Política em Três PontasQualidade de Vida e Saúde para o trespontano

Contas aprovadas, dificuldades e avanços da Santa Casa de Três Pontas são assuntos em visita do provedor à Câmara de Vereadores

O provedor do Hospital de Três Pontas, Michel Renan Simão Castro, esteve na Câmara Municipal na noite de ontem (28). Após o Pequeno Expediente, que abre as sessões ordinárias semanais, e a Ordem do Dia, com apenas um projeto em votação, ele se dirigiu à tribuna de onde explanou para os vereadores e demais cidadãos que acompanhavam a reunião principalmente pelo Facebook do Poder Legislativo.

Na oportunidade, Michel Renan apresentou um resumo da trajetória do Hospital São Francisco de Assis desde 28 de março de 2017, quando assumiu a entidade, até os dias atuais. No balancete, destacou que a situação – sobretudo a financeira – está bem diferente em relação à que encontrou há 3 anos e meio. Na época, disse, a Santa Casa estava praticamente fechada para os atendimentos, não havia alimentos e produtos de limpeza, nem mesmo credibilidade junto aos fornecedores. Ao tomar ciência de tantos problemas, ele se assustou com a falta de cuidado com a instituição que salva vidas, recordou o provedor.

No comparativo, Michel Renan atribuiu as mudanças favoráveis ao empenho da Diretoria e ao envolvimento da população. “Deu certo porque todos entenderam que é a causa do bem comum. A gente vem vencendo todos os obstáculos. Tem muito ainda a ser percorrido porque podemos gerar mais postos de trabalho, atender mais pessoas da microrregião e trazermos outras complexidades”.

O provedor do Hospital de Três Pontas, Michel Renan, durante exposição de dados sobre a entidade (Crédito: reprodução CMTP)

Em andamento: ampliação da UTI e projeto de instalação de Hemodiálise

Para ilustrar o avanço, comentou que o projeto de ampliação da UTI de 10 para 20 leitos está em andamento, com cinco deles já implementados. Segundo o provedor, a ampliação é fundamental já que o setor é usado 100% rotineiramente.

Também destacou que Três Pontas terá 40 cadeiras de Hemodiálise. É um número pequeno, mas que trará benefícios aos pacientes, principalmente em relação ao fim ou encurtamento das viagens, consequentemente economia do tempo. Estar fora do domicílio por longos períodos é um desgaste a mais em cada sessão. Atualmente, revelou, cerca de 200 pessoas passam pela Hemodiálise na microrregião de Saúde da qual Três Pontas é sede. Da cidade, o número de pacientes se aproxima de 80.

Nesta próxima quinta-feira (1º), pela manhã, a Diretoria deverá concluir o projeto, e se não acontecerem mudanças na planta ou imprevistos, por exemplo, climáticos e no recebimento de materiais de construção, entre fevereiro e março a obra deverá ser finalizada.

Vencendo obstáculos “com criatividade, transparência e ética”

O provedor destacou várias vezes que as prestações de contas da Santa Casa podem ser consultadas por qualquer cidadão. Enfatizando a transparência e a ética na condução do Hospital São Francisco de Assis, Michel Renan garantiu que os balanços são 100% reais, com as contas auditadas por empresas renomadas, inclusive em nível nacional.

De acordo com o provedor, o débito acima de R$ 22 milhões encontrado no passado, caiu para os atuais quase R$ 5 milhões. Além da colaboração da comunidade que atende prontamente às sucessivas campanhas realizadas por voluntários, das emendas de vereadores e deputados, e ainda do repasse feito pelo Governo Municipal, várias ações têm sido desenvolvidas, tais como parcelamento de débitos anteriores, e também para angariar fundos com o objetivo de cobrir parte do déficit gerado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) – nada menos do que R$ 450 mil por mês. Michel Renan citou números para comprovar a defasada tabela SUS e mencionou que somente do Estado, a Santa Casa tem R$ 9 milhões a receber. Do Município, de débitos anteriores, outros cerca de R$ 5 milhões.

Entre as inovações, destacou, estão o fortalecimento de convênios para atendimentos particulares e o Carnê Viva + Saúde. A contribuição conta com 6 mil usuários que proporcionam a arrecadação mensal de aproximadamente R$ 150 mil a R$ 180 mil. Se os adeptos pulassem para de 15 mil a 20 mil usuários o déficit mensal seria eliminado, conforme cálculos do provedor. “O Viva + Saúde ainda não tomou a magnitude que deveria porque são muitos os combates, portanto, estamos indo de maneira organizada para ter controle de tudo, afinal estamos investindo no que é nosso para termos atendimento digno. As pessoas precisam planejar a possibilidade de precisar de uma internação”, completou.

Covid – estratégia criada pelo Hospital de Três Pontas se torna exemplo

Questionado, o provedor da Santa Casa de Misericórdia trespontana falou sobre o enfrentamento à Covid-19. Michel Renan explicou que a estratégia criada na entidade foi inédita na região e que muitas cidades sul-mineiras seguiram o exemplo. “Há todo um planejamento da entrada do paciente ao fim do tratamento. A Santa Casa tem uma equipe fantástica, referência para muitas outras santas casas”, disse. Em seguida, comparou os números de óbitos do município aos computados em cidades de semelhante porte, Campo Belo e Três Corações. Respectivamente, as localidades tiveram até ontem (29) oito, 14 e 27 falecimentos atribuídos ao novo Coronavírus. “Toda morte é uma frustração para nós e pegamos firmes para que não aconteça, mas se é vontade de Deus não está nas nossas mãos”.

Sobre os recursos destinados ao enfrentamento, Michel argumentou que “são totalmente restritivos, específicos”. Aproveitou para exemplificar o aumento de custos de certos produtos, tais como máscaras, aventais e até medicamentos, com percentuais significativos vindos com a pandemia. 

UTI para atendimento de casos específicos de Covid-19 na Santa Casa de TP

Aprovação

Segundo o provedor, 12 mil pessoas passam por mês pelo Hospital São Francisco de Assis e, alertou, provavelmente elas não seriam atendidas em outras localidades já que as santas casas se enquadram quase que em unanimidade em delicadas situações, sobretudo financeiras.  Mais de 95% desses pacientes “trespontanos” demonstram satisfação. “Faço visitas diariamente na nossa própria Santa Casa para ver o que não está bom. É nossa obrigação atender bem a todos”. 

Desconforto

Recentemente, um vereador de Três Pontas criticou em rede social uma campanha de arrecadação de alimentos para a Santa Casa, levando ao requerimento da presença do provedor na Câmara. Estar lá, expondo as dificuldades e também as conquistas para Michel Renan foi um prazer. “Sendo a casa do povo, é o lugar para que seja esclarecido, seja dada publicidade às coisas da nossa Santa Casa, entidade essa tão grande, valorosa e que nós tivemos a honra de iniciar nossos trabalhos há 3 anos e meio. Estou grato pela oportunidade de falar e espero que todos estejam satisfeitos com o que foi dito. Tem coisa errada? Claro, por erro que todos temos o direito e remir, mas por safadeza não tem mesmo!”, assegurou.

No entanto, o provedor desaprovou a crítica feita pelo Facebook. “A Santa Casa está acima da criação de desavenças. Comentários sem nexos indispõem com quem ajuda. Acho desconfortável pessoas serem questionadas em rede social porque as contas, os extratos da nossa Santa Casa estão abertos para qualquer pessoa. São contas auditadas por uma das maiores empresas do Brasil e aprovadas sem ressalvas. Além disso, há exemplares no Ministério Público, no Fórum, na Prefeitura e há publicações no Jornal da cidade, o Correio Trespontano. Eu não seria louco de fazer algo errado lá e depois pagar com meu patrimônio”, desabafou.

Rastreabilidade

Para Michel Renan há muito a percorrer, mas fazer de Três Pontas uma referência em saúde só depende “da gente”, com toda ajuda sendo sempre bem-vinda.

Na prestação de contas, o provedor deixou cópia de documentos, de notas fiscais com o presidente da Câmara, incluindo as previsões de receita e despesas futuras.

Finalizando, Michel Renan anunciou que em março seu mandato será encerrado e que tem evidenciado esforços para a criação de meios – protocolos, ritos – a serem seguidos por quem o suceder. Isso porque, considera, é muito difícil criar condições novas, sobretudo quando costumes estão enraizados há tempos.

“A Santa Casa é a única empresa que fica 24 horas por 365 dias aberta ao nosso dispor e o mais importante: se tiver dinheiro paga, se não tiver não paga. Isso realmente demonstra o quão digna, quão grande é a essência dessa entidade. Temos que ficar felizes em saber que a nossa Santa Casa está aberta agora e que não temos ou teríamos que nos deslocar para qualquer outra cidade para fazer uma visita a um ente nosso”, encerrou.

“A Santa Casa está acima da criação de desavenças” (Michel Renan – provedor)

Após o “pronunciamento”, a sessão seguiu com o Grande Expediente com dois vereadores inscritos.

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