Artistas de Três Pontas brilham no Festival Nacional da Cultura
Santo de casa não faz milagre. Contradizendo, músicos e cantores de Três Pontas que se apresentaram no 6º Festival Nacional da Cultura – realizado na Cidade nos dias 28 e 29 de agosto – obtiveram o maior sucesso e deixaram os conterrâneos orgulhosos, arrancando do público muitos aplausos, assovios e palavras de aprovação.
O evento foi realizado juntamente com a sexta e última etapa classificatória do 45º Festival Nacional da Canção (Fenac). E, logo de cara, o público percebeu quanto talento há nessa terra de Padre Victor, de “Nossa Mãe”, de Milton e Wagner. Terra também de um quarteto de acordeon, formado por jovens senhoras. Elas tentaram resistir, mas acabaram convencidas para a felicidade geral da plateia. Assim, a tarde de sexta-feira foi recepcionada ao som de Lucimar Tiso, Leia Clara Tiso Veiga, Nancy Tiso e Sandra Maria Schiavon Cougo que simplesmente encantaram. Foi a primeira participação das musicistas no Festival.
“É uma alegria poder fazer parte deste conjunto. Os Tiso são sempre muito lembrados pelo dom musical que possuem e eu poder participar e confirmar isto para mim é algo muito importante”, conta Leia. A trespontana, professora de acordeon em Belo Horizonte, chegou à Cidade na véspera da apresentação. Fez um rápido ensaio e sentiu, pela reação do público, que “tudo transcorreu bem”.
Importantíssimo. Assim, Leia avalia a realização de eventos, tais como os festivais nacionais da Canção e da Cultura. “Eles são fundamentais para valorizar a boa música brasileira ainda mais em uma época em que ela anda meio sumida no meio de tanto lixo – com todo respeito. Acho que uma oportunidade como esta de se apresentar uma música que foi estudada, preparada e as pessoas poderem ouvir e participar é fundamental para a música, mesmo se houver o estrangeiro no repertório porque a música é universal”, ensina.
Saiu o quarteto, entrou um trio que foi escalado para todas as etapas do Fenac 2015. A Família Tiso, formada por Alex (sax), Marly (piano) e Matheus (violino), chegou com o Cardápio Musical. A mais nova, Elis, encarou graciosa e eficientemente o papel de garçonete. Coube a ela apresentar o cardápio com 51 opções, anotar e entregar os pedidos para os pais e o irmão atenderem no palco, sob a tenda, montado na Praça Cônego Victor, atrás da Matriz D’Ajuda. Foram tantos que uma hora e meia reservada à Família foi um tempo curto demais.
As pessoas curtiram. Quem passou pelo local e deu uma paradinha ficou mais que o previsto e comum se tornou ouvir lamentações do tipo “preciso voltar ao trabalho, mas queria tanto ficar…”. Quem pode ouviu muita coisa boa. A “cantina” dos Tiso foi aberta com Travessia, de Milton Nascimento, mas teve também “May Way” (Frank Sinatra) lembrando o arranjo de um saudoso trespontano ilustre, Gileno Tiso, feito à época do Café com Jazz. Teve até Tico Tico no Fubá (Zequinha de Abreu), entre tantos outros do clássico ao popular.
E a tarde seguiu com shows inesquecíveis de Samuel Martins (violino), Martin Fernandez (ópera) e Sofisticanto (ópera-comédia romântica).
No sábado, mais presentes musicais. Os primeiros grupos a se apresentar foram da Cidade. Lindas – Laise Reis, Helen Mariah, Lidyanne Brito e Elisângela Theophilo – chamaram a atenção também pelo talento. Tanto que o quarteto vocal Morena foi convidado para abrilhantar o Festival nesta sexta e sábado em Boa Esperança – onde o Fenac termina no domingo (6). O repertório, os arranjos, as interpretações mostraram uma qualidade indiscutível que arrebanhou fãs para o quarteto há pouco formado.
Do Conservatório Municipal de Música Heitor Villa-Lobos, o Coral Laroc Lacov se integrou ao Coral Renascer – formado por reeducandos do Presídio de Três Pontas. Foi mais um bonito momento do 6º Festival Nacional da Cultura. O grupo contou com o acompanhamento de Oswaldo Duarte (teclado). Cantou Berimbau (Vinícius de Moraes) e outras obras da MPB. Sempre muito aplaudidos, os integrantes animaram, por exemplo, com Oh Happy Day (Edward Francis Rimbault).
Martin Fernandez (ópera), Ballet Marlene Paiva, Grupo de Dança Marcílio Bastos (dança contemporânea), Trio Ayran Nicodemo (violino, violão, percussão) e Trio Luminar (voz, violino, piano – música clássica) deram sequência à programação.
Ah! E a pequena Elis, a “garçonete” da Família Tiso, mostrou que tem o sangue artístico nas veias. Ela demonstrou os dotes de bailarina. Em outra oportunidade, cantou ao lado do tenor argentino Martin Fernandez. Marly e Matheus Tiso participaram do número especial. A canção escolhida pelo visitante foi Tudo Que Se Quer (Emílio Santiago).
Para todas as idades
O 6º Festival Nacional da Canção, etapa Três Pontas, trouxe opções para todas as idades. A garotada se reuniu especialmente na Praça do Centenário e participou do Projeto de Leitura “Adriana Galo Conta Histórias”. A artista e sua equipe embalou a imaginação das inúmeras turmas que passaram por lá por meio do espetáculo teatral A Energizante Pensão da Bruxolinda. Outra atração foi Marlon França, com ilusionismo e mágica.
Fez parte do Festival, em todas as cidades que sediaram as etapas classificatórias do Fenac, premiar o aluno vencedor do Concurso Jovens Compositores. Rafael Santos Martins, da Escola Municipal João de Abreu Salgado, recebeu o troféu das mãos da Coordenadora do Fenac, Cristina Marques.
A responsabilidade ambiental ganhou espaço em meio às atrações do evento. O projeto “Água e Energia Elétrica: EnCurta essa Onda”, patrocinado pela Cemig, visou conscientizar sobre a importância da economia de água e luz. Houve distribuição de mudas, plantio de árvores e apresentação de teatro sobre o tema.
Nesta sexta (4) e no sábado (5) será a vez da cidade de Boa Esperança – à beira do Lago de Furnas – receber o 6º Festival Nacional da Cultura. Entre outros talentos, estarão os trespontanos Família Tiso e Morena.