Árvore com inclinação comprometedora é cortada na Praça “do Pirulito”, em Três Pontas
Quem passar pela Praça Teodósio Bandeira, a popular Praça do Pirulito, no Centro de Três Pontas e for mais observador notará que ela está um pouco mais vazia, sem um dos quatro exemplares de “Pau-Ferro” que há décadas ornamentam o espaço. A árvore – última à direita (sentido centro/bairro) – foi cortada nesta terça-feira (27). Homens da Guarda Civil Municipal (GCM) e as Biólogas da Secretaria de Meio Ambiente, Maria Helena Ribeiro e Anira Maximiano acompanharam o trabalho que exigiu cuidados e tempo.
Acalme-se, leitor, se neste momento estiver repugnando o ato. Ele foi necessário, segundo Anira que é também Conselheira e Secretária do Codema (Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente de Três Pontas). A Bióloga explica que há vários anos a árvore era monitorada. A inclinação preocupava e como o grau aumentou, fazendo crescer também os riscos de acidente, tomou-se a decisão da retirada. “Esta árvore é de grande porte, está numa altura bem elevada e com esta inclinação oferece risco de queda”, disse minutos antes do início do corte.
Recentemente no Município, rajadas de vento que acompanharam chuvas fortes, arrancaram exemplares saudáveis que não apresentavam inclinações ou tendência de queda. Uma árvore, inclusive, atingiu a rede elétrica e duas casas na Avenida Barão da Boa Esperança. Por pouco moradores não foram vitimados. O fato preocupou ainda mais a Prefeitura e a possibilidade da árvore da Praça do Pirulito vir ao chão foi mais uma vez levada ao conhecimento do Codema. Em reunião, os conselheiros avaliaram por bem evitar uma possível tragédia.
“Estamos retirando por conta do risco que ela expõe a população. A inclinação só vem aumentado. Ali no tronco a gente observa que houve ruptura da proteção de concreto e isso é mais uma mostra de perigo. A prioridade, neste caso, é a segurança”, completa a Bióloga.
Com a implementação da Lei Complementar 140, a intervenção em área de preservação permanente, o corte de árvores dos municípios e outras decisões relacionadas ao Meio Ambiente foram transferidas para as cidades onde existe o Codema instituído. A autorização é dada ou negada pelo Conselho após avaliações, vistorias e confirmações das respectivas necessidades feitas por uma equipe técnica com a presença, dentre outros, de engenheiro agrônomo e com o acompanhamento dos conselheiros. Antes, era preciso solicitar a interferência ao Instituto Estadual de Florestas (IEF).
Novo plantio
Num primeiro momento está descartado no local o plantio de outra espécie em substituição à árvore retirada. Isto porque é plano da Administração reformar o espaço que apresenta, por exemplo, piso bastante danificado. É possível que, atrás da reformulação, venha um novo projeto paisagístico.
Enquanto isso, o Município repõe de outra forma a perda da geradora de sombra e beleza, da produtora de oxigênio, do filtro de poluição – inclusive sonora – e de tantos outros benefícios. Segundo Anira, quando o plantio não é possível no mesmo lugar do corte, ele é feito às margens de córregos, nascentes e nascentes de abastecimento como acontece na região do Custodinho.
“Vamos avaliar uma espécie de menor porte para que o plantio aqui aconteça assim que a Praça estiver pronta”, completa.
De acordo com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente está em andamento um projeto de avaliação de várias árvores da Cidade. Em algumas já foi detectado o processo de apodrecimento do tronco, dispondo o exemplar em risco de queda. Em outras, por exemplo, na Praça do Centenário a necessidade de poda de copa em uma das árvores já está comprovada. Nos próximos dias, a análise deverá ser realizada na Avenida Barão da Boa Esperança.
A Bióloga convida à reflexão ao citar que, com a atual arborização, a população já enfrenta a falta de água, a elevação da temperatura e ainda ao prever que essas condições tendem piorar se houver a retirada de árvores.
“Muitas vezes recebemos solicitação de corte com a justificativa que o exemplar faz sujeira na casa ou coisas assim. Nós precisamos melhorar muito a arborização – e isso tem sido feito aqui em Três Pontas na medida do possível, portanto, corte só em casos de comprometimentos, mesmo”, finaliza.