Conservatório de Música busca caminhos para atendimento adequado aos alunos com Deficiência Intelectual
Qual é a melhor maneira de receber, quais os métodos para diagnosticar, como tratar o assunto com a família, de que forma explorar ao máximo a capacidade, como elaborar um programa que de fato leve aprendizado, como detectar que é chegada a hora de encerrar as aulas ministradas a alunos com deficiência intelectual?
Todas estas e mais algumas dúvidas pairam sobre o Conservatório Municipal de Música Heitor Villa-Lobos de Três Pontas. Diretores, professores e outros funcionários do departamento já lidam com essas entrelinhas e têm plena consciência que mais e mais pessoas com atraso cognitivo vão ao longo do tempo buscar as aulas de instrumentos, de canto e que é preciso estar preparados para bem acolher esses alunos e atender às suas expectativas.
E por onde começar? Conhecendo um pouco mais sobre a deficiência intelectual. Depois de achar o ponto de partida, o Conservatório convidou a Terapeuta Ocupacional, Monna Lisa Duarte de Castro, para um bate papo. No encontro, na tarde de segunda-feira (25), ela mostrou que as pessoas com o problema têm dificuldades, mas não são incapacitadas.
“Vocês estão de parabéns. Esta iniciativa de tentar compreender como é a deficiência intelectual mostra que vocês estão preocupados em poder agregar, em poder incluir esses trespontanos que têm uma forma diferenciada de aprender, entender e realizar atividades que para outras pessoas são comuns”, disse a palestrante.
De acordo com a Terapeuta Ocupacional, o tema ainda demandará muitas discussões até que o Conservatório crie alternativas, tomando o cuidado de não desviar o foco do trabalho – que é ensinar música – e se tornar um espaço de tratamento de longo prazo.
Modos criativos e flexíveis de transmitir o conhecimento estarão, com certeza, entre as ações a serem implantadas. Isto porque, explicou Monna Lisa, cada aluno com deficiência intelectual exige algo. “Alguns vão aprender, mas precisarão de mais tempo. Outros não conseguirão aprender algumas coisas como acontece com a gente, a gente não consegue aprender tudo”, orientou.
Além da teoria, Monna Lisa tem a prática. Ela integra a equipe da Apae e também do Centro de Atenção Psicossocial (Caps) de Três Pontas. Então, indicou a boa vontade como alavanca.
O que ela reforçou é que, antes de tudo, a equipe do Conservatório terá que também descobrir, assimilar o que puder sobre a deficiência intelectual. Depois, buscar parcerias que auxiliem, por exemplo, no diagnóstico, na abordagem familiar, no desenvolvimento talvez de um Plano Individual de Ensino (PIE).
Após os esclarecimentos, diretores e professores concluíram que é preciso, de fato, traçar novos caminhos. Tudo em comum acordo com o Executivo, com a Secretaria de Cultura à qual a escola de música é subordinada e, possivelmente, com apoio do setor jurídico da Prefeitura, já que alterações poderão recair até mesmo no Regimento Interno do Conservatório.
Embora ciente do trabalho que tem pela frente, a equipe do tradicional e respeitado Conservatório de Música da “Capital Mineira da Música” se mostra disposta a passar pelas novas e desafiadoras descobertas e adaptações.