Beatificação de Padre Victor – Dom Diamantino celebra Missa em Ação de Graças neste domingo, em TP
A Missa das 19 horas deste domingo (7), na Matriz Nossa Senhora D’Ajuda, em Três Pontas será presidida pelo Bispo da Campanha, Dom Diamantino Prata de Carvalho. O religioso terá um dia cheio de compromissos com o Sacramento da Crisma na região, mas virá para – junto ao povo do Padre Victor – agradecer pelo Papa Francisco ter assinado na sexta-feira (5) o Decreto que autoriza a Beatificação do Venerável. Coincidência ou mais uma obra divina, a permissão do Santo Padre aconteceu na mesma data em que Padre Victor foi aceito no Seminário de Mariana (MG) – 5 de junho de 1849.
Quando soube da notícia da promulgação Papal, no final da manhã de ontem (6), Dom Diamantino cumpria compromisso em Varginha, há 25 quilômetros de Três Pontas. De lá, se deslocou para a Cidade onde Padre Victor foi pároco por 53 anos. Foi recebido pelos padres Ednaldo Barbosa e André Villas-Boas, membros da Associação Padre Victor e pela Professora Maria Isabel de Figueiredo que teve o milagre por intercessão do Anjo Tutelar dos trespontanos aprovado em Roma.
Também viajou rapidamente para Três Pontas, depois de badalar os sinos em Campos Gerais (MG), Padre Vânis Vieira da Cunha que durante anos esteve à frente da Paróquia Nossa Senhora Aparecida. Dom Diamantino esteve ainda com familiares da Professora e com a médica, Márcia Andreia Mesquita, cuja declaração de que a medicina não poderia explicar o fato que aconteceu com Maria Isabel, foi fundamental no Processo de Beatificação de Padre Victor.
À imprensa, o Bispo confirmou que esperava a assinatura mais ao final de junho e que, portanto, se surpreendeu. “Temos que dar graças a Deus por esta boa notícia. Realmente Deus continua agindo através dos seus fiéis e dos seus santos e das suas santas”, comentou.
Há dois anos, Dom Diamantino agendou a Beatificação de Nhá Chica, em Baependi (MG). Passa pela mesma experiência de ver a Beatificação concluída agora com Padre Victor e acompanha o Processo que está em andamento no Vaticano de outra religiosa, “Nossa Mãe”, fundadora do Carmelo São José – também de Três Pontas. Ele avalia que a Diocese possui pessoas santas, o que é gratificante para todo o Sul de Minas.
“Deus, para mostrar a santidade, se serve até de filhos de escravos como é o caso da Beata Nhá Chica e do Venerável Padre Victor já com o caminho aberto para a Beatificação. Deus faz maravilhas onde Ele quer e Seu espírito age em quem quer. É por isso que nós temos que aceitar os desígnios de Deus e não pensar que tem que ser outro ou outra, não, Deus sabe bem o que faz e nós só temos que lhe dar graças”, ensinou.
Dom Diamantino disse ainda que a cura da Professora foi imediata, duradoura e completa. Por não haver, comprovadamente, interferências terrenas, o fato extraordinário foi considerado pelos estudiosos, em Roma, um milagre. Maria Isabel, hoje com 37 anos, não poderia engravidar de forma natural, o que aconteceu depois de pedido feito a Padre Victor. Ela tem uma menina e está novamente grávida de cinco meses.
“Ela está se sentindo bem, então, temos que agradecer e louvar a Deus e reconhecer que Padre Victor tem poder junto de Deus, assim, podemos continuar confiando que ele pode interceder por nós”.
A cerimônia de Beatificação está prevista para 21 de novembro de 2015, na semana em que se comemora a Consciência Negra, no Brasil. Os preparativos já começaram. Dom Diamantino preside a Comissão que busca apoio junto aos governos de Três Pontas e de Minas Gerais. Será uma grande festa, com a presença de um representante do Papa Francisco, exigindo detalhada logística e infraestrutura.
Bispo pede que trespontanos colaborem, inclusive, acolhendo participantes da cerimônia de Beatificação
Na opinião de Dom Diamantino, Três Pontas tem um jeito especial de acolher os romeiros e devotos de Padre Victor. E é este envolvimento diferenciado que ele espera da comunidade nesse período de organização e durante a cerimônia de Beatificação do Venerável. O Bispo antecipa que a mobilização da sociedade também faz parte dos trabalhos da Comissão e, desde já, pede que as pessoas abram seus corações para este momento histórico e que comecem a pensar na possibilidade de acolher em suas casas pessoas, entre elas bispos e padres, que venham para a solenidade. “Abramos todos os nossos corações como Padre Victor abriu seu coração para fazer o bem, para fazer a caridade”, finalizou Dom Diamantino.
Padre Victor
Padre Victor nasceu em Campanha (MG), no dia 12 de abril de 1827 e foi batizado em 20 de abril do mesmo ano pelo Padre Antônio Manoel Teixeira. Era filho da escrava Lourença Maria de Jesus. Sua madrinha de Batismo foi a senhora Marianna Bárbara Ferreira.
Dom Antônio Ferreira Viçoso, Bispo de Mariana (MG), visitou Campanha no ano de 1848. Victor, então alfaiate, procurou Dom Viçoso na ocasião, manifestando-lhe o desejo de ser padre. O Bispo o recebeu com grande alegria. O jovem dirigiu-se da cidade de Campanha ao Seminário de Mariana, onde foi aceito em 5 de junho de 1849.
O Bispo Dom Viçoso o apoiava e muito o estimava, chegando a proclamar as virtudes desse jovem. Ordenado em 14 de junho de 1851, Padre Victor permaneceu em Campanha como coadjutor de 17 de agosto de 1851 até 13 de junho de 1852. Veio para Três Pontas (MG) em 14 de junho do mesmo ano, como Vigário Encomendado.
Logo que assumiu seus trabalhos na Paróquia, visitava doentes, amparava os inválidos, zelava pela infância desvalida, atendia a população em suas necessidades. A sua dedicação, as suas virtudes o fizeram admirado por todos, pois assumiu a direção da Paróquia com zelo e carinho, colocando-se, assim, acima de todas as críticas. Procurou catequizar e instruir o seu povo, chegando a criar a escola Sagrada Família, com uma organização perfeita. Por ele passaram brasileiros de grande projeção social: Dom João de Almeida Ferrão, primeiro Bispo de Campanha; Cônego José Maria Rabello, que foi seu coadjutor em Três Pontas. Padre Victor instruiu muitos filhos de famílias humildes, fazendo deles grandes homens de cultura, que passaram a viver da inteligência, nas mais variadas profissões.
Padre Victor pregou, pelo exemplo, a fé, a esperança, a fortaleza, a prudência, a justiça, a obediência, a castidade, a temperança, a humildade, o temor a Deus e, sobretudo, a caridade. Amava a Deus na pessoa do seu semelhante, de modo especial nos mais pobres. Os paroquianos, em suas necessidades, recorriam a ele. Era bom, porém enérgico. “Padre Victor vivia de esmolas e dava esmolas”.
Paroquiou Três Pontas por 53 anos.
Padre Victor faleceu no dia 23 de setembro de 1905. A notícia abalou a Cidade e toda a região que já o venerava. A população chorou a morte de seu líder, de seu protetor, do mensageiro entre Deus e os homens. Ficou insepulto três dias e, de seu corpo, exalava perfume – conforme testemunhos da época.
Tendo em vista o grande número de pessoas que compareceram ao sepultamento, foi necessário realizar uma procissão pelas ruas da Cidade, voltando novamente à Matriz – por ele construída – onde foi enterrado.
Padre Francisco de Paula Victor é considerado pelos trespontanos como o seu Anjo Tutelar.
(Associação Padre Victor de Três Pontas)