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Barragens: Trespontano que reside em Mariana aconselha: “destinem doações às populações que vivem à margem do Rio Doce”

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Margem do Rio Doce (Fonte: Capixaba da Gema)

Por Mariana Tiso (Estagiária)
Edição Arlene Brito

O acidente ocorreu na tarde do último dia 5 e destruiu o Distrito de Bento Rodrigues, entre Mariana e Ouro Preto, na região Central do Estado. O rompimento das barragens Fundão e Santarém, da Mineradora Samarco, despejou – segundo o Ibama – cerca de 50 milhões de metros cúbicos de rejeito de mineração sobre o Rio Doce. A lama atingiu todas as comunidades ribeirinhas, de Minas ao Espírito Santo. Instalou-se, então, a maior tragédia sócio-ambiental da história do Estado.

Tércio Veloso é natural de Três Pontas, estudante de Doutorado em História na Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), e há 10 anos mora em Mariana. Em conversa com o Canal Ultranativo, compartilhada com o Sintonizeaqui, ele conta a situação da cidade, do distrito de Bento Rodrigues e de municípios vizinhos desde o desastre.

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Bento Rodrigues antes da tragédia (Foto: Tércio Veloso)

Localização favorece a cidade histórica

De acordo com o morador, Mariana – que relativamente está longe de Bento Rodrigues, aproximadamente 20 km – não sofreu nenhum tipo de dano, já que se encontra em um lugar mais alto. Na cidade histórica não há desabastecimento de água.

No entanto, conta Tércio Veloso, os municípios ribeirinhos enfrentam este problema. Os moradores de Bento Rodrigues, que tiveram suas casas destruídas pela lama, receberam auxílio imediato, passando apenas uma noite no ginásio de esportes da cidade.

Em seguida, eles foram alocados em hotéis e agora já estão recebendo casas alugadas e já mobiliadas.

“Em Mariana está tranquilo porque, como foco do ocorrido, a Samarco agiu muito rápido (…). Agiram para dar uma maquiada no estrago que fizeram”, conta o trespontano.

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Bento Rodrigues antes e depois (Wikipédia)

Suspensão de auxílio

A Prefeitura de Mariana, durante esta semana, encerrou o recebimento de doações de água, mantimentos e vestuário. O volume alto de arrecadações e o fato das pessoas afetadas já estarem recebendo auxílio da Samarco não significa, na opinião do Estudante, que a arrecadação de água não tenha valor.

Então, Tércio aconselha que as doações se concentrem nas cidades ribeirinhas afetadas pela contaminação da água do Rio Doce até o Espírito Santo e dá exemplos de cidades que pouco estão sendo exploradas pela mídia, Governador Valadares e Barra Longa.

Risco de novos rompimentos

A terceira barragem pode ou não romper, ninguém sabe ao certo. Técnicos acreditam que a barragem de Germano, por ser a mais antiga na extração de minério de ferro e já desativada, mesmo que estoure – todo o volume não irá descer.

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Usina de Aimorés, em Minas Gerais, na divisa com o Espírito Santo, no início da tarde de segunda-feira (16) – (Foto: Estadão.com)

Tércio explica que esse tipo de informação é passado pela Samarco e não existe um órgão independente fazendo a checagem. Quando não passada pela Mineradora, explica, as notícias vêm de boataria da própria cidade.

Consideração final

Danos materiais e perdas de vidas estão sendo tratados como fatalidade. Dizem que não há mais o que ser feito. A assistência é dada na medida do possível, porém as populações ao longo do Rio Doce sofrem um colapso em suas cidades e estão meio esquecidas.

Como morador da região, reforço a dica de destinar as doações a essas populações que vivem à margem, que vivem em torno do Rio.

Pelo link abaixo, você acompanha o depoimento de Tércio Veloso.  

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