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Cães x Fogos de Artifício – necessidade de medidas de segurança é real, afirma veterinário

Eles possuem a audição quatro vezes mais potente que a dos humanos. Por isso, muitos cães sofrem intensamente com os fogos de artifício, comuns no Natal e nas comemorações do Ano Novo. O barulho deixa os animais amedrontados, nervosos, assustados e provoca as mais diversas e perigosas reações.  Fugas seguidas de atropelamentos e perdas de endereço, mortes por enforcamento, ataques a pessoas, brigas com outros animais, queda de andares e outras alturas, afogamentos em piscinas, mutilações, convulsões e paradas cardiorrespiratórias são exemplos de consequências sofridas por cães que tentam desesperadamente se livrar do estrondo.

Donos cientes e cuidadosos se desdobram para proteger seus animais da fobia perante a queima de fogos, quase sempre inevitável nas festas de final de ano. A maioria tenta acalmar o cão ou o gato fazendo carinho, falando com eles mansamente, abraçando, oferecendo o aconchego do colo. Mas essas atitudes nem sempre são as mais indicadas, segundo Ronan Ferreira Mendonça. Em entrevista exclusiva ao Sintonizeaqui, o Médico Veterinário explica porque e dá dicas para minimizar com segurança os efeitos da ação dos intensos ruídos nos bichinhos.

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Ronan Ferreira Mendonça
Médico Veterinário

Dr. Ronan, por que não é sempre recomendado acariciar o animal que se mostra tenso com o barulho provocado pelos fogos?

Cada animal reage de um jeito. Se for um cão tranquilo, o abraço dará relaxamento a ele. Com certeza o carinho irá transmitir segurança, o que tornará os momentos da queima de fogos mais amenos.

No entanto, existem animais que ficam tão agitados que podem retribuir essa atenção do dono com mordidas, tentativa de fuga do colo e isso pode arranhar a pessoa e até mesmo provocar a queda na qual o cachorro pode, inclusive, sofrer fraturas.

Cada caso, um caso. Têm animais que aceitam muito bem o acariciar, o abraço e outros não. A reação, de fato, é individual. Se ele aceita ótimo. Se não aceita, deixa ele ir para o cantinho dele.

Qual seria, então, a primeira medida para aliviar o sofrimento de cães não habituados ao intenso barulho?

sos-animais-caes-cachorro-fogos-artificio-8O primeiro passo é pensar na total segurança do animal. É preciso retirar todo tipo de objeto que possa provocar ferimentos e pensar, inclusive, em objetos que podem cair sobre ele, caso esbarre, por exemplo, em móveis. 

Importantíssimo: jamais deixar o animal acorrentado, amarrado, na coleira. Existem vários casos de morte por enforcamento em noite de Réveillon.

Outra medida fundamental é trancar portas, portões, janelas. O dono precisa se certificar que não há riscos do animal se cortar, por exemplo, em cercas ou ficar preso e até sofrer mutilações ao tentar, por exemplo, transpor uma grade.

Colocar uma plaquinha de identificação com número de telefone do dono também é importante porque facilita a localização em caso de fuga.

O que mais pode ser feito para proteger o animal?

Tudo que possa facilitar para o cão. Se existir algum lugar na casa ou no quintal onde ele costuma se esconder, deixe que ele vá se esconder e tente dar ênfase a esse local colocando água, ração, um pano para ele se deitar. O animal se sente mais seguro em lugar de rotina.

Algodão nos ouvidos ameniza o barulho dos fogos.

Durante a queima de fogos, dar brinquedos, petiscos. Assim, a atenção do animal é desviada para algo que proporciona prazer, alegria.

sos-animais-caes-cachorro-fogos-artificio-5É comum famílias inteiras saírem de casa na noite de Réveillon. Alguma orientação especial para quem for deixar o animal sozinho na noite deste sábado (31)?

Além de todas as recomendações que já citamos, existem outras medidas que amenizam o sofrimento dos animais. Uma delas é a utilização de som para distrair o cão na hora da queima dos fogos; pode ser um rádio, uma televisão desde que o volume não seja agressivo para não piorar a situação.

Um recurso bastante usado para quem deixa o animal sozinho na noite da virada é colocar uma peça de roupa no lugar onde ele tem o hábito de ficar. O cheiro do dono transmite certa segurança, ele fica mais confiante.

Como dissemos, é importante dar ênfase ao lugar onde o cão ficará: colocar para ele água, ração, panos, brinquedos, casinha, caixa de transporte para que ele entre e se sinta mais seguro. E retirar todos os objetos nos quais ele possa se machucar.

Por que alguns cães latem quando há queima de fogos? Esses são mais corajosos e “encaram o perigo”?

Para algumas raças, de caça por exemplo, o barulho é um estímulo para o instinto. A reação é individual, uns têm fobia, outros não. Muitas vezes, latir para os fogos não significa coragem, mas medo, medo daquele barulho desconhecido. 

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Para os gatos as recomendações são diferentes?

Para os gatos as dicas são semelhantes. No quintal, a tendência dos felinos é fugir e aí eles podem ser atropelados ou nunca mais voltar para casa. O ideal é arrumar uma cama ou uma casinha bem confortável em um quarto, em um cômodo onde o animal tem costume de ficar e fechar portas e janelas. 

Quais são os principais sinais de medo?

Tremor, choro, salivação, convulsão, tentativa de fuga, se esconder.

O risco de um ataque cardíaco é real?

É real, principalmente se o animal for cardiopata porque o medo, toda a situação de ansiedade estimula a adrenalina, a pressão arterial aumenta. Além da parada cardíaca ocorrem casos de desenvolvimento de problemas neurológicos e aí vêm as convulsões, AVC. As mortes súbitas são consequências lastimáveis.

Dr. Ronan, então as medidas preventivas não são “frescuras” de dono?

sos-animais-caes-cachorro-fogos-artificio-6De jeito algum. Os riscos para o animal são muitos. O que deveria acontecer é a conscientização das pessoas para que elas não soltem fogos de artifício porque os cães, gatos e outros animais não sabem, não entendem que esses foguetes são demonstração de alegria dos humanos. Para eles, além de ensurdecedor, é sinal de perigo, de ameaça.

E as pessoas deveriam considerar ainda os animais que vivem nas ruas. O sofrimento deles em muitos casos é maior, já que não têm o abrigo do lar ou o dono por perto.

Considerações finais.

O adestramento ajuda o cão crescer sem esse medo de fogos de artifício. A prevenção deve começar ainda na fase de filhote. No condicionamento, a proposta é compensar positivamente, ou seja, paralelo ao barulho há o agrado. 

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