Associação Comercial entrega documento aos Vereadores com solicitações para a regulamentação de feiras itinerantes
“A Associação Comercial entende que a concorrência é saudável, mas é contra a concorrência desleal”. Foi por este motivo que o Presidente da Acai Três Pontas, Michel Renan Simão Castro, esteve na noite desta segunda-feira (2) na Câmara de Vereadores. Acompanhado do Vice-Presidente, Bruno Dixini Carvalho, e de outros empresários e comerciantes associados, ele entregou à Casa um documento explicando a necessidade e com propostas de regulamentação das feiras itinerantes que aportam na Cidade.
As justificativas são muitas. Michel Renan explica que as feiras realizadas em curto espaço de tempo trazem mais riscos que benefícios. Para começar, cita que os comerciantes temporários gastam pouco na Cidade, por exemplo, com hospedagem e alimentação, ou nada aplicam, como é o caso de tributos. No entanto, levam daqui uma fatia significativa de dinheiro.
“No nosso entendimento, isto é totalmente desleal porque essas empresas não empregam, não arrecadam impostos, não pagam aluguel e uma série de contribuições que fazem com que a nossa economia se movimente”.
A ausência do feirante em caso de necessidade de troca ou manutenção do produto é mais um ponto a ser observado, na opinião do Presidente. Assim como as condições de pagamento. Na feira, à vista; no comércio local, com a possibilidade de parcelamento.
Michel Renan vai além, destacando que é preciso pensar no bem de toda a comunidade que, para ter bons serviços, depende da arrecadação municipal. Ao contrário do comércio local, compara, as feiras não geram contribuições para os caixas do Poder Público.
“Não tem sentido apoiar a realização dessas feiras. Temos, sim, que fazer com que elas tenham as mesmas condições dos empresários aqui estabelecidos”, defende o líder da classe comercial, empresarial e agroindustrial trespontana.
Diferença de preços
Questionado sobre a reclamação de consumidores em relação às poucas promoções de fato atrativas e ainda quanto aos preços praticados no Município, muito acima das feiras, Michel Renan esclarece que o comércio local acentua os descontos e facilita o pagamento em datas especiais.
Além disso, menciona, um grupo do segmento vestuário se organizou e realiza a Campanha Três Pontas + Você, oferecendo descontos de até 50%.
Traçar a campanha de Natal mais cedo este ano é outra tentativa de dinamizar as vendas em Três Pontas. “Os empresários têm que dar mais valor às iniciativas, precisam se unir para dar mais dimensão à Associação Comercial, entender que a Associação faz a parte dela e aderir”, incentiva.
Quanto aos preços, o Presidente esclarece que, ao contrário dos feirantes, os comerciantes formais estão submetidos à alta carga tributária, entre outras inúmeras despesas, que precisam ser, em alguns percentuais, repassadas já que vivem dessa venda.
A relação consumo-preço é ainda enfatizada na escala quanto mais vende, mais chance tem o comércio de baratear a mercadoria.
Parâmetros
No documento entregue aos vereadores, a Associação Comercial pleiteia, entre outros:
- que o Alvará para os feirantes seja individualizado possibilitando fiscalização pela Receita;
- que as feiras ocorram fora dos períodos de aquecimento de vendas, por exemplo, Dia das Mães, Dia dos Pais, Natal;
- que as feiras sejam realizadas fora da região central da Cidade que já apresenta trânsito saturado;
- que as feiras ocorram por no mínimo 15 a 20 dias para que os feirantes possam gerar recursos para a Cidade (hospedagem, alimentação, medicamentos e outros) e não apenas levar o dinheiro embora.
Ainda de acordo com o Presidente da Acai, as solicitações não englobam a feira realizada em setembro, parte das comemorações do Aniversário de Morte de Padre Victor.
Isto porque, acredita, o evento gradativamente perde força. Pela análise de Michel Renan os consumidores trespontanos percebem que, se houver algum problema com o produto, o prejuízo será somente de quem comprou porque não há onde e, principalmente, com quem reclamar.
Além disso, destaca, no Dia do Padre Victor o comércio local passou a ser regido por ponto facultativo, o que possibilita mostrar os produtos para os turistas – em média, 50 mil todo os anos.
“A Associação Comercial apoia qualquer tipo de movimentação que traga riqueza, alguma divisa para o Município. O que nós esperamos – porque entendemos ser a forma mais correta – é que os Vereadores criem uma lei em nome da concorrência leal”, finaliza.
Ficou definido pelo Presidente da Câmara, Luis Carlos da Silva (PPS) que uma reunião será agendada pelo Presidente da Acai para a discussão das propostas.
Comparação entre feiras itinerantes e comércio local feita pela Associação Comercial de Três Pontas.
Feiras Itinerantes | Comércio Local |
Gastam pouco na Cidade, por exemplo, com hospedagem e alimentação | Gasta na Cidade, por exemplo, com aluguel, água, luz, telefone, combustível, alimentação |
Vendem à vista | Oferece condições de parcelamento |
Não oferecem garantia (poder de troca ou manutenção do produto) | Empresário ou comerciante podem ser encontrados em caso de necessidade de troca ou manutenção do produto |
Não empregam | Geram centenas de empregos |
Não pagam tributos (impostos, taxas e contribuições) | Recolhem tributos, o que é revertido para a comunidade em serviços de saúde, educação, transporte e outros |
Vendem mais barato porque estão livres de inúmeras responsabilidades | Vendem mais caro porque honram seus deveres pagando, por exemplo, cargas tributárias, aluguel, água, luz, contador, salários de funcionários |
Levam parcela significativa de dinheiro dos trespontanos | Movimentam a economia local |