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Acabou: Três Pontas perde aeródromo e corre o risco de ficar também sem a área doada ao município há mais de 70 anos para pouso e decolagem

SAMU e Bombeiros Transferem Paciente TP com Queimaduras 10

Em março de 2015, Aeródromo recebeu helicóptero do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais para transferir paciente em estado grave de Três Pontas para Belo Horizonte

A partir desta quinta-feira (28), estão proibidos pousos e decolagens no Aeródromo Leda Mello de Rezende, em Três Pontas. O encerramento das atividades de tráfego aéreo foi determinado pela Agência Nacional de Avião Civil (Anac).

Diante da assinatura da Portaria excluindo o Aeródromo do cadastro nacional, em 4 de fevereiro, pelo Superintendente de Infraestrutura Aeroportuária, Fábio Rabbani, não houve tentativa de reversão por parte do Prefeito Paulo Luis Rabello (PPS). Segundo o próprio Chefe do Executivo, seria iniciado o estudo de outra área no Município que possa futuramente abrigar a pista. Paulo Luis sugeriu que o local, que por mais de 70 anos serviu para o tráfego aéreo, seja aproveitado para a criação de uma estrutura para eventos culturais e religiosos. Ele solicitou ao Conselho Municipal de Turismo, a elaboração de um projeto que faça do espaço um empreendimento capaz de receber turistas.

Vereador Paulo Vitor da Silva 1

Vereador Paulo Vitor da Silva (PSL) buscou junto à Anac entender o processo que levou ao fechamento do Aeródromo e percebeu que situação poderia ter sido revertida

Há quem conteste a postura do Prefeito. Contrário à desativação, o Vereador Paulo Vitor da Silva (PSL), esteve na Anac onde, relata, verificou que a Agência por cerca de dois anos enviou ofícios à Prefeitura, solicitando alguns estudos e ainda orientando sobre adequações que justificariam a permanência das atividades. “Paulinho Leiteiro” conta que soube ainda que esses documentos foram respondidos pelo Prefeito até o momento em que Paulo Luis teria afirmado que não havia a intenção (talvez a viabilidade) por parte do Município em tomar todas as providências sinalizadas pela Aviação Civil.

A justificativa mais forte para o fechamento do Aeródromo, argumento usado por algumas lideranças e também pelo Ministério Público Federal (MPF), é a preservação de uma obra, erguida no mandato anterior que tinha à frente a Prefeita Luciana Ferreira Mendonça. Trata-se da Escola Municipal de Educação Infantil Dona Anita, construída a 50 metros da cabeceira da pista. A proximidade, alegou o MPF, coloca crianças e profissionais em situação de risco.

No entanto, segundo o Vereador, durante a visita, a afirmativa ganhou outra versão. Além do Ministro Mauro Lopes, técnicos da Anac teriam explicado que foi pedido ao Município um estudo de ruído, esse, sim, a maior possibilidade de prejuízos para os frequentadores da creche. Mas, apesar da  solicitação, a própria Agência teria premeditado que o barulho das aeronaves não seria motivo para impedir o tráfego aéreo em Três Pontas. Isso porque o número de pouso e decolagem é pequeno e eventual.

Ação Popular Intedição Desativação Aeroporto Aeródromo de Três Pontas 3

Escola construída ao lado da cabeceira da pista se tornou o principal argumento para quem defendeu a exclusão do Aeródromo de Três Pontas do cadastro nacional

“Dificilmente nossa Cidade voltará a ter um aeródromo. A Anac está cada vez mais rigorosa quanto aos novos pedidos de homologação. Isso também ficou explícito para o Prefeito, ainda assim perdemos a outorga”, queixa-se Paulo Vitor. O Vereador acrescenta que a construção de uma pista semelhante à desativada hoje, custa no mínimo R$ 20 milhões.

Para o Vereador, o Aeródromo Leda Mello de Rezende estava a serviço de Três Pontas. “Paulinho” acredita que essa perda trará reflexos negativos – talvez não de imediato, mas a médio e longo prazos. Além da questão histórica, analisa o Parlamentar, a Cidade poderá deixar de atrair investidores porque, defende, pistas de pouso e decolagem são fundamentais para as grandes indústrias e para os grandes empresários. Ele cita Três Corações. “O Aeródromo Melo Viana foi recentemente revitalizado sob a justificativa de que ele é fundamental para o desenvolvimento e para a geração de emprego, renda e qualidade de vida dos tricordianos. Já atraiu empresa de grande porte”.

Paulo Vitor continua, opinando. “Esta é a Administração do fechamento. Fechou o Aeródromo, fechou o matadouro, fechou três escolas rurais, fechou o Paja, o Cesu, a Casa Pietá… lamentável”.

Na visita à Anac, o Vereador esteve acompanhado do também Parlamentar trespontano, Antônio “do Lázaro” e ainda do Deputado Federal Diego Andrade.

Terrenos foram doados com finalidade específica

Ação Popular Intedição Desativação Aeroporto Aeródromo de Três Pontas 15

Pedestres e aeronave disputam espaço na pista. Impedir trânsito de pessoas era uma das providências a serem tomadas pela Prefeitura. Anac teria feito essa e várias outras orientações, visando a sequência das atividades de tráfego aéreo na “Capital Mundial do Café”

Para que Três Pontas pudesse ter o seu aeródromo o Estado de Minas Gerais e também a família de Reinaldo Monteiro de Rezende fizeram doações de terras ao Município. Como a doação teve a finalidade específica, ou seja, construir o “campo de aviação”, ambos – Governo Estadual e o coronel reformado da Aeronáutica – podem pedir a reintegração de posse. Se isso acontecer, além de perder a pista, ficará mais complicado para a Cidade viabilizar possíveis obras, tais como, o centro de eventos sugerido pelo Prefeito.

A explicação vem do Vereador Paulo Vitor da Silva. “O pedido é legal. O próprio Município tem feito isso. Quando os beneficiados não cumprem as determinações das leis, não cumprem as finalidades do acordo, por exemplo, empresas que ganham terrenos, mas não promovem melhorias ou deixam de gerar o número de empregos prometido, a Administração tem conseguido a reintegração dos imóveis doados ou cedidos como incentivo ao fomento da economia local”.

Futuro…

Além dos buracos na tela de proteção, portões ficam constantemente abertos

Aeródromo de Três Pontas: fechado para aeronaves, aberto para pedestres

E agora? Que destino terá a área? Vai se transformar em centro de eventos? Vai abrigar o Santuário do Beato Padre Victor? Será urbanizada com a abertura de ruas, conforme desejo manifestado por moradores do Bairro Santana?

Depende… Depende da boa vontade de quem doou as terras e depende de vontade política. Depende de tempo, de empenho desta e das futuras administrações e, com certeza, dependerá de muitos recursos financeiros. 

De imediato, é possível afirmar que todo aquele espaço continuará servindo… servindo de atalho para pedestres, de local para uso de drogas e realização de festas do tipo luau, indesejáveis também segundo moradores da localidade. E em ano de eleições municipais, com certeza, servirá para candidatos iludirem eleitores…

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