deus (Padre Zezinho) e o Hino de Padre Victor (Professora Leocádia Piedade) estavam no repertório que agradavelmente despertou Três Pontas para o Dia da Festa.