Campeã Mineira de Jiu-jítsu 2016 é de Três Pontas

Débora Lambert estreia com vitória absoluta no mundo das competições do Jiu-jítsu. Volta pra casa com medalha de ouro conquistada no Mineiro 2016

“O chão é só o começo”. E ela nem precisou ir a ele para subir no mais alto degrau do pódio do Campeonato Mineiro de Jiu-jítsu 2016. Nem novatas, nem experientes competidoras encararam Débora Lambert nos tatames e a trespontana conquistou absoluta, a Medalha de Ouro na categoria feminina máster três, acima de 46 anos, faixa branca, peso pesadíssimo.

A competição, em 24 de janeiro, reuniu atletas de todo o Estado no Ginásio Polivalente, em Formiga. Três Pontas foi representada por outros três lutadores. Lucas Dixini também foi ouro (marrom meio pesado). Já Hugo e Gean conseguiram medalhas de prata, respectivamente, nas categorias branca pena e branca leve. Todos integram a equipe Águia Dourada e são treinados pelo Sensei Marcelo Tavares Lima, professor supervisor-faixa preta terceiro grau Marcelo Cobra D’Água.

Com a vitória, a única mulher a defender o nome da Terra do Beato Padre Victor no evento esportivo já garantiu vaga no Brasileiro agendado para 28, 29 e 30 de abril e 1º de maio em Barueri (SP). De lá, planeja o Mundial e ela vai, garante. O detalhe é que Débora Lambert pratica a modalidade há apenas quatro meses e o início aconteceu sem planejamento.

O treinador, Marcelo Cobra d’Água foi quem despertou a Campeã para a modalidade, ensinando que o esporte é, acima de tudo, mudança de vida

“Me matriculei na Academia RVP com o objetivo de mudar a minha história de vida”, começa a revelar a Campeã. Muito acima do peso à época, Débora objetivava o emagrecimento. Embora determinada, jamais pensou em se tornar uma atleta, menos ainda competidora. Queria apenas cumprir uma rotina de exercícios que lhe proporcionasse dias mais saudáveis. No entanto, o “Cobra d´Água” viu além. Aos olhos do sensei ali estava uma pessoa apta a novas experiências também no mundo das artes marciais.

Controlar os instintos e a ira, aprender a aplicar a razão e a canalizar a energia foram argumentos que conduziram Débora Lambert à modalidade. “Hoje sei sair melhor de situações que antes eu só sairia com agressividade, com conflitos. Sou outra pessoa e os problemas não me jogam para baixo e se jogarem, aprendi no Jiu-jítsu, que é no chão que tenho que lutar e dele me reerguer”, revela. A Campeã Mineira justifica que praticar o esporte tem sido fundamental para que ela se torne melhor física, mental e espiritualmente. Mudanças que, analisa, a conduzem a grandes vitórias, acima de tudo sobre si. Em um mês, a aluna perdeu 20 quilos e se sente leve de alma, com mais fôlego e disposição, além de convicta de que a mudança tem que começar pela mente. A meta agora é atingir um corpo forte que atenda às necessidades da modalidade.

Romeu e Verinha: incentivo desde o primeiro contato

Muitas pessoas desacreditaram na estreia de Lambert nas competições. As opiniões, Débora transformou em reforço de opinião e encarou o desafio. O que poucos sabiam, no entanto, é que a expectativa dela era apenas aprender. A trespontana avançou, mas as oponentes – e muitas acostumadas aos julgamentos dos árbitros, detentoras de faixas acima – recuaram. “Eu apostei em mim, e se ninguém me enfrentou é porque eu sou a melhor”, analisa a Campeã, segurando firme a Medalha de Ouro.

Questionada se, mesmo não lutando, aprendeu algo no Campeonato, Débora percebe que o ser humano a todo tempo adquire conhecimento. Especificamente sobre o Jiu-jítsu, defende que o fundamento maior não é ganhar medalhas, mas auxiliar na mudança de vida.

Validade: indeterminada

A partir de agora, treinos objetivam o Brasileiro

Aos 46 anos, a Campeã Débora Lambert afirma que estar bem é para ela a maior vitória. Então, motiva a ala feminina a nunca se submeter ao preconceito de que a mulher tem tempo de validade. Discorda completamente que estar fora dos parâmetros de peso e idade ditados pela sociedade interfere na capacidade da mulher em amar, conviver e ser feliz. “Ser gordo não é saudável, mas também não significa impotência”. Para a única mulher de Três Pontas no Mineiro de Jiu-jítsu 2016, mudança é possível a qualquer momento, mas tem que ser feita pensando no bem-estar próprio.  E, detalhe, a juventude, ensina, está na alma.

Finalizando, a Campeã agradece o apoio vindo dos proprietários da RVP, Romeu e Verinha, e à família Cobra d’Água na qual, assegura, foi acolhida com carinho, respeito e confiança.