Casa Lar: garantia de proteção, afeto e todos os outros direitos a crianças e adolescentes afastados das famílias
Abuso sexual, maus-tratos, negligência, abandono são algumas situações em que a Justiça determina a suspensão temporária ou a destituição do poder familiar. Antes, para crianças e adolescentes de Três Pontas nessas circunstâncias, o encaminhamento para abrigos de cidades conveniadas com o Município era a principal via, então, além de afastados dos pais, perdiam também a referência sobre outros relacionamentos com a terra natal.
Em 2013, a Prefeitura implementou a Casa Lar e, desde então, torna a vida de muitos menores com histórias de sofrimento, bem mais leve. Uma equipe composta de coordenadora, assistente social, psicóloga, três mães sociais, cozinheira e uma responsável pelos serviços gerais recebe, cuida e se desdobra para que as crianças e adolescentes encaminhados ao projeto pela Justiça se sintam totalmente acolhidos, amparados, amados; para que eles tenham uma rotina normal alusiva ao lar, escola, esporte, religião, convivência social, atendimento à saúde, lazer, enfim, para que desfrutem de todos os direitos. Todos participam de projetos da Secretaria Municipal de Assistência Social e alguns já integram o 180º Grupo de Escoteiros Boa Vista, onde têm apuradas as lições de fraternidade, responsabilidade, disciplina e outros valores.
Paralelamente, profissionais do CREAS e do CRAS atuam em favor dos menores, estendendo o atendimento. Eles buscam reestruturar a família para que haja a reinserção dos filhos e, quando a volta ao lar acontece, continuam acompanhando a readaptação de perto.
Em três anos, mais de 40 pequenos passaram pela Casa Lar de Três Pontas, inclusive dois recém-nascidos. Graças ao trabalho exaustivo das equipes, a maioria retornou para a família e vive bem. Hoje, 16 crianças e adolescentes, de dois a 17 anos estão no abrigo, que é mantido por convênios estaduais e federais e pela Prefeitura que arca com a maior parte das despesas. E elas são muitas: roupas, calçados, alimentação, material de limpeza, de higiene e escolar, transporte, medicamentos, consultas médicas, corte de cabelo, brinquedos…
De acordo com a Secretária Municipal de Assistência Social, da Criança e do Adolescente – Maria de Fátima Carvalho Mendonça Rabello – a implantação e a construção diária do novo modelo de abrigo adequado aos princípios determinados pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), conta com total apoio do Prefeito Paulo Luis Rabello (PPS).
“É muito trabalho, mas é um sonho que vale ser realizado. Desenvolvemos imenso amor por cada um que entra na Casa Lar. Eles são muito carentes e a gente vê, na prática, o que podemos fazer para protegê-los, livrá-los de traumas e até para torná-los pessoas melhores. Alguns chegam rebeldes porque, claro, querem os pais. Até isso acontecer, ou seja, a reinserção, a gente tenta suprir ao máximo todas necessidades deles, inclusive de carinho, afeto, atenção”, revela a Secretária.
Apadrinhamento é o próximo desafio rumo à criação de novas possibilidades para os abrigados da Casa Lar trespontana
De 7 aos 18 anos. É para essa faixa etária – que já esteja destituída do poder familiar – que a Secretaria de Assistência Social lança um novo projeto. A ideia é arrumar padrinhos para as crianças e adolescentes da Casa Lar, que auxiliem em um ou mais de um dos três segmentos: afetivo, material ou prestação de serviço.
“O padrinho, a madrinha poderão, por exemplo, levar o afilhado para passear, tomar um sorvete, ver um bom filme, passar um dia no clube ou brincando e convivendo com seus filhos. A criança e o adolescente terão a oportunidade de conhecer uma nova realidade, de família estruturada e do poder de escolha, por exemplo. Também os voluntários ganharão com essa solidariedade porque deixarão de pensar que crianças em abrigo significam ‘o fim’ e passarão a entender que elas têm chance de voltar ao lar, de viver em sociedade, que são amorosas e que não têm culpa da negligência dos pais”.
O projeto será apresentado à comunidade nesta quarta-feira (11), às 9 horas, em Audiência Pública na Câmara Municipal. De acordo com a Primeira Dama Fátima Rabello, para se tornar um padrinho a pessoa precisa ter mais de 21 anos e ser aprovada em alguns critérios. Ela será ainda esclarecida sobre as restrições. Como o padrinho passará a ser uma referência afetiva para as crianças e adolescentes, uma das exigências é que o desligamento – caso seja a opção – aconteça gradativamente para não provocar outros sofrimentos aos afilhados.
O apadrinhamento nada tem a ver com adoção, antecipam as equipes do CREAS/Casa Lar.
Igualdade
Para não expor os acolhidos, a Casa Lar de Três Pontas não possui identificação na fachada e, nem mesmo, tem o endereço divulgado. No entanto, quem quiser ajudar vai descobrir os meios na Audiência Pública desta quarta-feira (11).