Ao Marcelino, o Ferreiro
No bate-bate da vida,
Ele bate com afã…
O repicar da bigorna,
Me acorda toda manhã!
E assim ele começa
Lá no calor da fornalha
Com marretas e martelos
Na forja, a sua batalha…
No repicar das marretas,
Ferro bruto toma forma!
E ele com seu suor,
O bruto em útil se transforma.
Suor, esforço, luta.
Faísca do ferro sai.
Ele na sua labuta
Dá forma à arte que extrai…
Ele bate sempre
No martelar pioneiro
E seca a chuva… lá vem sol
É de janeiro a janeiro.
E neste martelar da vida
O trabalho é recompensa
Pois o barulho que faz
Para ninguém faz ofensa…
Aqui, nesta simples poesia
Caderno, lápis e coragem
A minha forma comum
Dedico a minha homenagem!
A você, ferreiro amigo
que a ferraria eu frequento
Minhas trovas humildes e amigas
A minha salva de alento.
E assim é teu trabalho
Sagrados são os dias seus
Eu, um simples mortal bruto
Quem me dá forma é Deus…
E este viver que é luta
Que vai, nem fica, retorna
E moldar do dia a dia
A vida eterna, bigorna.